Seja você homem ou mulher, fazer sexo provavelmente
já foi seu objetivo algum dia em sua vida – talvez em mais de um, talvez em
todos. Mas nem sempre é fácil conseguir alguém que queira transar com você.
Seja porque você é muito tímido, ou porque acha que nenhum cara vale a pena, ou
porque acha que vai se arrepender de um sexo casual, há muitos motivos para não
conseguir sexo. Mas algumas das coisas que acreditamos e que impedem que
conheçamos alguém não possuem nenhum embasamento científico. Pelo contrário, a
ciência mostra que eles são verdadeiros mitos que estão apenas atrapalhando
nosso caminho em direção à felicidade – ou pelo menos a uma boa noite de sexo.
A lista abaixo mostra respostas científicas para
cinco medos que as pessoas costumam ter quando se trata de sexo e de relações
com outros seres humanos.
5. Homens e mulheres se sentem atraídos por
diferentes tipos de abordagens
Muitos homens e muitas mulheres têm dificuldade na
hora de conhecer alguém. Principalmente no que diz respeito ao que falar para
começar a conversa. Essa é uma parte crucial de qualquer relação humana, e pode
realmente ser difícil encontrar as palavras certas. Mas se a ciência pode dizer
algo a respeito disso é: conheça seu público.
Em um estudo feito na década de 80, pesquisadores
analisaram a eficácia de 100 cantadas em várias configurações diferentes,
incluindo bares, supermercados, restaurantes, lavanderias e praias. Eles
encontraram três categorias principais: cantadas diretas, que são honestas e
vão direto ao ponto (por exemplo, “eu sou um pouco tímido, mas eu gostaria de
conhecê-la”), cantadas inocentes, que escondem as verdadeiras intenções da pessoa
(“por exemplo,”o que você acha dessa banda?”), e cantadas irreverentes, que
envolvem humor, mas muitas vezes de maneira barata e não autêntica (exemplos
não faltam, do nível “Seu pai é padeiro? Por que você é um sonho!” para baixo)
Homens e mulheres envolvidos no estudo concordaram
que as cantadas irreverentes eram menos atraentes. As mulheres, no entanto,
preferiam as cantadas inocentes e tinham uma maior aversão às cantadas
irreverentes do que os homens, enquanto os homens preferiam as abordagens mais
diretas do que as mulheres.
Essas preferências, no entanto, estão relacionadas a
pessoas que têm em mente relacionamentos longos. Quando o interesse é apenas
sexual, é diferente. Um estudo realizado com estudantes universitários
descobriu que as mulheres estavam dispostas a ter uma caso de curto prazo com
os homens por quem estavam atraídas independentemente do conteúdo de suas
cantadas. As diferenças individuais mais estáveis também desempenham um papel.
Pessoas extrovertidas e mais voltadas para relações não duradouras são mais
receptivas ao humor e cantadas mais sexuais.
O estado mental das pessoas também é um fator
decisivo na hora de respondermos às abordagens. Em um estudo recente, 99 alunos
de graduação receberam uma tarefa de escrita de cinco minutos na qual eles
foram convidados a descrever uma viagem recente. Alguns alunos não puderam usar
as letras A ou N em qualquer parte da história, enquanto outros não receberam
nenhuma restrição cognitiva. Após a tarefa de redação, os participantes analisaram
a imagem de uma atraente pessoa do sexo oposto e avaliaram como responderiam se
a pessoa se aproximasse delas usando uma das três categorias de cantada:
direta, inocente e irreverente.
Aqueles cujos cérebros foram cognitivamente exigidos
estavam menos receptivos a cantadas irreverentes em comparação com os que não
foram. As pessoas do grupo esgotado eram mais propensas a pedir a quem usasse
esse tipo de cantada que os deixasse em paz ou ignorar a cantada. Em contraste,
os alunos esgotados estavam menos propensos a ignorar a pessoa e pedir que a
pessoa os deixasse em paz caso uma cantada inocente fosse usada. A
receptividade às cantadas mais diretas não foi afetada pelo esgotamento
cognitivo. Havia também efeitos de gênero consistentes com a pesquisa anterior.
Nesta pesquisa, os homens também estavam mais receptivos a cantadas diretas, e
as mulheres mais receptivas a cantadas inocentes. Além disso, as mulheres eram
menos receptivas a cantadas irreverentes.
Os pesquisadores acreditam que, quando se trata de
cantadas irreverentes, é necessário menos esforço mental para descobrir as
intenções das pessoas. Isso, junto ao fato de que um indivíduo esgotado e fraco
pode ter menos tolerância para tentativas óbvias de aproximação, faz com que
haja uma aversão maior a este tipo de abordagem. Quando se trata de cantadas
inocentes e que não deixam claras as intenções, no entanto, as coisas são muito
mais ambíguas. Isso requer muito mais recursos cognitivos para decifrar a
intenção, às vezes demais. Como os pesquisadores observam, é menos socialmente
estranho que o indivíduo com o cérebro esgotado continue a conversa até que as
intenções da pessoa se tornem mais óbvias.
4. As pessoas não se arrependem tanto assim de sexo
casual
Muita gente evita casos de sexo casual por medo dos
arrependimentos que podem vir depois. Mas, segundo a ciência, este é um medo
sem muitos fundamentos. Claro, sempre é possível se arrepender. Alguns estudos
inclusive comprovam que as pessoas costumam lamentar esse tipo de escolha. O sexo
fora de uma relação romântica também traz menos satisfação do que o sexo
romântico. Porém, estes mesmos estudos mostram que estes sentimentos são
fracos, principalmente quando comparados com a satisfação e a alegria durante e
após o ato sexual.
Para ambos os sexos, o arrependimento pós-sexo não é
particularmente forte. E é muito menor do que os sentimentos de diversão e
prazer que o sexo casual oferece.
Por exemplo, um dos estudos que mostraram o
arrependimento pós-sexo, também mostrou que a grande maioria dos estudantes que
participavam da pesquisa (independentemente da experiência) teve apenas “poucos
arrependimentos” (61%) ou “nenhum arrependimento” (23%) sobre suas decisões
sexuais. E apenas uma minoria relatou “alguns arrependimentos” (13%) ou “muitos
arrependimentos” (3%). Da mesma forma, em outro estudo, com estudantes do sexo
feminino, o arrependimento foi bem abaixo do ponto médio da escala de 1
(nenhum) a 7 (muito), enquanto o prazer estava bem acima do ponto médio da
escala tanto para o sexo romântico quanto para o casual.
Na verdade, praticamente todos os estudos que
avaliaram reações negativas e positivas após conexões descobriram que os
sentimentos positivos são mais fortes e mais frequentes.
3. As mulheres se lembram dos pênis maiores do que
eles realmente são
Essa é para ajudar os homens inseguros em relação a
seus órgãos sexuais. Em um estudo recente, feito no Laboratório de
Psicopatologia Sexual e Neurociência Afetiva (SPAN) da Universidade da
Califórina, em Los Angles, nos EUA, para determinar a importância do
comprimento e da largura do pênis para as mulheres na hora do sexo, descobriu
que elas tendem a superestimar o tamanho dos pênis depois de vê-los pela
primeira vez.
As mulheres receberam um entre alguns modelos de
pênis feitos em 3D e puderam examiná-lo por 30 segundos. Elas foram então
convidadas a escolher o mesmo modelo entre outros 33 modelos, imediatamente ou
depois de completar uma pesquisa de 10 minutos.
Depois de completar a pesquisa de 10 minutos, as
mulheres tendem a superestimar o tamanho do pênis que examinaram anteriormente,
segundo o estudo. Esta descoberta pode ser reconfortante para os homens que são
autoconscientes sobre o tamanho do pénis, disseram os pesquisadores. “Para os
homens que estão considerando uma cirurgia para aumentar o tamanho de seus
órgãos, talvez eles não precisem depois disso, já que as mulheres tendem a
superestimar o tamanho de um pênis que elas viram”, brinca Shannon Leung, uma das
autoras do estudo.
Mais importante: a pesquisa comprovou que a largura
é mais importante para elas do que o comprimento.
2. Rejeições melhoram a intuição
Muitas vezes, as pessoas não tomam atitudes em
relação às outras pelo medo da rejeição. Realmente, não é fácil receber um não.
Mas esse é um caso em que o ditado que diz que o que não nos mata nos deixa
mais fortes está correto. Um estudo recente descobriu que a rejeição pode
melhorar nossa intuição e capacidade de ler os outros.
Os pesquisadores fizeram alguns indivíduos do estudo
escreverem sobre um momento em que eles se sentiram excluídos ou rejeitados,
enquanto outros escreveram sobre algum momento em que eles se sentiram aceitos
e um grupo de controle apenas escreveu sobre o que aconteceu no dia anterior.
As histórias de rejeição incluíam o término com um parceiro ou a um encontro de
amigos para o qual a pessoa não era chamada.
Os participantes então assistiram 20 vídeos rápidos
mostrando uma pessoa com um sorriso falso ou real. Os resultados mostraram que
aqueles preparados para sentir a rejeição distinguiram os falsos sorrisos quase
80% das vezes, em comparação com cerca de 60% dos indivíduos aceitos e do grupo
de controle.
“Esta parece ser uma habilidade que adquirimos
através da evolução”, explica o pesquisador Michael Bernstein, doutorando em
psicologia social na Universidade de Miami, nos EUA. “Viver em grupos há várias
centenas de anos atrás era extremamente importante para a sobrevivência. Ser
expulso do grupo era como a morte, então estes indivíduos ficaram muito bons na
leitura de expressões faciais e pistas sociais”.
Ele aponta que o segredo para esse sucesso está nos
olhos. “Nós acreditamos que as pessoas rejeitadas provavelmente estão se
esforçando mais ao olhar para esses rostos, e elas podem, na verdade, estar
olhando para melhores pontos no rosto. Um sorriso real não é mostrado na boca,
é mostrado nos olhos”, diz ele. “Há músculos ao redor dos olhos que são
indicativos de um sorriso real, enquanto que um sorriso falso apenas requer os
músculos da boca”, explica.
Então, quando somos rejeitados de forma romântica
(ou em qualquer ambiente social), nosso cérebro trabalha mais para se
concentrar no que os rostos de outras pessoas significam. De repente, ficamos
atentos ao que parece ser um sorriso falso ou uma risada forçada,
especificamente porque fomos rejeitados.
1. Ninguém está fazendo tanto sexo quanto você pensa
É comum acreditar que as pessoas ao nosso redor
fazem mais sexo do que nós. Essa impressão provavelmente é aumentada pelos
filmes, séries e novelas, que mostram geralmente personagens com vidas sexuais
muito ativas, em contraste com outros que não se dão tão bem assim – geralmente
nos identificamos com esses, e não com aqueles. Mas essa impressão
provavelmente está errada. As pesquisas mostram que a média de parceiros
sexuais na vida das pessoas não é tão alta assim.
Em uma delas, feita recentemente com 2 mil pessoas
na Europa e nos EUA, mostra que a média de parceiros sexuais para homens é de
6,4, enquanto entre as mulheres o número é de sete parceiros.
No Brasil e na América Latina os números são um
pouco mais altos, mas não absurdos: uma pesquisa feita em 2010 apontou que, no
continente, a média era de 10 parceiros sexuais durante a vida. No Brasil, o
número era um pouco maior: 12. Curiosamente, a mesma pesquisa apontou que
apenas 67,4% das mulheres e 58,6% dos homens admitiram falar a verdade em
relação ao número de parceiros sexuais ao serem questionados.
Em ambas as pesquisas, houve uma tendência dos
homens de aumentarem o número de parceiras, enquanto as mulheres, pelo
contrário, diminuíam seu número, numa clara influência da pressão social que
existe sobre eles, para que sejam “garanhões”, e sobre elas, para que não sejam
muito “fáceis”. [Cracked, Psychology Today, Live Science, O Globo]