Você já deve ter ouvido de seu cardiologista ou percebido
isso na esteira de sua academia: quanto mais jovem você for, maior é a
frequência de batimentos cardíacos que seu coração consegue aguentar. Mas você
sabe por que, exatamente, isso acontece?
Pesquisadores da Universidade do Colorado, nos Estados
Unidos, oferecem uma nova visão sobre a velha questão do porquê a frequência
cardíaca máxima (também conhecida internacionalmente como “maxHR”) diminui com
a idade. Esta diminuição não só limita o desempenho de atletas à medida que o
tempo passa, mas também é uma das principais causas de admissão de idosos em
casas de repouso. Essas pessoas estariam completamente saudáveis se não fosse
seus corações, que acabam limitando suas atividades e minando a capacidade
física necessária para uma vida independente.
O que significa essa “desaceleração”?
Todo mundo sabe que a capacidade aeróbica diminui com a
idade. Voltamos à tabelinha que indica a sua frequência cardíaca máxima
diminuindo à medida que você envelhece. Os corações mais velhos simplesmente
não podem bater tão rápido quanto os mais jovens – uma pessoa idosa cujo
batimento cardíaco está em 120 por minuto provavelmente está se esforçando mais
do que uma pessoa mais jovem, cujo coração está batendo 150 vezes por minuto.
Um novo estudo realizado por um grupo liderado pelos
pesquisadores Catherine Proenza e Roger Bannister relata que um dos motivos
para a redução da frequência cardíaca máxima em razão da idade é que o
envelhecimento enfraquece a atividade elétrica espontânea do “marcapasso
natural” do coração: o nó sinoatrial.
A dissertação de Eric Larson, pós-graduando do laboratório
de Proenza, no Departamento de Fisiologia e Biofísica, é citada no artigo.
Larson descreve que utilizou uma espécie de exame de eletrocardiograma em ratos
conscientes e descobriu que a frequência cardíaca máxima era menor nos animais
mais velhos, assim como o é em pessoas idosas. “Este resultado não foi
inesperado, mas fato completamente novo foi que o maxHR mais lento dos ratos
velhos se justificava porque as células marcapasso dos indivíduos – chamadas de
miócitos sinoatriais, ou “SAMs”, na sigla em inglês – simplesmente não
conseguiam bater tão rápido quanto os SAMs de ratos jovens”, explica.
Os pesquisadores gravaram os minúsculos sinais elétricos das
células isoladas e descobriram que os SAMs de ratos velhos realmente batem mais
devagar, mesmo quando as células são diretamente estimuladas. O índice mais
baixo dos batimentos cardíacos acontece devido a um conjunto limitado de
modificações na forma de onda do potencial de ação – o sinal elétrico que é
gerado pelas células.
As modificações são provocadas pela alteração do
comportamento de alguns canais de íons nas membranas das células mais velhas.
Canais de íons são proteínas que conduzem a eletricidade através da membrana
celular. Imagine um balão com furos minúsculos que se abrem e se fecham para
deixar o ar entrar e sair – os canais iônicos são como esses buraquinhos.
Como a maioria das descobertas iniciais em ciência básica,
este estudo abre o caminho para outras perguntas e diversas novas pesquisas. No
entanto, ele já indica a possibilidade de que os canais de íons sinoatriais e
as moléculas de sinalização que os regulam se tornem novos alvos de remédios
que visam retardar a perda de capacidade aeróbica com o decorrer da idade.
Por fim, Proenza ressalta que, embora a frequência cardíaca
máxima diminua para todos de forma igual, independentemente de condicionamento
físico, as pessoas podem melhorar e manter a sua capacidade aeróbica em todas
as idades por meio de exercícios físicos. [Medical Xpress]
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