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quarta-feira, 11 de março de 2020

Cabeçadas no futebol podem ser perigosas para menores de 12 anos?


A Confederação Brasileira de Futebol (CBF) recomendará o fim dos cabeceios nas escolinhas e categorias de base por um suposto risco de problemas sérios

Recentemente, a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) anunciou que pretende proibir cabeçadas em treinos e partidas disputadas entre menores de 12 anos. A iniciativa segue países como Estados Unidos e Inglaterra, que baniram esse tipo de movimento nos campeonatos infanto-juvenis.

A preocupação da entidade é com o risco de danos neurológicos quando o cérebro está em plena formação. Nos últimos anos, alguns cientistas e autoridades apontaram que o cabeceio constante e repetitivo poderia provocar lesões praticamente imperceptíveis nos neurônios dos pequenos.

Em 2018, um trabalho apresentado no Congresso do American College of Sports Medicine avaliou na prática esse impacto. Pesquisadores porto-riquenhos analisaram 30 jogadores com idade média entre 9 e 11 anos de idade (15 meninas e 15 meninos). Todos usaram um acelerômetro preso em uma faixa na cabeça durante três partidas. O dispositivo consegue captar o movimento do contato da testa com a bola. Os participantes foram instruídos a jogar normalmente.

Com base nisso, os pesquisadores notaram que, em uma cabeçada, o cérebro era submetido a forças de aceleração entre 16 e 60G. Para ter ideia, no adulto, um impacto de 60G é suficiente para causar uma concussão (lesão que altera a função mental de maneira temporária ou permanente).

Os voluntários-mirins também passaram por testes de capacidade cognitiva antes e depois dos jogos. Entre as meninas que cabecearam pelo menos uma vez, houve um abalo em curto prazo na memória sequencial, responsável por reconhecimento de palavras e capacidade de leitura. Nos garotos, o problema foi na velocidade de processamento auditivo e em habilidades relativas à linguagem.

Para os especialistas, isso sugere que a turma sofreu subconcussões. Isto é, lesões que não aparecem nos exames de imagem, mas que eventualmente trazem prejuízos, ainda mais se repetidas por anos e anos.

As descobertas ainda são inconclusivas
No futebol profissional adulto, as lesões de cabeça já são mais compreendidas e se tornaram fonte de preocupação dos clubes, que monitoram constantemente os atletas para detectar qualquer dano à massa cinzenta.

Por outro lado, a suspeita de que, nos mais jovens, as cabeçadas na bola trariam repercussões permanentes não está consolidada. Apesar de experimentos como o que citamos anteriormente, a ciência ainda não bateu o martelo principalmente sobre possíveis efeitos de longo prazo.

Uma revisão de literatura, publicada em 2016 no The Physician and Sportsmedicine Journal, chafurdou mais de 300 estudos e concluiu que não há evidências de que jogar futebol na adolescência cause danos cerebrais para o resto da vida. O artigo, assinado por um expert da Universidade de Washington, nos Estados Unidos, revela ainda que as evidências sobre a relação com concussões nos pré-adolescentes e adolescentes são escassas e limitadas.

Nas entrevistas que concederam sobre o tema, dirigentes da CBF destacaram que a medida será preventiva. E que o futebol até o início da adolescência deve ser praticado de maneira lúdica — não de maneira profissional. Até porque mexer o corpo nos primeiros anos de vida faz muito bem à saúde.

Fonte: https://saude.abril.com.br/familia/cabecadas-no-futebol-podem-ser-perigosas-para-menores-de-12-anos/ - Por Chloé Pinheiro - Ilustração: Rômolo/SAÚDE é Vital

segunda-feira, 14 de maio de 2018

Até cabecear a bola pode afetar o cérebro de quem joga futebol

Pioras em testes de atenção, por exemplo, foram observadas mesmo nos amadores que praticam esse esporte. Veja os detalhes da investigação.

Dar cabeçadas constantes na bola de futebol pode levar a uma diminuição na performance psicomotora e ainda prejudicar a capacidade de atenção. Foi o que pesquisadores norte-americanos descobriram ao observar 308 jogadores amadores de ambos os sexos, com idades entre 18 e 55 anos.

O achado complementaria outro do mesmo grupo: o de que as cabeçadas na pelota são uma causa subvalorizada de traumas. “Agora vimos que esse ato afeta também a função cognitiva, pelo menos temporariamente”, explicou Michael Lipton, autor do estudo e professor de psiquiatria na Universidade de Medicina Albert Einstein, de Nova York (Estados Unidos), em comunicado à imprensa.

Para chegar a essa conclusão, os cientistas pediram aos boleiros que respondessem quanto tempo tinham jogado na última semana e quantas cabeçadas e colisões com outras pessoas, o chão ou a trave haviam ocorrido nesse período. Depois, eles passaram por testes de desempenho cerebral.

Antes de tudo, foi revelado que os voluntários tocaram na bola com a testa 45 vezes em média, durante um período de 15 dias. O problema: quanto maior esse número, pior ficava o desempenho psicomotor e a atenção nas avaliações.

Contudo, vale destacar que esse efeito foi notado nos testes, mas não resultou em comprometimento evidente. Ou seja, a pessoa seguiu tocando sua vida numa boa. Mais do que isso, não dá pra saber se o cérebro voltaria ao normal passado algum tempo da prática.

Sem contar que as cabeçadas foram medidas via questionário – imagine quão difícil é lembrar de cada testada na bola durante uma partida. Em outras palavras, o número exato que seria danoso está longe de ser claro.

Mas tudo isso não diminui a relevância da pesquisa, que, acima de tudo, sugere bom senso na hora de se divertir com os amigos. “Estamos preocupados de que mesmo essas reduções sutis e transitórias na função neuropsicológica se traduzam em mudanças microscópicas na estrutura do cérebro, que mais tarde levariam a um impacto contínuo no órgão’, destacou Lipton.

Cabeçadas versus colisões
O trabalho, publicado no periódico Frontiers of Neurology, representa uma nova preocupação para os boleiros. “Colisões acidentais são consideradas a maior causa de concussão no futebol, então as ações preventivas focam nelas geralmente”, apontou Lipton.

Na sua investigação, esses efeitos na cognição não foram observados em colisões e outros traumas na cabeça. Mas se sabe que eles são sérios, é claro.

O ponto dos pesquisadores é que, diferentemente das batidas acidentais, as cabeçadas são muito comuns – e podem ser evitadas. Pelo sim pelo não, vale prestar atenção na cabeça durante a próxima pelada.