Muitas vezes, o roncar do estômago nada tem a ver
com fome. Identifique os motivos que fazem você descontar na comida, aprenda a
controlá-los e (finalmente) emagreça
Cansaço, ansiedade, tristeza... Muitas vezes, o que
faz seu estômago roncar não tem nada a ver com fome. “O modo como uma
pessoa lida com a comida diz muito sobre como está seu lado emocional. Se ela
come mais do que o necessário, com certeza há algo errado”, afirma Cristiane
Pertusi, doutora em Psicologia do Desenvolvimento Humano (SP). Se você desconta
as emoções na comida, mesmo que inconscientemente, você vai se identificar com
ao menos algum dos casos a seguir. Confira o que dispara seu apetite emocional
e aprenda a controlá-lo:
1. “Sinto que não tenho energia e preciso de
disposição.”
Falta de ânimo, na maioria das vezes, tem a ver com
um só motivo: sono irregular. “Enquanto dormimos, regulamos a produção de
grelina e leptina, hormônios relacionados à saciedade, e produzimos melatonina,
responsável por induzir a um sono revigorante e por fortalecer o sistema
imunológico. Se a pessoa dorme pouco, o organismo sente mais fome e necessidade
de consumir alimentos ricos em triptofano, aminoácido utilizado na produção da
melatonina”, destaca o endocrinologista Mohamad Barakat, de São Paulo. Entre
esses alimentos estão ovo, leite, carne bovina e castanhas. Então, para evitar
a gula, procure manter o sono em dia, ok?
Tente isso: para uma noite de qualidade, tome
um copo de leite morno tem triptofano, lembra? antes de deitar e evite
estímulos – leia-se: nada de ficar checando o Instagram!
2. “Não consigo emagrecer mesmo.”
Quem nunca sofreu com o temido “efeito sanfona” que
atire a primeira pedra. Ele não só prejudica a pele, causando flacidez e
estrias, e a produção de hormônios, como abala, e muito, nosso lado emocional.
“O sentimento de fracasso em relação à conquista do corpo dos sonhos pode levar
à depressão. Os baixos níveis de serotonina, dopamina e
noradrenalina (neurotransmissores relacionados ao humor) de uma pessoa depressiva
aumentam a tendência à compulsão alimentar”, analisa Barakat. Para fugir desse
círculo vicioso, é preciso mudar os hábitos definitivamente e saber que, para
chegar ao peso ideal, será necessário paciência e determinação. “Seja otimista,
sempre, e se force a fazer escolhas saudáveis a cada refeição. Em pouco tempo,
o que é um esforço virará algo natural”, diz.
Tente isso: estabeleça metas reais para a perda de
peso e procure uma dieta factível, que não a proíba de ingerir seus alimentos
preferidos. Melhor perder menos quilos em um período de tempo, mas mantê-los
longe, do que emagrecer muito de uma vez e ganhar tudo de novo.
3. “Vivo estressada e o motivo é sempre o
mesmo: trabalho.”
Correr contra o relógio para cumprir prazos é, de
fato, viver no limite. Vale lembrar que, no meio desse caos, ainda é preciso
arranjar tempo para estreitar relações de trabalho, dar feedbacks, fazer
reuniões com o chefe... Seguir uma dieta à risca com tanta coisa acontecendo ao
redor fica bem difícil. “Em situações de tensão, o sistema límbico, conjunto de
estruturas do cérebro relacionado às emoções, envia sinais para o hipotálamo,
responsável pela sensação de fome”, explica Moacyr Bustamante, neurologista
(SP). Como resultado, o apetite aumenta e os pneuzinhos não tardam a
aparecer. A boa notícia é que, com pequenas atitudes, é possível tornar seu dia
a dia mais tranquilo. “A cada 2 horas de trabalho, faça uma pausa de 15 minutos
e desconecte-se. Ah, e alongue-se para diminuir a tensão muscular!”, ensina.
Respirar fundo e ter uma planta na mesa também ajudam.
Tente isso: quando estiver morrendo de vontade
de mastigar algo, beba água. Dois copos vão acabar com essa fissura por comer.
4. “Levei um fora daqueles e ainda não superei a
rejeição.”
Terminar um relacionamento nunca é fácil – e a forma como cada um
reage ao fim é muito particular. Há quem afogue as mágoas com rodadas e mais
rodadas de caipirinha, quem estoure o cartão de crédito e quem, claro, coma
para esquecer. “Funciona como um mecanismo de compensação. A pessoa busca
no alimento, quase que instintivamente, uma forma de aliviar seu sofrimento,
mesmo que em curto prazo”, explica a psicóloga Márcia Lopes de Souza, do
Hospital Adventista Silvestre (RJ).
Tente isso: experimente fazer coisas diferentes
e prazerosas, como se matricular em algum curso de culinária ou de vinho, e
passar mais tempo com seus amigos e família. Você verá que, com o tempo, esses
novos hábitos deixarão as mágoas no passado.
5. “Queria comprar um sapato, mas um bombom é mais
barato.”
Não poder adquirir o item-desejo que você namora há
um tempão pela vitrine é uma frustração que a gente conhece muito bem. E, como
diz o ditado, quem não tem cão caça com gato. Enquanto a fatura do cartão não
fecha ou o salário não chega, o jeito é procurar algo mais acessível para
satisfazer os impulsos de consumo e baixar o nível de ansiedade. “É normal querer comprar algo, mas quando esse
desejo é tão intenso que precisa ser compensado com qualquer coisa, é preciso
olhar para dentro e tentar entender quais são suas reais necessidades. Na
maioria das vezes, o consumista não quer o produto em si, mas, sim, o que ele
representa, seja para se sentir melhor com ele mesmo, seja para chamar
atenção”, analisa Rodrigo Fonseca, especialista em Inteligência Emocional (SP).
Tente isso: da próxima vez que olhar a foto da
bolsa dos sonhos na revista, em vez de esvaziar a caixa de bombons, respire,
conte até dez e faça algo que a distraia. Vale ligar pra amiga, brincar com o
filho, ver um filme... “Como não era uma necessidade real, a pessoa logo vai
esquecer e tudo ficará bem”, diz Fonseca.
6. “Estou de TPM e só o chocolate me acalma.”
Não tem jeito, essa situação é clássica entre a
mulherada. O ciclo menstrual é quase uma licença para cometer excessos,
especialmente na alimentação. E, pior: não é uma mera desculpa, não, sabia?
“Nesse período, há uma queda drástica de serotonina, então é real a história de
que as mulheres sentem mais vontade de comer doces, principalmente chocolate, pois são alimentos que aumentam a produção desse
neurotransmissor”, diz Barakat. Além disso, o organismo perde muitos nutrientes
com o sangue eliminado durante a menstruação e tenta recuperá-los por meio da
alimentação.
Tente isso: troque a barra de chocolate por uma
banana com canela ou por alguns pedacinhos de abacate. A sensação de bem estar
é a mesma, mas com muuuito menos calorias! A necessidade é mesmo de chocolate?
Então prefira as versões amargas, com mais de 50% de cacau.
Fonte: http://corpoacorpo.uol.com.br/dieta/nutricao/descontar-na-comida-conheca-os-6-motivos-que-fazem-voce-engordar/9828
- Texto Vand Vieira | Edição Helô Oliveira | Adaptação Ana Araujo