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sexta-feira, 3 de maio de 2024

Especialistas esclarecem 6 mitos sobre a vacina da gripe


A vacina da gripe é a principal forma de prevenir a doença. Entenda alguns mitos sobre o imunizante esclarecidos por especialistas

 

Mais uma temporada de gripe está se aproximando e, como nos anos anteriores, médicos aconselham as pessoas a se vacinarem contra a doença. Geralmente, o aumento do número de casos de gripe se repete todos os anos durante o outono e o inverno, ocorrendo com mais força entre os meses de abril e agosto no Brasil.

 

O perigo da gripe

A gripe é uma infecção aguda do sistema respiratório, provocada pelo vírus influenza, com alto potencial de transmissão. Como destaca a Organização Mundial da Saúde (OMS), a gripe não deve ser vista como algo irrelevante. Isso porque o quadro pode evoluir para formas mais sérias, como a Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG), e até levar a óbito, principalmente entre os grupos de alto risco.

 

Nos últimos anos, por exemplo, estima-se que entre 70% e 85% das mortes relacionadas à gripe sazonal ocorreram em pessoas com 65 anos ou mais. Além disso, entre 50% e 70% das hospitalizações relacionadas à gripe da temporada ocorreram entre pessoas neste grupo de idade.

 

Existem quatro vírus da gripe: A, B, C e D, sendo os tipos A e B os que normalmente circulam anualmente. Geralmente, os quadros se iniciam com sintomas de febre súbita, tosse (geralmente seca), dor de cabeça, dores musculares e articulares, mal-estar, dor de garganta e coriza. A transmissão da doença ocorre por secreções das vias aéreas no contato com uma pessoa doente ou por objetos tocados por ela.

 

Embora para muitas pessoas a gripe seja vista apenas como uma doença desagradável com sintomas mais leves, ela pode se tornar uma doença grave, especialmente para certos grupos de risco, como pessoas com doenças crônicas (asma, doenças cardiovasculares e diabetes), gestantes, idosos e crianças menores de 5 anos, podendo se agravar e levar a complicações secundárias.

 

Prevenção e tratamento

Segundo o Ministério da Saúde, a vacinação anual contra a gripe é a ação mais importante para a prevenção da doença. No entanto, algumas pessoas ainda têm dúvidas quando se trata de sua vacinação e, infelizmente, não faltam informações incorretas a respeito. Tais equívocos, muitas vezes, impedem as pessoas de serem vacinadas contra a gripe.

 

Mitos e verdades sobre a vacina da gripe

Um time de especialistas esclareceu os principais mitos e verdades sobre a vacina da gripe. Confira:

 

Mito 1 – Tomando a vacina, você vai pegar gripe

Segundo o Instituto Butantan a vacina não causa gripe, seja trivalente ou quadrivalente (ou tetravalente). Ela reduz o risco, mas se você contrair a doença mesmo assim, os sintomas devem ser menos graves do que se você não tivesse recebido a vacina. Isso porque ela estimula o sistema imunológico na defesa contra o vírus, ajudando a reduzir significativamente complicações de saúde associadas, hospitalizações e sintomas respiratórios graves.

 

Mito 2 – A gripe não é tão grave, então não é necessário tomar a vacina

A gripe deve ser levada a sério, pois pode levar a complicações graves e à hospitalização, principalmente para grupos de risco. Estima-se que a gripe afeta um bilhão de pessoas em todo o mundo todos os anos e, em média, 290 a 650 mil pessoas morrem de gripe anualmente.

 

Mesmo que você se sinta saudável e ao contrair o vírus poderá não afetar sua saúde a longo prazo, é importante lembrar que as pessoas com quem você entra em contato diariamente também estarão em risco.

“Muitas vezes, o adulto saudável pensa que tomar a vacina contra gripe não é importante, pois ele não necessariamente pertence a um grupo de risco. Porém, ele pode ter contato diário com familiares e amigos que pertencem a um grupo de risco (como idosos, crianças pequenas, pais com crianças pequenas e gestantes) e então transmitir o vírus a eles”, afirma Dr. Alberto Chebabo, médico infectologista e Presidente da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI).

Informar-se sobre a vacina contra a gripe e saber quais precauções estão disponíveis, não é apenas para seu benefício pessoal, é para todos ao seu redor. Quando você está gripado e entra em contato com pessoas destes grupos, você também os coloca em risco.

“Outro ponto muito importante é que se você começar a sentir sintomas parecidos com a gripe, vá ao médico o mais rápido possível para fazer o teste. A medicação antiviral funciona melhor se administrada até 48 horas após o início dos sintomas, portanto, fazer o teste mais cedo pode levar a melhores resultados”, destaca o Dr. Oscar Guerra, Diretor Médico da Divisão de Diagnósticos Rápidos da Abbott para a América Latina.

 

Mito 3 – Você não precisa tomar a vacina contra gripe se já tomou ano passado

Você precisa ser vacinado todos os anos por duas razões muito importantes. Primeiro, o vírus da gripe está em constante mudança. À medida que as cepas do vírus da gripe mudam, novas vacinas devem ser desenvolvidas para proteger contra estas novas cepas. Com isso, a vacina do ano anterior pode não estar preparada para combater os vírus comuns da gripe desta temporada.

Em segundo lugar, embora sua vacina contra gripe sazonal deve protegê-lo durante a temporada, os anticorpos que seu corpo produz para protegê-lo diminuem ao longo do tempo. Participar da vacinação contra gripe todos os anos pode ajudar a manter a proteção contra a gripe ano após ano.

 

Mito 4 – A gripe não é perigosa para as crianças

Crianças menores de 5 anos são mais propensas a desenvolver complicações graves se contraírem a gripe, e a vacina ajuda a diminuir esse risco. Um estudo de 2017 publicado na Pediatrics mostrou que a vacina contra a gripe reduziu em 65% o risco de morte associada à gripe em crianças e jovens saudáveis de 17 anos ou menos. Neste sentido, o Ministério da Saúde recomenda que todas as pessoas com mais de 6 meses de idade sejam vacinadas contra a gripe.

 

Mito 5 – A vacina contra gripe torna você mais suscetível a outros vírus respiratórios

Com base na pesquisa mais atual, o Centro de Controle e Prevenção de Doença (CDC) dos Estados Unidos não encontrou evidências de que a vacina contra a gripe torna as pessoas mais suscetíveis a outras infecções respiratórias. Além disso, um estudo publicado no Journal of Infectious Diseases mostrou que tomar uma vacina contra a gripe não enfraquece seu sistema imunológico.

 

Mito 6 – Não há uma forma de diferenciar gripe de Covid-19

Além da vacinação, é importante também continuar se testando para evitar a contaminação e propagação do vírus. Especialmente nos meses de clima mais frio, quando as pessoas tendem a se reunir em espaços fechados, com ar seco, pode haver um aumento na disseminação de vírus respiratórios, como gripe (influenza) e Covid-19.

Essas infecções compartilham sintomas similares – como tosse, coriza ou congestão nasal, febre, dor de garganta, fadiga e dor de cabeça, é difícil um diagnóstico apenas considerando os sintomas, sem testagem.

 

Cuidados essenciais

Lembre-se: se você contraiu gripe, é importante se cuidar. Isso significa adotar uma alimentação leve, descanso e manutenção da hidratação. Isso porque a hidratação é uma parte importante da recuperação em um quadro de gripe, ajudando não só a amenizar os sintomas, mas também colabora para o corpo começar a se recuperar.

“A gripe pode ser acompanhada de febre muito alta, o que aumenta a eliminação de suor e promove desidratação”, complementa Dr. Chebabo.

 

Fonte: https://www.saudeemdia.com.br/noticias/especialistas-esclarecem-6-mitos-sobre-a-vacina-da-gripe.phtml - By Milena Vogado - Foto: Shutterstock


Tudo posso naquele que me fortalece.

Filipenses 4:13


sexta-feira, 17 de setembro de 2021

Pessoas ativas respondem melhor à vacina contra covid-19


A pesquisa foi feita com 1.095 voluntários e os que se mantiveram ativos fisicamente apresentaram melhor resposta ao imunizante

 

Manter-se fisicamente ativo pode ser uma estratégia para turbinar a resposta imune induzida por vacinas contra a covid-19. Essa é a conclusão de um estudo feito com 1.095 voluntários por pesquisadores da USP e colaboradores. Os dados foram divulgados segunda-feira, dia 09 de agosto, na plataforma Research Square, ainda sem revisão por pares.

 

O benefício proporcionado pela atividade física foi observado principalmente entre os participantes que se mantinham ativos ao menos 150 minutos por semana e não apresentavam comportamento sedentário, ou seja, não passavam mais de oito horas diárias sentados ou deitados. Considerou-se como “tempo ativo” tanto aquele dedicado aos exercícios e outras atividades de lazer (caminhada, corrida, dança, natação, passear com o cachorro etc.), como também às atividades domésticas (limpar a casa, cuidar do jardim, lavar a roupa na mão), ao trabalho (carregar pesos, realizar consertos) e aos deslocamentos de rotina (andar a pé ou de bicicleta até o trabalho, o supermercado ou a escola, por exemplo). O nível de atividade física foi mensurado por meio de entrevistas telefônicas. Foram considerados “ativos” os voluntários que relataram ao menos 150 minutos de atividades semanais, somando os vários domínios analisados.

 

“Uma pessoa que corre durante uma hora todos os dias e passa o resto do tempo sentada em frente a uma tela é considerada ativa e sedentária ao mesmo tempo. Nós combinamos esses dois conceitos diferentes em nossa análise”, explica Bruno Gualano, professor da Faculdade de Medicina (FM) da USP e primeiro autor do artigo. “Quando olhamos para os dados, percebemos claramente que eles formam uma ‘escadinha’: no alto, com a melhor resposta vacinal, estão os ativos não sedentários. Na sequência, vêm os indivíduos ativos e sedentários. Por último, os inativos e também sedentários”, conta.

 

Todos os participantes da pesquisa foram imunizados com a CoronaVac entre fevereiro e março de 2021. Amostras de sangue para análise foram coletadas logo após a aplicação da segunda dose, bem como 28 e 69 dias depois. A qualidade da resposta vacinal foi avaliada por meio de diversos testes laboratoriais, sendo os principais aqueles que mensuram a produção total de anticorpos contra o sars-cov-2 (IgG total) e a quantidade específica de anticorpos neutralizantes (NAb) – aqueles capazes de impedir a entrada do vírus na célula humana.

 

De acordo com o critério adotado pelos pesquisadores, atingiram a chamada “soroconversão” os voluntários que no exame de IgG total apresentaram pelo menos 15 unidades arbitrárias (UA) de anticorpos por mililitro (mL) de sangue. No caso dos anticorpos neutralizantes, considerou-se uma resposta positiva quando, no ensaio in vitro feito com o plasma sanguíneo, observou-se ao menos 30% de inibição da ligação entre o sars-cov-2 e o receptor da enzima conversora de angiotensina 2 (ACE2, na sigla em inglês) – proteína existente na superfície de algumas células humanas à qual o vírus se conecta para viabilizar a infecção.

 

Análise dos dados

Como informa Gualano, o objetivo primordial do projeto de pesquisa de qual seu artigo é fruto era avaliar a segurança e a efetividade da CoronaVac em portadores de doenças reumáticas autoimunes, entre elas artrite reumatoide, lúpus eritematoso sistêmico, artrite psoriática, vasculite primária e esclerose sistêmica. Grande parte desses pacientes faz uso de medicações que reduzem a atividade do sistema imune e, portanto, uma resposta vacinal mais fraca era esperada.

 

Um primeiro trabalho publicado na Nature Medicine, sob a coordenação da professora  Eloísa Bonfá, da FM, confirmou a segurança da vacina e mostrou que ela induzia uma resposta aceitável, ainda que reduzida, nesse grupo de pacientes (leia mais matéria agência Fapesp).

 

“Neste segundo estudo, buscamos avaliar a hipótese de que um estilo de vida ativo poderia fortalecer a resposta vacinal tanto na população de imunossuprimidos quanto em indivíduos sem doença autoimune. E de fato é isso que nossos dados indicam”, diz Gualano, que coordena um projeto temático financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) relacionado ao tema.

 

Foram incluídos na análise final 898 pacientes imunossuprimidos. Desses, 494 foram classificados como ativos e 404 como inativos. Além disso, como uma espécie de grupo controle, participaram 197 voluntários sem doença autoimune – 128 ativos e 69 inativos.

 

Um modelo matemático foi usado pelos pesquisadores para compensar possíveis distorções que variáveis como idade, sexo, índice de massa corporal (IMC) e uso de imunossupressores poderiam causar. Isso porque, sabidamente, o funcionamento do sistema imune é diminuído em indivíduos idosos e em usuários de corticoides e outros moduladores imunológicos, assim como possivelmente em obesos.

 

Na comparação ajustada, os pacientes imunossuprimidos fisicamente ativos apresentaram uma chance 1,4 vez maior de atingir a soroconversão.

 

“Dizendo isso de outra forma: para cada dez pacientes inativos que soroconverteram após a segunda dose da vacina, há 14 pacientes fisicamente ativos que atingiram o mesmo resultado”, compara Gualano.

 

“A promoção da atividade física pelos gestores e formuladores de políticas públicas é algo fundamental. É uma intervenção barata, fácil de escalar para toda a população e pode fazer ainda mais diferença no caso de pessoas com sistema imune menos eficiente, como pacientes com doenças autoimunes e idosos”, opina Gualano.

 

O fato de ser fisicamente ativo também foi associado a um aumento de 32% na quantidade de anticorpos contra as regiões “S1” e “S2” da proteína spike (S) – usada pelo vírus para se conectar ao receptor ACE2 e entrar na célula humana.

 

“A atividade neutralizante [NAb] foi, em média, 4,5% maior nos pacientes ativos, mas essa diferença não foi estatisticamente significante”, explica o pesquisador.

 

Já entre os voluntários sem doença autoimune, a chance de soroconversão foi 9,9 vezes maior entre os fisicamente ativos e observou-se um aumento de 26% na quantidade de anticorpos contra a proteína spike. Como o número de voluntários era menor nesse subgrupo, os dados referentes aos anticorpos neutralizantes também não apresentaram significância estatística.

 

“Os resultados nos permitem concluir que a atividade física potencializa a resposta vacinal contra a covid-19 independentemente de fatores como idade, sexo e uso de imunossupressores. Realizar o mínimo de atividade física já produz uma resposta positiva, porém, observamos que quanto mais movimento, melhor. As respostas mais consistentes foram vistas entre os pacientes que realizavam 50 minutos ou mais de atividade física diariamente”, conta Gualano.

 

Estudos anteriores também mostraram que um estilo de vida ativo protege contra o agravamento da Covid-19 e, de modo geral, reduz internações (leia mais em agência Fapesp).

 

“A promoção da atividade física pelos gestores e formuladores de políticas públicas é algo fundamental. É uma intervenção barata, fácil de escalar para toda a população e pode fazer ainda mais diferença no caso de pessoas com sistema imune menos eficiente, como pacientes com doenças autoimunes e idosos”, opina Gualano.

 

Embora só tenham sido avaliados indivíduos imunizados com a CoronaVac, o pesquisador considera “plausível” que o mesmo efeito seja observado com todas as vacinas contra a covid-19 e também contra outras doenças.

 

Booster natural

Evidências da literatura científica dão conta de que uma única sessão de exercícios físicos pode mobilizar bilhões de células responsáveis por fazer a imunovigilância do organismo, “acordando” o sistema imune. São células que percorrem os locais usados como porta de entrada pelos patógenos e, ao detectar uma ameaça, recrutam outras células de defesa para que ataquem o invasor. Quem se exercita regularmente também apresenta níveis mais baixos de inflamação sistêmica e de cortisol (o hormônio do estresse), o que contribui para uma resposta imune adequada.

 

Como relatam os autores no artigo, há estudos associando a prática de exercícios a uma melhor resposta à vacina contra gripe (vírus H1N1, H3N2 e influenza tipo B), contra o vírus da varicela-zoster e contra a doença pneumocócica.

 

“Nossos achados já eram esperados, pois a atividade física sabidamente fortalece o sistema imune. De qualquer forma, seria importante confirmá-los em um estudo controlado e randomizado, no qual um grupo de voluntários seria submetido a um protocolo de exercícios antes do período de vacinação, enquanto outro grupo-controle, composto por indivíduos com características semelhantes, permaneceria inativo”, conta o pesquisador.

 

Fonte: https://jornal.usp.br/ciencias/pessoas-ativas-respondem-melhor-a-vacina-contra-a-covid-19/ - Por Karina Toledo/ Agência Fapesp - Arte: Jornal da USP - Foto: Marcos Santos/USP Imagens