Desde 2009, a Anvisa estabeleceu que todos os remédios devem
ser acompanhados da bula do paciente, além da bula técnica já comum nos
produtos. Na bula do paciente, deve ser especificada a forma como ele deve ser
ingerido e seus riscos específicos de forma clara e objetiva. No entanto, ainda
existem muitas dúvidas sobre a melhor maneira de tomar uma medicação e outras
crenças tão comuns que sequer são colocadas em dúvida - e muitos desses hábitos
podem não só interferir na eficácia do medicamento, como também prejudicar seu
organismo. Confira os erros mais comuns na hora de ingerir uma medicação:
Tomar o medicamento acompanhado de líquidos com
sabor
O líquido mais indicado para acompanhar a ingestão
de todos os tipos de medicamentos é a água.
"Isso porque algumas medicações desencadeiam reações químicas quando
ingeridas com sucos, leite, refrigerantes, chás ou café, que podem comprometer
sua eficácia", explica a clínica geral Fernanda Galvão, da Amil, em
Brasília. De acordo com a especialista, um bom exemplo são os antibióticos com
tetraciclina na composição - essa substância reage na presença de cálcio, e
portanto tem sua eficácia comprometida se ingeridos com leite.
Outra combinação perigosa e muito conhecida é remédio e bebidas alcoólicas. "O álcool pode tanto potencializar quanto neutralizar os efeitos de um medicamento, em alguns casos ativando enzimas que transformam o remédio em substâncias tóxicas para o organismo", alerta a clínica geral Fernanda. Por isso, na dúvida, sempre tome seus medicamento acompanhados de água apenas.
Outra combinação perigosa e muito conhecida é remédio e bebidas alcoólicas. "O álcool pode tanto potencializar quanto neutralizar os efeitos de um medicamento, em alguns casos ativando enzimas que transformam o remédio em substâncias tóxicas para o organismo", alerta a clínica geral Fernanda. Por isso, na dúvida, sempre tome seus medicamento acompanhados de água apenas.
Misturar com antiácidos
Os antiácidos também interferem na absorção de
medicamentos, para mais ou para menos, dependendo da interação. "Além de
deixar o estômago com pH alcalino - muitos remédios precisam da acidez gástrica
para serem aproveitados - os antiácidos podem conter alumínio, que se ingerido
com medicamentos que contenham citrato de cálcio podem atingir níveis tóxicos
no sangue, sendo perigosos principalmente para os rins, que podem ter seu
funcionamento afetado e até sofrer graves consequências", explica a hepatologista
Marta Deguti, do Centro de Referência em Gastroenterologia do Hospital 9 de
Julho, em São Paulo.
Ingerir o comprimido sem beber água
Assim como não é recomendada a ingestão de
medicamentos com outros líquidos que não sejam água, tomá-lo a seco também pode
trazer malefícios. "Existe o risco da medicação ficar parcialmente retida
no esôfago, podendo haver irritação na mucosa em que o comprimido se
prendeu", explica a hepatologista Marta. Além disso, um pouco da dose da
medicação é perdida, já que passa a ser absorvida enquanto está retida.
"Um exemplo muito sério é o alendronato, usado no tratamento da
osteoporose, que pode causar, se retido no esôfago, até mesmo perfuração do
órgão", alerta a especialista. Por isso, deve-se sempre ter muito cuidado
com as medicações, seguir as orientações do seu médico e tirar dúvidas tanto
com ele quanto com o farmacêutico devidamente habilitado.
Retirar o conteúdo da cápsula
Muitas pessoas optam por abrir a cápsula do
medicamento e ingerir apenas o pó, para tornar o processo de deglutição mais
simples. No entanto, essas cápsulas são concebidas com a função de proteger a
mucosa da boca e do esôfago do contato com a medicação, para que ela possa agir
de forma lenta, garantindo sua eficácia. ?Para alguns remédios, a remoção da
cápsula pode ter consequências como dor no tórax, vômitos e esofagite?, diz a
hepatologista Marta.
Triturar o comprimido para facilitar a digestão
Com a justificativa de facilitar a deglutição,
também é comum as pessoas triturarem o comprido ou cortá-lo ao meio, prática
que também pode interferir na absorção pelo organismo. Segundo as
especialistas, os únicos comprimidos que podem ser cortados ao meio são aqueles
que possuem uma linha no meio, desenhada inclusive para facilitar o corte.
"Fora isso, os medicamentos devem ser ingeridos inteiros, da maneira como
vieram na cartela", diz a clínica geral Fernanda. Os problemas nesse caso
são muito parecidos com o de ingerir o remédio fora da cápsula - o corpo irá
absorvê-lo mais rápido do que deveria, levando a uma intoxicação. "O
desenho do comprimido foi feito para facilitar a ingestão da quantidade
necessária de medicamento e o contato do comprimido com o ácido gástrico deve
dissolvê-lo e quebrá-lo em partículas que serão absorvidas", afirma a
hepatologista Marta. "Se houver maior dificuldade para ingerir o
comprimido, converse com o seu médico para buscar formulações
alternativas."
Ingerir o medicamento em gotas a seco
"As medicações em gotas também são melhor
absorvidas quando diluídas em água, em vez de pingadas direto na língua ou
dadas em colher", explica Fernanda Galvão. Como geralmente são prescrições
pediátricas, essas já são fabricadas com sabor e aroma diferentes para
facilitar a ingestão pelas crianças. Devemos lembrar que os medicamentos devem
ser diluídos preferencialmente em água. "O risco da diluição em outras
bebidas é principalmente a perda da eficácia terapêutica", diz Fernanda.
Tomar a medicação fora do horário
As atividades do organismo variam ao longo do dia de
acordo com nosso relógio biológico, e cada medicamento é estudado
minuciosamente em relação ao tempo que leva para ser absorvido, o tempo de
duração do efeito e modo como é eliminado do corpo de acordo com essas
atividades fisiológicas. "Por isso, atrasar ou adiantar o horário do
medicamento pode reduzir a eficiência e até mesmo provocar efeitos
colaterais", afirma a clínica geral Fernanda. A hepatologista Marta alerta
para os antibióticos e antidiabéticos, que podem trazer consequências mais
sérias. "Se a pessoa está tomando antibióticos e atrasa um período
inteiro, a bactéria pode tornar a se multiplicar e criar resistência ao
antibiótico, já no caso de antidiabéticos, os níveis de açúcar do sangue podem
subir ou descer demais, o que pode resultar até mesmo em coma", diz.
Preste atenção nas interações com alimentos
Muitos medicamentos devem ser ingeridos em jejum porque
eles necessitam do ambiente mais ácido do estômago para que sejam melhor
absorvidos. "Já outros são absorvidos com mais eficácia na presença de
alimentos, ou são menos agressivos ao estômago quando tomados desta
maneira", explica a clínica geral Fernanda. A especialista afirma que
existem também substâncias que possuem interação com determinados tipos de
alimentos, formando um complexo que o organismo não consegue absorver,
diminuindo ou até mesmo neutralizando a ação do medicamento. Por conta disso, o
ideal é perguntar ao médico e sempre seguir as instruções da bula.
Não avisar seu médico que toma anticoncepcional
No geral, não existem grandes restrições na mistura
de remédios com anticoncepcionais. Mas é preciso estar atenta, pois existem
combinações que reduzem a eficácia do anticoncepcional ou da outra medicação. A
hepatologista Marta cita alguns exemplos: "Remédios para micose de unha e
candidíase, antibióticos, medicações para epilepsia e para tratamento de
tuberculose podem reduzir a eficácia do anticoncepcional', diz. Além disso, o
contraceptivo pode diminuir a eficácia da aspirina, AAS ou de calmantes, e pode
também potencializar os efeitos do Diazepan, da cafeína, dos corticoides e de
alguns antidepressivos.