Em meio à pandemia do novo coronavírus (Covid-19),
com regramentos impondo isolamento social e uso obrigatório de máscaras, com o
fechamento de comércios e queda na arrecadação do Estado e dos municípios, além
do temor pela contaminação com o vírus, os aposentados e pensionistas
sergipanos estão iniciando um novo “drama” nos próximos 10 dias,
aproximadamente: vão passar a contribuir para a previdência estadual e terão
salários já descontados já na folha de abril que será concluída em meados de
maio.
E quando este colunista fala em “drama”, aqui não se
trata de qualquer exagero ou intuito de “forçar a barra” contra o Executivo,
mas de enxergar um cenário de profunda indefinição por conta dessa pandemia,
onde o próprio governador já reconheceu publicamente que o Estado não tem
“caixa suficiente” para suportar tanto tempo com o setor produtivo
semiparalisado, com quedas consecutivas de arrecadação de impostos e vendo os
aposentados e pensionistas serem ainda mais “sacrificados” neste momento de
instabilidade, financeira e emocional.
É evidente que o governador não é o responsável por
todos os problemas e nem vai ter soluções “mágicas” para tudo, mas quando
aceitou concorrer o posto mais importante do Estado, ele tinha consciência dos
ônus e bônus; ele sabia o tamanho do “abacaxi” que tinha nas mãos e aceitou o
desafio de continuar lutando. Neste sentido, por mais que o governo tente
“empurrar para o passado” os problemas da Previdência, por justiça este mesmo
agrupamento político está no comando do Estado desde 2007, ou seja, há 13 anos,
tempo suficiente para, pelo menos, já ter minimizado esse sofrimento...
A partir dos rendimentos de abril, que serão pagos
nesta quinta-feira (30) – para quem ganha até R$ 3 mil – e o restante no dia 8
de maio, tanto aposentados quanto pensionistas terão descontados de seus
salários a alíquota de 14%. Quando da aprovação dessa proposta, em dezembro, o
governo justificou alegando existir um “rombo” da previdência estadual com um
déficit mensal superior a R$ 100 milhões. Para “salvar o futuro do
funcionalismo” era preciso promover a reforma previdenciária estadual. Agora a
“conta” chegou para os trabalhadores...
Não custa lembrar que aposentados e pensionistas
estão inseridos no que chamamos de “grupo de risco” por conta do novo
coronavírus e que, naturalmente, é a faixa etária que mais tem despesas com
medicamentos. Justamente em um momento de pandemia, onde a saúde das pessoas é
colocada em primeiro plano em qualquer discurso político, é razoável descontar
14% dos rendimentos de quem já está emocionalmente abalado e constrangido, com
seu direito de ir e vir cerceado? Descontar sem reajustar há quase oito anos e
sem pagar em dia?
Alguns membros do Ministério Público Estadual ficam
um pouco “chateados” com as críticas que são feitas por este colunista; não se
trata de nada pessoal, mas sim para chamar a atenção do órgão fiscalizador,
responsável pelo controle externo! É para chamar o feito à ordem! O MPE, o TCE,
a OAB e outras instituições precisam sair em defesa dos aposentados e
pensionistas, pelo menos neste momento de pandemia! Uma previdência que já vive
“esfacelada” por muitos e muitos anos, suportaria mais uns três ou quatro meses
ou não? Um pouco de sensibilidade não faz mal a ninguém...
Fonte: http://93noticias.com.br/blog/11/habacuque/48602/alem-do-virus-aposentados-e-pensionistas-de-se-vivem-drama-a-previdencia
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Jornalista Habacuque