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terça-feira, 5 de fevereiro de 2019

Ar-condicionado causa ‘choque térmico’? Médico responde mitos e verdades


Saiba como se proteger quando o calor lá fora está forte e o escritório, gelado

Nos últimos dias as altas temperaturas têm causado desconforto em muita gente e uma das maneiras de aliviar o calorão é se abrigar em um ambiente com ar-condicionado.

Ainda que ajude, o “oásis” pode assustar. O famoso “choque térmico” causa preocupação e é motivo de dúvidas frequentes. Afinal, tem problema entrar e sair de um ambiente com temperaturas tão diferentes?

O médico Fausto Nakandakari, otorrinolaringologista do Hospital Sírio Libanês, respondeu essas e outras perguntas. Confira:

Como o ar-condicionado contribui para causar o choque térmico?

O ar condicionado contribui no sentido de oferecer um clima artificial de queda brusca de temperatura num ambiente, como escritórios e shoppings, por exemplo.

Quais as consequências de um choque térmico em temperaturas variantes?

Não há comprovação científica de que o choque térmico é o causador de problemas tais como quadros alérgicos ou resfriados comuns. No entanto, a crença popular nos induz a achar que o ar condicionado é o vilão para os problemas respiratórios, nariz escorrendo, dor de garganta, piora da voz e falta de ar.

O que há de concreto nesse sentido é que o paciente exposto num calor intenso não se protege tanto do frio como deveria e vai trabalhar com roupas mais leves. Chegando ao escritório, com o ar condicionado bem forte e sem a proteção adequada, ele passa a apresentar tais sintomas por não estar tão protegido. Caso ele estiver bem protegido, com blusa de frio, por exemplo, provavelmente devam minimizar os efeitos do ar condicionado.

Quais as doenças provocadas por essa situação?

Doenças infecciosas do trato aéreo respiratório superior principalmente. Tais como resfriados comuns, gripe, sinusites, faringites, amigdalites e as laringites agudas.

Pode levar à morte? Em que situações?

Algumas doenças como as gripes e outras situações em casos raros e grave podem levar a óbito, sim. Os extremos de idade, bebês e idosos, são os mais afetados. Por isso, as campanhas de vacinação de gripe abordam principalmente essas idades.

Qual a temperatura ideal do ar-condicionado para não haver um choque quando sair à rua?

A temperatura ideal deve girar em torno de 23 graus. No entanto, quem fica bem próximo da grelha de saída de ar tem temperaturas menores do que essas e quem fica longe da grelha pode ter temperaturas maiores. Além disso, normalmente o homem tem mais calor que as mulheres por deposição de tecido de gordura maior e questões hormonais também. Daí a “briga” por colocar o ar condicionado mais potente ou por desligá-lo.

O que fazer se no ambiente de trabalho, por causa do ar-condicionado, meu nariz escorre?

O problema do ar condicionado no trabalho é algo corriqueiro. Sugiro que você não fique na frente e/ou embaixo da saída do ar condicionado onde sai o ar mais gelado. Troque de lugar com alguém que tenha mais calor. Se isso for impossível, sugiro que você vá bem agasalhada ou leve uma blusa para o trabalho. Se mesmo assim não estiver melhor, é hora de procurar um otorrinolaringologista para otimizar o seu tratamento.


quarta-feira, 22 de agosto de 2018

Ar-condicionado faz mal? Veja o que dizem os especialistas


Seja dentro do carro durante o verão ou nos escritórios, onde podem gerar polêmica pela diferença no nível de frio e calor que as pessoas sentem, o ar-condicionado é um personagem recorrente da vida moderna. Há quem goste e há quem odeie, e entre os seus inimigos, um dos argumentos é que estas máquinas podem causar doenças ou piorar condições já existentes, mas será que isso é verdade?

O portal Gizmodo, em sua sessão Giz Asks, em que faz a mesma pergunta para diversos especialistas, levantou este debate. O veredito é que sim, os ar-condicionados podem causar doenças, mas são casos muito raros. Veja as respostas:

“Isso é raro. A grande questão se resume à condensação e ao potencial de desenvolvimento de biofilmes (comunidades de bactérias) dentro do ar-condicionado, e do ventilador disseminar essas bactérias para o ar. Há também um problema por causa da umidade: alguns dos ar-condicionados mais antigos tinham panelas de condensação, onde a água apenas se acumulava e ficava ali. Outro problema é o mofo – a exposição a ele pode desencadear uma reação alérgica e, potencialmente, uma infecção respiratória. Mas a grande maioria dos casos documentados não são surtos: eles são isolamentos de bactérias ou biofilmes”, diz Scott Meschke, professor de Ciências do Trabalho e da Saúde da Universidade de Washington.

“Depende da doença e do ar-condicionado. Qual doença? E qual ar-condicionado? Em primeiro lugar, “ar-condicionado” é um termo bastante amplo. Estamos provavelmente mais conscientes dos ar-condicionados “secos”. Os ar-condicionados de ciclo reverso nas residências não usam água e liberam ar seco. Do ponto de vista da doença, isso dificulta a sobrevivência de microorganismos. Estes seres fazem tudo na água – por isso, as doenças bacterianas em ar-condicionados “secos” nunca acontecem. O sistema em si é muito hostil para eles sobreviverem. Portanto, os ar-condicionados secos não causam doenças.

Os ar-condicionados úmidos são menos conhecidos. Eles usam principalmente água para resfriar o ar por evaporação. Edifícios maiores usam um sistema mais complexo que recicla a água através de um dispositivo e usa a água resfriada para resfriar um refrigerador que, por sua vez, resfria o ar. É muito semelhante ao ar-condicionado do seu carro, que usa o radiador para resfriar o refrigerador que fornece ar frio. Estes são chamados de torres de resfriamento, e quase todos os grandes edifícios tem um (ou mais) que fornecem ar-condicionado.

Naturalmente, uma vez que você tenha um sistema “úmido”, as bactérias e outros seres crescerão. Isto é principalmente onde o problema ocorre. A água usada para resfriamento aquece e coleta a sujeira do ar externo (leia-se “alimento para germes”), o que a torna ideal para o seu crescimento. Como esses sistemas precisam ter exaustão, o ar úmido é soprado para o meio ambiente. Os germes são então transportados no ar úmido.

Dependendo do germe e da pessoa que respira o ar úmido, isso pode causar doenças. A doença do legionário (causada pela bactéria Legionella) é provavelmente o melhor exemplo disso. Ar de sistemas de ar-condicionado úmidos é inalado e causa infecção em pessoas suscetíveis. Nem todo mundo fica doente – apenas aqueles cuja saúde não é a melhor. Surtos de “torres de resfriamento” podem afetar centenas de pessoas porque o ar úmido e cheio de bactérias pode viajar quilômetros longe da fonte e ser inalado. Curiosamente, a maioria das pessoas que ficam doentes está fora do prédio. As pessoas com ar-condicionado dentro do prédio não são infectadas, porque não respiram a exaustão da torre de resfriamento. Portanto, a doença dos legionários é o problema de alto perfil que causa doenças em aparelhos de ar-condicionado úmidos”, respondeu Richard Bentham, professor de Biologia da Universidade Flinders.

Arthur Frank, professor de Saúde Ambiental e Ocupacional da Universidade Drexel, também cita a doença do legionário, mas diz que sistemas menores de ar-condicionado também podem fazer mal. “O clássico, claro, é a doença do legionário, que você obteria de grandes sistemas de ar-condicionado. (Um caso) foi descrito pela primeira vez na Filadélfia, no Hotel Bellevue – o sistema de água estava contaminado com organismos Legionella, muitas pessoas adoeceram e várias morreram.

Mas os aparelhos de ar-condicionado individuais também podem causar problemas às pessoas. Quando eu era estudante de medicina do quarto ano, fazendo uma aula eletiva no Instituto Nacional do Câncer, aprendi sobre um jovem com leucemia que estava sendo tratado lá. Ele chegava ao hospital com febre, haveria a preocupação de que ele tivesse uma infecção, eles o tratavam vigorosamente por alguns dias com antibióticos, e então sua temperatura baixava. Eles não conseguiam encontrar qualquer fonte de um organismo, então eles o mandavam para casa, e ele rapidamente adoecia novamente. Finalmente alguém fez uma visita à sua casa e descobriu que o sistema de ar-condicionado estava carregado de bactérias e fungos, e ele respondia a isso toda vez que ia para casa com um pico de febre.

Portanto, unidades individuais de quartos podem expelir bactérias e fungos com as quais as pessoas também podem ficar doentes, mas é bastante incomum. Se fosse comum, considerando todos os sistemas de ar-condicionado que temos nos Estados Unidos, muito mais pessoas ficariam doentes com isso.

E você tem que equilibrar os riscos. Há uma taxa de mortalidade normal e previsível nos Estados Unidos, mas as duas coisas que a aumentam são uma temporada de gripe particularmente ruim no inverno ou uma onda de calor prolongada no verão. Os ar-condicionados podem proteger as pessoas, além de deixá-las doentes”, pondera.

“Sim: sistemas de ar-condicionado podem deixar você doente. Principalmente por causa do crescimento de microorganismos, incluindo Legionella, nos sistemas de água que são usados ​​no ar de resfriamento. Isso pode ocorrer com outras fontes de água também – os surtos de Legionella foram associados a muitas fontes, incluindo spas e aquários.

A questão que realmente importa é: qual a probabilidade de você ficar doente com um ar-condicionado? Existem centenas de milhões de aparelhos de ar-condicionado residenciais e comerciais nos EUA. Pense em quantas vezes você entra em um prédio refrigerado. Em 2016, os Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) relataram cerca de 6.100 casos de doença do legionário (embora as autoridades de saúde pública acham que isso é provavelmente uma quantidade menor de casos reais) na população americana de cerca de 320 milhões de pessoas. Isso sugere que o risco de uma pessoa aleatória ficar doente é muito pequeno.

É importante notar que o CDC diz que o risco não é distribuído uniformemente, com pessoas com mais de 50 anos, fumantes atuais ou passados, e aqueles com sistema imunológico enfraquecido ou doença crônica tendo maior risco”, opina George Gray, professor de Saúde Ambiental e Ocupacional da Universidade George Washington. [Gizmodo]