Quando as primeiras notícias sobre casos da “nova
pneumonia” na China começam a circular, em janeiro de 2020, todos queriam
respostas sobre o que estava por trás daquilo e como resolver o problema.
Infelizmente, a demanda por respostas imediatas
causou uma avalanche de supostas curas milagrosas e teorias da conspiração. A
constante atualização de recomendações oficiais dos órgãos de saúde também
contribuiu para desinformação generalizada.
Confira 18 mitos e recomendações ultrapassadas que
circularam ou ainda estão passeando pelos grupos de WhatsApp:
18. Mito: quem já teve COVID-19 está a salvo
Ainda não sabemos se ter o vírus uma vez garante
imunidade vitalícia, então mesmo quem já se recuperou do vírus deve se cuidar e
se comportar como se não tivesse imunidade.
17. Mito: o verão acaba com o problema
Como a epidemia do SARS-CoV-2 começou no inverno na
China, muitos especularam que se tratava de um vírus típico de clima frio e
úmido, e que o verão faria o problema desaparecer.
Esse mito se sustentou por mais tempo do que
deveria, em partes porque as transmissões comunitárias demoraram um pouco para
se iniciar na América do Sul e na África. Esse atraso está mais relacionado à
conexão dessas áreas com a China: há um trânsito entre a China e a América do Sul
muito menor do que entre a China e a Europa.
Estudos das cepas do vírus que se espalharam pelo
planeta mostraram que as cepas dominantes no Brasil vieram da Europa e Estados
Unidos, e não diretamente da China. Esse caminho em zigue-zague atrasou a transmissão
por aqui, mas agora que as Américas são responsáveis por metade dos casos
globais diários confirmados, ninguém mais tem dúvida da transmissibilidade do
vírus no calor.
16. Mito: máscaras são inúteis
A máscara do público geral deve ser de tecido, para
que as cirúrgicas e os respiradores fiquem reservados aos profissionais de
saúde. É importante trocar de máscara a cada quatro horas de uso caso você não
esteja conversando ou a cada duas horas se estiver falando bastante. Portanto,
não se esqueça de levar dois saquinhos quando sair de casa: um com as máscaras
limpas e outro para guardar as que já foram usadas até o momento de lavá-las.
15. Mito: máscaras garantem que você não vá pegar o
vírus
As máscaras atrasam a transmissão do vírus em
populações, mas isso por si só não é garantia de que o vírus não passe de uma
pessoa para outra. As outras medidas como higienização frequente das mãos,
distanciamento social e evitar tocar o seu rosto são importantes.
14. Mito: o vírus foi feito em laboratório
No início da crise muitos acusaram a China de ter
desenvolvido o vírus em laboratório e tê-lo liberado de propósito ou sem querer
no mercado perto de um laboratório que estuda patógenos em Wuhan. Mas várias
pesquisas já confirmaram que o vírus é resultado de evolução natural, e não foi
feito em laboratório.
13. Mito: pacotes transmitem o vírus
A compra de produtos pela internet aumentou com o
fechamento de várias lojas no início do isolamento, e muitos se perguntaram se
os produtos transportados dentro das caixas e envelopes estariam contaminados.
É muito improvável que o vírus do Covid sobreviva a dias ou semanas em
superfícies, portanto não há razão para imaginar que o vírus pegou carona
dentro das caixas de entrega. Quanto à superfície externa, você pode usar uma
luva ou passar um álcool na hora de abrir a caixa.
Mesmo compras recentes ou entrega de comida são
consideradas seguras, já que a transmissão por superfícies é relativamente
baixa.
12. Mito: ingerir água sanitária mata o vírus
Depois da fala do presidente americano Donald Trump
sobre o uso interno de água sanitária para matar o vírus, dezenas de pacientes
chamaram o serviço de ambulância de diferentes cidades por terem ingerido o
produto desinfetante. Beber, injetar ou espirrar água sanitária em uma pessoa é
extremamente perigoso, nunca faça isso.
11. Mito: crianças são imunes ao vírus
A Organização Mundial da Saúde destaca que pessoas
mais velhas e com problemas de saúde pré-existentes têm mais chance de
desenvolver sintomas piores da doença, mas pessoas de todas as idades podem ter
o vírus. Até recém-nascidos já tiveram Covid-19.
Apesar de a maioria das crianças ter sintomas leves
da doença, algumas têm uma síndrome inflamatória multissistêmica que é
considerada grave. Órgãos diferentes do corpo podem ter inflamação, como
coração, pulmão, rins, cérebro, olhos e órgãos gastrointestinais.
10. Mito: pets espalham o vírus
No início do ano muitos questionaram se cachorros e
gatos poderiam contrair e transmitir o vírus entre pessoas da mesma casa ou
entre outros animais de estimação. Estudos mostraram que esse risco é muito
baixo, mas a recomendação oficial ainda é se isolar até dos animais de
estimação caso a pessoa tenha o vírus.
9. Mito: Ibuprofeno piora os sintomas
Durante o mês de março esse medicamento contra dor
foi atacado por supostamente piorar os sintomas da doença. Mas não foram
encontradas evidências científicas disso.
8. Mito: se você não tem sintomas, você não tem o
vírus
Os sintomas do Covid-19 são variados e incluem
febre, tosse, dificuldade para respirar, fadiga, dores musculares, dor de
cabeça, perda de paladar ou de olfato, dor de garganta, náusea, vômito e
diarreia.
Mas mesmo pessoas sem esses sintomas pode ter e transmitir
o vírus. É possível ser assintomático durante a doença toda ou passar por um
período anterior ao aparecimento dos sintomas. Esse segundo grupo é o que mais
transmite o vírus.
7. Mito: beber álcool mata o vírus
Não existe nenhuma evidência que comprove essa
afirmativa. Pelo contrário, o consumo de álcool aumenta a chance de se ter
problemas de saúde.
6. Mito: câmeras de temperatura detectam o vírus
Esses sensores detectam apenas a febre, mas esse
sintoma pode ser indicação de centenas de problemas de saúde diferentes, não
necessariamente ligados ao vírus. Por outro lado, também é possível que uma
pessoa contaminada pelo covid-19 não apresente febre porque está
pré-sintomático, assintomático ou simplesmente porque tomou medicamento
antitérmico.
Portanto, as câmeras térmicas são apenas uma
precaução para tentar identificar pessoas que possam estar com o vírus e que
ainda não perceberam que estão com febre.
5. Mito: antibióticos podem prevenir e matar o vírus
Antibióticos matam bactérias, e não vírus. Eles até
podem ser usados no tratamento contra algumas complicações do Covid-14, mas não
são a solução para todos que contraem o vírus.
4. Mito: redes 5G espalham o vírus
As redes de 5G são o alvo favorito de alguns grupos
que gostam de teorias da conspiração. Eles colocam a culpa de todos os
problemas do mundo nessas redes, afirmando que a radiação originada dela
causaria o vírus.
Outras mentes mais criativas ainda dizem que o
lockdown de algumas regiões foi uma mentira contada pelo governo para que
ninguém testemunhasse a instalação de torres de 5G.
3. Mito: se você puder prender a respiração por 5
segundos, você não tem o vírus
Durante o mês de março a afirmação de que quem
conseguiria segurar a respiração sem tossir estaria livre do vírus circulou nas
redes sociais. Esse suposto “autodiagnóstico” instantâneo na realidade é
inútil, uma vez que são necessários exames médicos, de imagem ou de laboratório
para isso.
2. Mito: tomar um banho quente mata o vírus
Tanto a água quente quanto a água gelada são
incapazes de matar o vírus por si só. É necessário usar sabão para matá-lo, mas
se o vírus já estiver dentro do corpo, lavar a pele com água e sabão não vai
impedir a infecção que já está em curso.
1. Mito: secadores de mão matam o vírus
Secadores de mão não matam o vírus mas há notícias
promissoras sobre a luz UV para desinfecção de superfícies. Entre as opções de
secar as mãos com papel descartável ou com secador de mão em um banheiro
público, escolha o papel, e seque bem as dobrinhas. Mãos molhadas transmitem
com mais facilidade vírus e bactérias. [Huffpost]
Fonte: https://hypescience.com/18-informacoes-falsas-sobre-o-coronavirus-que-ja-nao-enganam-mais-ninguem/
- Por Juliana Blume