domingo, 26 de abril de 2009

Herança maldita no esporte

Um fato inédito ocorreu nos XXIV Jogos da Primavera-Seletiva JEB’s 2007, nenhuma escola pública ganhou a medalha de ouro nos quatro esportes coletivos de quadra: basquete, futsal, handebol e voleibol, das 16 competições disputadas em ambos os sexos, nas categorias ‘A’ e ‘B’. Com este resultado, as 16 equipes que representarão Sergipe nos JEB’s na fase Nacional serão todas das escolas particulares, seis do Arqui, duas do Graccho, duas do Módulo, duas do Dinâmico, uma do Salesiano, uma do COC-São Paulo, uma do coesi e uma do Amadeus. Nos 23 Jogos anteriores sempre houve equipes campeãs das escolas públicas e também representando o Estado nos JEB’s. O governo atual e os professores de educação física não têm culpa por esta situação ridícula do esporte na escola pública, já que o problema foi iniciado nos governos anteriores, por ex-diretores do DEF-SEED incompetentes e sem compromisso com a escola pública cometendo vários equívocos e erros: acabaram com os Jogos Infantis em 1995, que era a base para as outras categorias; em 1996, acabaram os Jogos da Primavera e criaram os fadados Jogos das Escolas Públicas, ainda no mesmo ano, com a implantação da LDB, mudaram as regras da educação física e dos esportes nas escolas públicas como: aulas no mesmo turno de estudo, turmas mistas, diminuição de três para duas as aulas semanais com uma teórica, os professores passaram a dá mais aulas de educação física do que de esporte. Como exemplo, cito o Colégio Murilo Braga de Itabaiana, que dos 4 mil alunos matriculados nos três turnos, mais de 2 mil alunos praticavam esportes, hoje talvez não chegue a cem, imagino que esta situação seja a mesma nos Colégios Atheneu, Costa e Silva, Castelo Branco, Tobias Barreto e tantos outros. Em 2004 retornaram os Jogos da Primavera deixando de fora o basquete, excluindo centenas de alunos e professores da competição. Em 2005 aconteceu uma barbaridade, Sergipe não participou dos JEB’s em Brasília na categoria juvenil porque a SEED e alguns diretores das escolas particulares afirmaram que a viagem dos atletas por ônibus era perigosa, mas nos JEB’s de 2006 na mesma categoria e a viagem sendo também de ônibus, a delegação sergipana participou, que incoerência, os atletas em 2005 foram prejudicados por não participarem e o esporte foi desvalorizado. Outro absurdo aconteceu no ano passado com a viagem para os JEB’s em Poços de Caldas, de 12 a 14 anos, quando dezenas de alunos foram excluídos da competição e impedidos de viajar porque o Governo de Sergipe não viabilizou os 50% do transporte que era de sua responsabilidade, já que o COB mandou os seus 50%.

Se vinte ou trinta anos atrás houvesse a Seletiva para os JEB’s, com certeza a maioria das equipes que representariam o Estado seriam das escolas públicas, porque havia uma valorização do esporte; mas nos últimos anos a educação física passou a ser humanista em detrimento ao esporte, apesar das escolas públicas terem que competir com as particulares, que preparam seus atletas com melhores condições, investem em espaços físicos, materiais e professores e ainda dá bolsas aos atletas que se destacam nas escolas públicas.

A maioria das escolas públicas não tem quadra ou ginásio esportivo. É um absurdo. O governo constrói uma escola e não faz uma quadra para as aulas de educação física e esporte, apesar de que, nos últimos anos o Governo Federal ter mandado recursos para a construção de novas quadras e reformas das antigas. Enquanto isto, quase todas as escolas particulares tem quadra ou ginásio esportivo, piscinas e outros espaços para a prática do esporte.

Os Jogos da Primavera 2007 foram bastante organizados pelo DEF, mas as escolas públicas não tiveram condições de competir com as particulares, é verdade que o problema não é de agora, mas de uma década para cá; elas precisam de quadras, materiais esportivos, professores valorizados, planejamento, projetos e principalmente das correções dos erros, desmandos e irresponsabilidades da herança maldita de ex-diretores incompetentes que estiverem a frente do DEF e do esporte estudantil nos últimos anos.

Os alunos das escolas públicas devem ter as mesmas condições de treinamento das particulares nos esportes coletivos, porque se não tiverem, apenas participarão, sem chances de ser campeões e representar Sergipe nos JEB's; uma triste realidade.

Por José Costa
Professor de Educação Física
CREF 000245-G/SE

Jovens: passado, presente e futuro

Sabemos que o comportamento de um adolescente trinta ou quarenta anos atrás não é igual ao do adolescente nos dias atuais, com relação ao namoro, sexo, álcool, droga, fumo e estudo por receberem uma gama maior de informações cada vez mais cedo através da internet, televisão, rádio, jornal e revistas na busca de conhecimentos que os transformem em pessoas cada vez mais independentes.

Algum tempo atrás, para ser iniciado um cortejo, o rapaz teria que pedir a moça em namoro; dar o primeiro beijo na boca demorava até um mês; sexo, só após o casamento; hoje, esses procedimentos são ultrapassados e em alguns casos, no primeiro encontro o motel é o destino, é o “ficar”. Por isto que as adolescentes estão ficando grávidas mais prematuramente e algumas vezes tornam-se mães solteiras, porque o rapaz não está preparado para assumir a paternidade. E o pior é quando a adolescente por falta de diálogo, compreensão e informação da família, se desespera e faz o aborto, um crime contra uma vida que está sendo formada.

Nos dias atuais, o fumo, o álcool e a droga aparecem mais cedo e com mais freqüência na vida dos jovens que no passado, ficando cada vez mais dependentes e tendo como conseqüência a violência. De vez em quando, a imprensa noticia que adolescentes assassinaram pessoas no cinema, professores e colegas na escola, pais e avós em casa; incendiaram mendigos e índios na rua; tudo isto porque o jovem não está sendo educado com valores e princípios para viver em sociedade, mas em ser egoísta e pensar apenas nele, como se ele fosse o centro de tudo.

O esporte sempre foi um excelente meio de socialização do indivíduo, mas que atualmente não é o mais procurado pelos jovens, pois eles preferem passar a maior parte do seu tempo disponível na internet em salas de bate-papo, em lan house e jogando videogame, adquirindo hábitos e atitudes egoístas; ficando sedentários, obesos e propensos a doença.

Uma das maiores diferenças entre os jovens de antigamente e os de hoje é em relação à educação. A grande maioria dos estudantes, pobres ou da classe média, estudavam em escola pública que era de boa qualidade e conseguiam ser aprovados nos melhores cursos das faculdades, pois existiam poucas escolas particulares, que eram para os ricos; com o passar dos anos, sucessivos governos diminuíram os investimentos na educação pública e hoje, seus alunos que na maioria são pobres, não conseguem competir de igual com os alunos das escolas particulares, que investem nos professores, na qualidade de ensino e em estrutura física. Uma dura realidade da educação brasileira é que os pais que tem condições financeiras colocam seus filhos para estudar na escola particular e os pobres na escola pública.

Atualmente alguns pais estão deixando os filhos escolherem a escola particular quer querem estudar, sem procurar saber sobre as propostas educativas da escola na formação integral dos seus filhos, diferente do que acontecia tempos atrás, onde à escola era escolhida pelos pais de acordo com suas condições financeiras e pensando no que era melhor para o filho. Com isto, os pais deixam o filho escolher uma escola que o prepara para o vestibular, e pode ser a escola da vez, da mídia, da moda; mas que não o prepara para todas as provas da vida.

Os pais devem orientar e educar o filho com mais responsabilidade censurando-o, dizendo não, basta ou chega quando necessário, para que ele entenda que não se pode fazer tudo que se quer ou se deseja, principalmente quando se tratar de algo tão importante, como a sua educação. O filho pode e deve opinar sobre o seu futuro, mas não de determinar o que quer e na hora que quiser, porque no futuro, o jovem e a família poderão sofrer com as conseqüências desta atitude. Não se educa sem limites, porque dar limites não é ser autoritário, é querer o melhor para o filho.

Os jovens precisam de valores e princípios que devem ser passados todos os dias, principalmente com exemplos daqueles que estão próximos e são referências para eles como os pais, em casa e os professores, na escola; orientando-os para que sejam independentes, mas com limites; e através da educação recebida, transforme o mundo melhor para todos, com atitudes de responsabilidade, respeito, gratidão, honestidade, justiça e solidariedade ao próximo.

Por José Costa
Professor de Educação Física
CREF 000245-G/SE

O basquete de Itabaiana tem história

Itabaiana foi o maior celeiro de atletas do basquete sergipano, eram 300 alunos praticantes por ano. Esta história começa em 1976 quando o professor Romilto Mendonça iniciou o basquete com os alunos do Colégio Estadual “Murilo Braga”, e continuada com o professor José Antônio em 1978. Em 1980, comecei a dar aulas de basquete no CEMB e em 1981 ganhamos o primeiro título em nossa carreira, na categoria A feminino dos jogos da primavera. Foi o início de um projeto maior com a juventude itabaianense, que através do esporte conseguimos educar milhares de crianças e adolescentes afastando-os do álcool, droga, más amizades e da violência incentivando-os a estudar para ter um futuro melhor.

Em 1984, tivemos a idéia de criar a Associação Itabaianense de Basquetebol com os alunos e ex-alunos que praticavam o esporte, tendo como objetivos estimular a prática do basquete, organizar e realizar competições no município. Ao longo destes anos, realizamos Campeonatos de basquete em várias categorias, Festivais de Arremessos, Exposições de fotografias do basquete nas escolas, Gincanas Esportivas, Caça ao Tesouro, Concursos de Pesquisas sobre basquete, Calourada, Forró dos basqueteiros e Festa de Confraternização de fim de ano.

Em 1987, fundamos o Jornal do Basquete para divulgar as notícias do nosso basquete e de todo o mundo. O Jornal tinha quatro páginas e além de falar do basquete tinha curiosidades, passatempo, mensagens. Foi impresso até 1989.

Nestes trinta anos do basquete no Murilo Braga participamos dos Jogos Infantis, Jogos da Primavera, Campeonato escolar, Jogos das Escolas Públicas, Jogos Estudantis, Seletiva dos Jebs e Campeonatos Sergipanos em todas as categorias e ambos os sexos, onde conseguimos ganhar 63 troféus, 23 medalhas de ouro, 24 de prata e 16 de bronze, mais do que troféus e medalhas ganhamos o respeito e agradecimento dos alunos, pais e da comunidade por ter contribuído na formação integral de milhares de alunos com responsabilidade, dedicação, entusiasmo e abnegação.

Vários alunos nossos defenderam o Estado em competições nacionais pelas seleções estaduais.
Desde 1976, realizávamos o Campeonato Serrano de basquete com os alunos, ex-alunos e até com equipes convidadas de Aracaju, foram 27 campeonatos e milhares de atletas participantes, quando em 2003 realizamos o último, porque desde 1996 com a implantação da LDB nº 9396, os alunos deixaram de escolher o esporte como prática na aula de educação física; as turmas foram sendo formadas pelas mesmas da sala de aula, no mesmo turno e mistas; as aulas foram reduzidas de três para duas dando ênfase a teoria; os professores passaram dar mais aulas de educação física e menos de treinamento esportivo, com isto o número de atletas foi reduzido drasticamente em todos os esportes; o resultado todos nós conhecemos, as escolas publicas que eram fortes no esporte estudantil como o Atheneu, Castelo Branco, Tobias Barreto, Costa e Silva, Murilo Braga e tantas outras, hoje são meras coadjuvantes das escolas particulares em qualquer competição, salvo poucas exceções.

Os nossos campeonatos sempre tiveram o apoio da imprensa sergipana através de vários jornalistas, verdadeiros incentivadores do esporte, que homenageamos com a medalha “Amigo do Basquete”, a qual criamos alguns anos atrás como reconhecimento a estes profissionais, entre eles: Geraldão, Jurandir Santos, Paulo Roberto, Barroso, George, Rosalvo Nogueira, Wellington Elias, Carlos Magalhães, Roberto Silva, Rivando Góis, Roberto Carioca, Genário Santos, Ronaldo Lima, Alexandre Santos, Gilmar Carvalho, Eugênio Santana através do Jornal da Cidade, Cinform, Diário de Aracaju, Semanário Sportivo, Jornal de Sergipe, Jornal da Manhã, Gazeta de Sergipe e Correio de Sergipe; da Radio Capital do Agreste, Princesa da Serra, Itabaiana FM e Educadora; da TV Sergipe e TV Atalaia. O patrocínio do comércio de Itabaiana foi importante para desenvolvermos todos os projetos ligados ao basquete.

Nestes trinta anos ensinaram basquete no Murilo Braga os professores: José Costa, Benjamim Alves, José Antonio, Romilton Mendonça que iniciavam e treinavam as equipes para disputar os diversos campeonatos e os professores Aelson Góis, Leila Camerina e Maria Aparecida que davam a iniciação do esporte. Foi um trabalho árduo, mas gratificante porque conseguimos educar três gerações de estudantes ensinando-os valores como: respeito, disciplina, honestidade, responsabilidade, amizade, justiça, solidariedade e cidadania através do esporte.

Em ano de Pan-americano no Brasil, o esporte pede socorro para não ser acabado nas escolas públicas, por causa da interpretação equivocada da LDB e por dirigentes incompetentes que passaram nos últimos anos a frente do desporto escolar. Precisamos reconhecer e corrigir os erros passados para assumirmos atitudes concretas a melhorarmos a prática esportiva. Professores, alunos, pais e a comunidade sergipana agradecem.

Por José Costa
Professor de Educação Física
CREF 000245-G/SE

O esporte na escola pública

Tenho 30 anos de vivência no esporte escolar e sou de uma época que o esporte na escola particular era bom, mas o da escola pública era muito melhor. Nas décadas de 70, 80 e meados de 90, os grandes campeões dos Jogos da Primavera e em diversos esportes foram os colégios públicos como o Atheneu, Castelo Branco, Murilo Braga de Itabaiana, Costa e Silva, Tobias Barreto e tantos outros, com os atletas participando com entusiasmo e motivação e nas aberturas dos jogos na Avenida Barão de Maruim ou no Batistão, milhares de pessoas se aglomeravam para ver o desfile dos atletas e não era necessário levar banda da Bahia para ter público, como acontece nos dias de hoje.

De lá para cá, foram acabados os jogos Infantis, o campeonato escolar de esportes e os jogos da primavera, que foram substituídos pelos fadados jogos das escolas públicas; em 2004, os jogos da primavera foram reativados com outro regulamento, onde no esporte coletivo classifica-se apenas uma escola particular e três públicas para disputar as semifinais e finais; só desta maneira a escola pública tem condições de ganhar mais medalhas que a particular. Antigamente as escolas públicas e particulares se enfrentavam desde o início da competição, com as públicas obtendo os melhores resultados; para se ter um exemplo, neste ano pela disputa da seletiva dos JEB’s nos esportes coletivos, das 16 equipes campeãs classificadas para representar o Estado, treze foram escolas particulares e apenas três escolas públicas, isto graças ao trabalho abnegado de alguns professores; se o regulamento dos JEB’s de 20 anos atrás fosse o de hoje, o Estado seria representado por 80% de escolas públicas, ao contrário dos dias atuais.

Esta é a real situação do esporte na escola pública agravada com as mudanças que ocorreram nas aulas de educação física e de esportes com a nova LDB, a partir de 1996, onde as aulas foram reduzidas de três para duas e no mesmo turno de aula; as turmas tornaram-se mistas e com mais de quarenta alunos e o esporte se tornou privilégios de poucos, pela diminuição das turmas de esportes e aumento das turmas de educação física para os professores trabalharem. A nova tendência da educação física que enfatiza a teoria mais do que a prática esportiva está tirando a motivação e o prazer do aluno praticar algum esporte. Nas escolas públicas o material esportivo é escasso e em sua maioria não tem quadra esportiva, principalmente as do interior, para os alunos ter aulas de educação física e esporte; impondo aos professores a aula teórica na sala, por não ter o espaço físico necessário para as aulas práticas; é por isto que o Estado não tem um programa de conteúdos para as aulas de educação física; como vai exigir que um professor ensine basquete se na sua escola não tem as tabelas; aula de judô, se não tem tatame; natação, se não tem piscina; atletismo, se não tem pista, etc; enquanto isto, a maioria das escolas particulares tem ginásio de esportes ou quadra, piscina, material esportivo abundante e treinam suas equipes três vezes por semana ou mais. Nos dias de hoje, dá para a escola pública competir de igual com a particular?

Saudades dos tempos áureos do esporte nas escolas públicas, e que nos últimos anos foi desprezado e desmotivado pelos dirigentes escolares. Que a partir de 2007, o esporte através da educação física seja valorizado, os professores da rede pública tenham melhores condições de trabalho e que possam lentamente colocar o esporte em seu devido lugar, como era em tempos atrás.

Por José Costa
Professor de Educação Física
CREF 000245-G/SE

Homenagem da SEED ao Professor José Costa

Zé Costa é homenageado pela SEED

O professor e técnico de basquetebol José Costa (Zé Costa) foi um dos três educadores homenageados pela Secretaria de Estado da Educação, durante a solenidade de abertura do IX Encontro Estadual de Educação Física, que acontece desde a última terça-feira, em Aracaju. A cerimônia, que marcou a inauguração do evento, contou com a presença do secretário José Lima e importantes personalidades ligadas à área de educação. A placa de homenagem foi entregue pelo professor Pedro Jorge, Diretor do Departamento de Educação Física da UFS, que, na oportunidade, ressaltou os relevantes serviços prestados pelo discente itabaianense, à área de educação física em nosso Estado. Empolgado, Costa agradeceu o ato de gratidão. “Sinto-me na obrigação de compartilhar esta homenagem com os meus colegas e milhares de alunos e ex-alunos dos colégios Estadual Murilo Braga, Salesiano, Graccho Cardoso e Dom Bosco”, enfatizou ele. Na placa de homenagem a inscrição encontrada é a seguinte: “Ao servidor JOSÉ COSTA os cumprimentos da Secretaria de Estado da Educação de Sergipe de profícuo trabalho, durante os quais mostrou inigualável senso de responsabilidade, determinação, respeito aos colegas e aos alunos.”

Jornal da Cidade - Publicada: 25/10/2008