No derradeiro de maio, com a coroação de Maria, já tem outra serventia a devoção dos ceboleiros: voltar-se ao padroeiro, O Santo de Pádua e de Lisboa, que não larga ninguém à toa, sem uma graça alcançada.
Já no fim da madrugada, do derradeiro de maio, ainda
sob o novalho, o céu clareia de fogos, que anunciam aos povos o início das
trezenas. O povo todo encomenda vestes novas, vistosas, ou compra nas muitas
lojas as roupas para a festança. Da procissão às danças não repete uma só. O
comércio fica melhor e a economia gira... Chega a se fazer fila onde o preço é
menor!
As casas se preparam com pintura na fachada, as ruas
são enfeitadas de bandeiras e de dizeres; na feira há fregueses que encomendam
canjica, pamonha e manauês, só para, no dia treze, se vê a mesa repleta, bem
farta, na medida exata, para a todos acolher.
Santo Antônio é Tradição! É fé e devoção misturadas à
emoção de conviver, de conversar, de acolher, de reencontrar, de matar a
saudade... É uma oportunidade de fervilhar a cidade, reavivar a fé, aquecer a
economia, pois chega até mudar a fisionomia da gente bela serrana que, durante
duas semanas, mostra sua alegria.
Este ano, o inverno retardou, e a fartura vai ser
menor, mas a fé nos acompanhou, e a Graça será maior. O Santo franciscano vem nos
abençoando, desde o comecinho. Já é longo o caminho: trezentos e cinquenta
anos! Se eu não me engano, muito mais está por vir! Desde que principiou a
fugir da Igreja Velha para cá, que demonstrou gostar deste pedaço de chão, a
ponto de ser o guardião de toda a gente serrana... É o Patrono de Itabaiana a
quem amamos de coração.
A igreja fica repleta de uma porção dileta do Santo
casamenteiro: encalhadas fazem promessas; viúva nova se interessa; divorciados
também insistem. Os devotos não desistem de arrumar seu par perfeito, um amor
do seu jeito, do modo que lhe convém. Desse, só o Santo tem certinho para cada
um. Se ficar solteiro algum, talvez, no ano que vem, apareça seu alguém, muito
melhor do que nenhum.
Viva Santo Antônio!
Jerônimo Peixoto