Esteja sempre atento aos três alicerces da boa saúde do
corpo e da mente: sono, alimentação e atividade física
Cuidar da saúde começa pelos pequenos hábitos
cotidianos. Se você deseja garantir a saúde física emental, melhorar
o funcionamento cerebral, aproveitar o descanso e melhorar
a disposição, além de diminuir as chances de ter depressão ou
aprimorar os resultados dos tratamentos, coloque em prática as dicas a seguir:
Durma bem
O bom sono é fundamental para a saúde. Nos quadros
de depressão, é mais importante ainda. E não à toa, já que cerca de 90% dos
pacientes relatam alguma perturbação, e as queixas mais comuns são dificuldades
em iniciar o sono, vários despertares durante a noite sem conseguir voltar a
dormir ou despertar precoce. “O ideal é dormir à noite pelo menos
durante seis horas e meia, e ficar acordado e em atividade
físico-intelectual durante o dia”, orienta Fernando Gomes Pinto, neurocirurgião
do Hospital das Clínicas de São Paulo. Em aproximadamente 10% a 20% dos casos,
pacientes depressivos podem se queixar de excesso de sono. Apesar de
a insônia ser mais prevalente, a sonolência excessiva também é um transtorno do
sono que faz com que o paciente busque tratamento médico. As causas dos
transtornos de sono na depressão têm uma série de motivos combinados, por isso
os estudos são importantes, para investigar a doença e descobrir novos
tratamentos.
Bebida, só socialmente
Um estudo da Universidade de Otago, Nova Zelândia, que foi
publicado na revista Archives of General Psychiatry, com mais de mil pessoas,
mostrou que existe uma relação entre o consumo de álcool e o risco de
sofrer de uma depressão profunda. Ou seja, abuso de álcool está ligado a
aumento do risco de sofrer depressão severa. Segundo os pesquisadores, os
indivíduos com dependência alcoólica têm probabilidade 1,9 vez maior de
desenvolver um distúrbio psiquiátrico grave em comparação com os que não bebem.
O consumo de álcool gera alterações fisiológicas no trato
gastrointestinal, prejudicando aabsorção de nutrientes como as vitaminas
do complexo B, vitamina D, além de interferir em seumetabolismo e aumentar
a excreção de vitamina C, magnésio, zinco, selênio, podendo causar danos
cerebrais. O ideal é não beber todos os dias e procurar não consumir mais de
quatro doses com frequência, segundo a Associação Brasileira de Estudos do
Álcool e Outras Drogas (Abead).
Mexa o corpo
Os efeitos benéficos da atividade física nas
funções cerebrais em pacientes com depressão acontecem mediante o processo
de neuroplasticidade, ou seja, pela capacidade do cérebro em se ajustar à
dinâmica dos neurônios. Diversos estudos têm mostrado os efeitos benéficos do
exercício no cérebro humano, mostrando que a atividade física age
no tratamento e diminuição dos sintomas da depressão. “Vale
lembrar que existem períodos de remissão da depressão em que os pacientes deve
ser iniciada a atividade física, porque é quando a pessoa sentirá a motivação
mínima para sair da inércia”, explica Sergio Machado, educador físico
especializado em Psiquiatria e Saúde Mental e pós-doutor em Neurociência da
Atividade Física. Entre os principais efeitos da atividade física estão
a liberação de endorfina e dopamina, que
causam relaxamento, além das alterações no fluxo sanguíneo e no
metabolismo de áreas cerebrais, como o córtex pré-frontal, que está relacionada
às funções cognitivas (tomada de decisão, planejamento e atenção)
e hiperatividade da região pré-frontal (pensamentos tristes).
Corpo no peso certo
Cerca de 30% das pessoas que procuram tratamento para perder
peso sofrem de depressão, segundo dados do Hospital das Clínicas de São Paulo.
Um dos maiores problemas gerados pela relação entre obesidade e
depressão está no ciclo que se inicia: a pessoa come para compensar a
tristeza, e, consequentemente, isso mantém o processo de ganho de peso, que
gera a tristeza, e por aí vai. Pelo menos 40% dos obesos têm o transtorno do
comer compulsivo, sendo que, desse total, três quartos dos pacientes têm,
tiveram ou vão ter depressão. Umadieta saudável, segundo a Organização Mundial
da Saúde (OMS), tem aproximadamente 55% de carboidrato, no máximo 30% de
gordura e pelo menos 15% de proteína. Fernando Gomes Pinto sugere “ingerir
alimentos saudáveis lembrando da regra dos 3: realizar 3 refeições maiores e
outras 3 menores nos intervalos; comer de 3 em 3 horas. Com isto, o nível de
glicose no sangue fica mais constante e o trabalho do cérebro é facilitado”.
Aceitar ajuda
A depressão é um transtorno que afeta toda a família, e
o apoio familiar é importante para incentivar os pacientes a retomar
as suas atividades da vida diária. As pessoas deprimidas podem despertar
sentimentos de frustração, culpa e até mesmo
de raiva nos familiares, que, se não souberem lidar com isso, podem
guardar ressentimento ou ter dificuldade de entender os problemas da pessoa
deprimida. Uma opção para familiares e amigos que não conseguem lidar bem com o
paciente é procurar orientação especializadapor meio de terapia
familiar, que ajuda a entenderem melhor os complexos aspectos envolvidos na
depressão.
Fonte: http://revistavivasaude.uol.com.br/bem-estar/dicas-para-ter-uma-boa-saude/795/
- Texto: Revista VivaSaúde especial Depressão / Foto: Danilo Tanaka /
Adaptação: Ana Paula Ferreira