Pergunte a qualquer criança em idade escolar quantos
sentidos nós temos e ela vai responder prontamente “Cinco!” – visão, audição,
olfato, paladar e tato. Porém, o neurocientista Don Katz acha que isso pode
estar errado. A resposta correta, diz ele, é mais provável que seja um.
Por quase uma década, Katz, que é professor de
psicologia, vem pesquisando em ratos a interligação entre cheiro e gosto. Em
2009, ele mostrou que quando os ratos perdem a capacidade de sentir gosto, eles
também têm o sentido do olfato alterado. Dois anos depois, ele publicou um
artigo sugerindo que ratos dependem tanto do cheiro quanto do gosto para
determinar de quais alimentos eles gostam.
Em um artigo publicado recentemente na revista
“Current Biology”, o pesquisador mostrou o que acontece quando você desliga o
sentido de gosto de um rato. Usando uma sonda óptica, ele apagou as células
cerebrais no córtex olfativo principal do animal que processam os sinais de
gosto da boca. Houve um impacto imediato sobre os padrões de disparo dos
neurônios que lidam com o cheiro. Na verdade, os neurônios do cheiro foram
transformados de tão forma radical que o rato já não podia reconhecer odores
familiares.
Sentidos: sistema conectado
Estas conclusões sobre a interdependência do paladar
e do olfato levaram Katz a especular que eles são um único sentido – o que ele
chama de “chemosensory system”. “O gosto das coisas depende de uma série de
outros fatores além do que o que está na língua”, explica Katz. “Nós
acreditamos que o gosto e o cheiro são parte de um sistema grande, com duas
portas, a boca e o nariz”.
Outros pesquisadores têm mostram que o som, tato e
visão também são inextricavelmente ligados. Isto leva à grande hipótese de
Katz: todos os nossos sentidos pertencem a um único sistema. Ou seja, ele
acredita que temos apenas um sentido. Seria sem sentido, por exemplo, falar do
sabor dos alimentos, porque “gosto” seria tanto uma função do que você sente em
sua língua, quanto do que você vê, sente, cheira e ouve. De acordo com ele, nós
não saboreamos a comida, e sim, temos uma experiência com os alimentos.
Katz compara o cérebro a um computador alimentado
com uma imensa quantidade de dados para que ele possa gerar uma única
descoberta, simplificada. Para a execução do programa, a informação deve ser
recolhida através de todos os sentidos. Mas nós não percebemos isso. Estamos
apenas cientes do resultado final do programa, que é a ilusão de que apenas um
sentido é responsável pelo que nós experimentamos.
Tudo isso ainda não foi provado. Katz planeja
continuar trabalhando com o paladar e o olfato em ratos, e planeja que a sua
pesquisa continue avançando gradual e metodicamente. Porém, em algum lugar em
um futuro não tão distante, podemos finalmente ter uma grande teoria unificada
dos sentidos.[Medical Xpress]
Fonte: http://hypescience.com/sentidos-humanos/
- Autor: Jéssica Maes