De acordo com o INCA, o total de fumantes no Brasil corresponde a 17,2% da população acima dos 15 anos. Um casal de fumantes pode gastar até R$ 1.543,20 por ano.
O nome do aparelho é cromatógrafo. É usado em laboratório para identificar qualquer tipo de elemento químico. Nossa reportagem queimou um cigarro dentro de um frasco. Na fumaça, a máquina identificou mais de 100 substâncias. Metais como manganês e níquel, usados na fabricação de pilhas e baterias. Combustíveis como o etanol, vários tipos de ácidos e até naftalina, o veneno contra inseto. A piridina é uma parte da nicotina - usada até em agrotóxicos. É ela que causa a dependência.
Cada cigarro tem, em média, um miligrama de nicotina o que daria para matar dez camundongos se fosse injetado diretamente no sangue. Três maços têm, em média, 60 miligramas de nicotina. Se essa dose fosse aplicada na veia poderia matar uma pessoa adulta.
Na opinião do pneumologista, Josias Cavalcante, a nicotina é o principal vilão do cigarro. “Cada tragada dá um impacto no sangue e cada tragada que você dá as artérias se contraem, depois volta. Agora, multiplique isso por vinte cigarros por dia: são duzentos impactos. Multiplique por vinte anos de cigarro: vai dar 74 mil impactos”.
O monóxido de carbono da fumaça é outra substância perigosa. É o mesmo gás que sai do escapamento de automóveis. O aparelho mede a presença do monóxido de carbono no pulmão. Uma pessoa que não fuma tem só uma partícula por milhão. Durante a tragada, o pulmão de Luiz Gonzaga de Lima, mecânico de refrigeração, tem 55 partículas por milhão. O índice aceitável é em torno de seis. "Preocupa um pouco. A gente sabe que faz mal”, diz.
No sangue, o monóxido de carbono ocupa o lugar do oxigênio. Provoca a famosa falta de fôlego no fumante e uma lista enorme de outras doenças. "A doença pulmonar obstrutiva crônica, que é caracterizada pela bronquite crônica e pelo enfisema, assim também para as doenças cardiovasculares como angina, infarto e os acidentes vasculares cerebrais", explica Penha Uchoa, pneumologista.
De acordo com a Pesquisa Especial de Tabagismo (PETab), preparada pelo INCA (Instituto Nacional de Câncer), o total de fumantes no Brasil corresponde a 17,2% da população acima dos 15 anos. Os percentuais de fumantes são maiores entre os homens (21,6%), entre as pessoas de 45 a 64 anos (22,7%), entre os moradores da região Sul (19%), os que vivem em área rural (20,4%), os menos escolarizados (25,7%) e os de menor renda (23,1%).
Dados da PETab revelaram que uma família composta por um casal de fumantes, entre 45 e 64 anos, residente em uma cidade do Sudeste do país gasta, por mês, R$ 128,60 somente com a compra de cigarros. Por ano, a despesa chega a R$ 1.543,20.
Métodos para parar de fumar
- Parada imediata
Você marca uma data e nesse dia não fumará mais nenhum cigarro. Esta deve ser sempre sua primeira opção.
- Parada gradual (2 métodos)
Você pode reduzir o número de cigarros. Por exemplo: um fumante de 30 cigarros por dia, no primeiro dia fuma os 30 cigarros usuais; no segundo, 25; no terceiro, 20; no quarto, 15; no quinto, 10; no sexto, 5. O sétimo dia seria a data para deixar de fumar e o primeiro dia sem cigarros.
Outra forma é retardando a hora do primeiro cigarro. Por exemplo: no primeiro dia você começa a fumar às 9h; no segundo, às 11h; no terceiro, às 13h; no quarto, às 15h; no quinto, às 17h; no sexto, às 19h. No sétimo dia seria a data para deixar de furmar e o primeiro dia sem cigarros.
A estratégia gradual não deve gastar mais de duas semanas para ser colocada em prática, pois pode se tornar uma forma de adiar, e não de parar de fumar. O mais importante é marcar uma data-alvo para que seja seu primeiro dia de ex-fumante. Lembre-se também que fumar cigarros de baixos teores não é uma boa alternativa. Todos os tipos de derivados do tabaco (cigarros, charutos, cachimbos, cigarros de Bali, etc) fazem mal à saúde.
Alessandro Torres Fortaleza, CE
As informações são do INCA.