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domingo, 26 de agosto de 2018

Ricos trapaceiam, mentem e roubam mais: estudo


Será que o dinheiro torna as pessoas ruins? Essa é uma pergunta justa, quando as manchetes são dominadas por más ações dos ricos e poderosos. Entre fraudes, corrupções e desvios, quanto mais as pessoas têm, parece que mais mentirosas e trapaceiras ficam.

“Para os pesquisadores que estudam riqueza e poder, é desanimador, mas não surpreendente, porque está alinhado com as nossas descobertas. O efeito do poder é, infelizmente, uma das leis mais confiáveis do comportamento humano”, explica Dacher Keltner, psicólogo da Universidade da Califórnia em Berkeley (EUA), que passou décadas estudando riqueza, poder e privilégio.

Nos últimos anos, Keltner e seu aluno de pós-graduação Paul Piff publicaram diversos experimentos que confirmam muitas de nossas piores suposições sobre o poder corruptor da fortuna.

Os estudos
Em um dos experimentos, por exemplo, os pesquisadores se posicionaram em um cruzamento movimentado e rastrearam o modelo de cada carro cujo motorista cortou os outros em vez de esperar sua vez. As pessoas que dirigiam carros caros – como um Mercedes novinho em folha – tinham quatro vezes mais chances de ignorar as leis de direito de passagem do que motoristas de carros baratos, como um velho Honda.

“Há algo sobre riqueza e privilégio que faz você se sentir como se estivesse acima da lei, que permite que você trate os outros como se eles não existissem”, disse Keltner.

Em outro experimento, um pesquisador se passou por um pedestre tentando atravessar a faixa, e observou quais carros paravam conforme a lei exigia, e quais passavam direto por ele. Todos os carros mais baratos pararam, enquanto metade dos carros caros ignorou o pedestre na faixa, mesmo depois de fazer contato visual.



Em um dos achados mais surpreendentes, Keltner e Piff descobriram que os ricos são mais propensos a literalmente tirar doces de crianças. Primeiro, eles pediram a 129 participantes que comparassem suas finanças com pessoas que tinham mais ou menos dinheiro. Em seguida, deram aos participantes um pote de doces e disseram que eles eram destinados a crianças em um laboratório próximo, mas eles poderiam pegar alguns, se quisessem. Aqueles que se sentiram mais ricos depois de comparar suas finanças com pessoas mais pobres pegaram muito mais doces para si mesmos.

Outros estudos
Nas últimas décadas, um crescente corpo de pesquisa tentou capturar e medir os efeitos exatos da riqueza sobre o comportamento e a moralidade.

Entre estudos realizados por outros cientistas, os resultados mostraram que os ricos sonegam mais impostos, traem mais seus parceiros românticos, são mais propensos a furtar, são mais propensos a trapacear em jogos de azar e são frequentemente menos empáticos.

Além disso, em pesquisas com doações para a caridade, muitas vezes as famílias de baixa renda doam maiores proporções de seu salário do que as famílias de renda média e alta.

Todos esses resultados sugerem que a riqueza e o poder tiram as inibições das pessoas, as fazem ter mais comportamentos de risco e sentimentos de direito e invulnerabilidade. Ao mesmo tempo, torna as pessoas menos empáticas e capazes de ver as perspectivas dos outros.

É melhor ser pobre?
Como grande parte da pesquisa psicológica sobre riqueza e poder é relativamente nova, muitos dos resultados ainda estão sendo testados e precisam ser confirmados por mais experimentos.



“Eu não diria que essas questões estão resolvidas. Há divergências sobre o exato efeito da riqueza sobre a ética e quão grande ele é”, disse Michael Kraus, psicólogo social da Universidade Yale (EUA).

Mas o tema é de grande interesse, especialmente com a crescente desigualdade social.
 “Há muitas razões para nos preocuparmos com a ética das pessoas ricas. Mesmo se a pesquisa descobrisse que elas não são mais antiéticas que qualquer outra pessoa, sua influência no mundo é muito maior. Há governos e bancos estrangeiros envolvidos. Você começa a entrar nessa área onde pode afetar todo o país e o curso da democracia”, esclarece Kraus. [ScienceAlert]


segunda-feira, 28 de março de 2016

Uma possível resposta para tanta corrupção no nosso país

A maioria das pessoas provavelmente concordaria que existem algumas ocasiões em que contar uma mentira branca é OK – como quando os pais dizem aos seus filhos que o seu cão de estimação “foi para uma fazenda”. No entanto, onde traçar a linha entre falsidades aceitáveis ​​e não aceitáveis ​​é uma questão complexa, que envolve uma série de argumentos ligados ao debate entre a natureza secular versus o costume.

De acordo com os resultados de uma experiência recente, a honestidade intrínseca de uma pessoa pode ser fortemente influenciada pelo ambiente moral em que ela cresce, fazendo com que pessoas de países corruptos mintam mais facilmente.

Para conduzir o estudo, os pesquisadores examinaram as estatísticas relativas aos níveis de evasão fiscal, políticas fraudulentas e outros indicadores de corrupção, a fim de criar o que eles chamam de um “índice de prevalência de violações de regras (PRV, na sigla em inglês)” para uma série de países no ano de 2003. Eles então realizaram seu experimento com estudantes em idade universitária, que estariam desenvolvendo a sua consciência moral em torno do momento em que estes PRVs estavam sendo relevantes.

Honestidade condicionada
Os participantes, recrutados em 23 países (República Tcheca, Espanha, Itália, Alemanha, Polônia, Colômbia, Áustria, Reino Unido, Suécia, Holanda, Eslováquia, Geórgia, Guatemala, África do Sul, Lituânia, Malásia, Turquia, China, Tanzânia, Marrocos, Quênia, Vietnã, Indonésia) foram convidados a rolar um dado de seis lados, e receberam uma recompensa monetária, dependendo do número que conseguiram, com cinco representando o maior pagamento e seis correspondendo a zero recompensa. Uma vez que ninguém mais além do participante era capaz de ver o dado, os resultados foram inteiramente dependentes de quão honesto cada jogador era.
Assim, não foi possível para os pesquisadores avaliar a honestidade de cada indivíduo, embora, olhando para os resultados relatados por jogadores de cada país, eles foram capazes de julgar os níveis nacionais de honestidade. Por exemplo, uma vez que cada número tem uma chance em seis de aparecer, uma prevalência estatisticamente anormal de números de alta recompensa sendo relatada por jogadores de uma determinada nacionalidade sugere que muitos destes resultados tenham sido fabricados.
Publicando as suas conclusões na revista Nature, os pesquisadores indicam que as frequências improváveis ​​de números de alta recompensa eram muito mais comuns em países com altos índices de corrupção (como Geórgia, Tanzânia, e Guatemala) em comparação com aqueles com baixos índices de corrupção (como Áustria, Holanda e Suécia). Além disso, os jogadores de países com altos PRVs eram consideravelmente menos propensos a relatar um seis – e, portanto, não receber nenhuma recompensa – do que os jogadores de países com baixos PRVs.

Os cinco mais honestos e os cinco mais desonestos
No estudo, os cinco países mais honestos foram:
Lituânia
Reino Unido
Suécia
Alemanha
Itália

Os cinco mais desonestos:
Tanzânia
Marrocos
China
Turquia
Polônia
Globalmente, se você está se perguntando em que lugar o Brasil está no índice de corrupção, de acordo com oTransparency Internacional, nossa posição é a 76ª entre 168 países.

Bola de neve
Com base nestes resultados, os autores do estudo concluem que a honestidade intrínseca pode ser mais forte em pessoas que crescem em países onde a corrupção é incomum. Curiosamente, no entanto, eles não encontraram correlação entre o PRV e a probabilidade de relatar um cinco, o número mais alto de recompensa. Assim, eles sugerem que, enquanto as pessoas de países corruptos podem ser mais propensas a trapacear, elas conscientemente limitam a magnitude de suas mentiras, relatando três e quatro – que proporcionavam recompensas menores – em vez de cinco.
A título de explicação, os pesquisadores sugerem que até mesmo os jogadores desonestos podem achar que mentir é “psicologicamente dispendioso”, o que implica que danifica sua autoimagem. Em uma tentativa de salvar algum orgulho pessoal, os trapaceiros só melhoraram seus resultados a um ponto em que eles sentiam que poderiam justificar. No entanto, também é possível que os jogadores tenham mantido a mentira em níveis menores a fim de não levantar suspeitas, somente relatando pontuações que eles sentiram que poderiam parecer certas e, com isso, se safarem.
Traduzidos para a realidade brasileira, os resultados podem indicar que o senso comum de que a corrupção acontece por causa do famoso “jeitinho” brasileiro pode ser exatamente o contrário: usaríamos tanto uma forma desonesta de lidar com as coisas pelo ambiente corrupto existente no país desde… bem, sempre. Uma grande bola de neve de desonestidade tupiniquim. [I Fucking Love ScienceThe AtlanticDaily Mail]


Fonte: http://hypescience.com/corrupcao/ - por Jéssica Maes

sábado, 21 de abril de 2012

Os maiores escândalos de corrupção do Brasil

Por causa dela, perdemos R$ 12 bilhões em investimentos privados em 2011 – o equivalente a R$ 1,2 mil pagos anualmente por cada trabalhador brasileiro. Conheça os casos mais notórios dos últimos 20 anos*

10. Me dá um dinheiro aí
CASO: Máfia dos fiscais
ROMBO: R$ 18 milhões
QUANDO: 1998 e 2008
ONDE: Câmara dos vereadores e servidores públicos de São Paulo.
Comerciantes e ambulantes (mesmos aqueles com licença para trabalhar) eram colocados contra a parede: se não pagassem propinas, sofriam ameaças, como ter as mercadorias apreendidas e projetos de obras embargados. O primeiro escândalo estourou em 1998, no governo de Celso Pitta. Dez anos mais tarde, uma nova denúncia deu origem à Operação Rapa.

9. Olha essa mesada!
CASO: Mensalão
ROMBO: R$ 55 milhões
QUANDO: 2005
ONDE: Câmara Federal
Segundo delatou o ex-deputado federal Roberto Jefferson, acusado de envolvimento em fraudes dos Correios, políticos aliados ao PT recebiam R$ 30 mil mensais para votar de acordo com os interesses do governo Lula. Dos 40 envolvidos, apenas três deputados foram cassados. A conta final foi estimada em R$ 55 milhões, mas pode ter sido muito maior.

8. Siga aquela ambulância
CASO: Sanguessuga
ROMBO: R$ 140 milhões
QUANDO: 2006
ONDE: Prefeituras e Congresso Nacional
Investigações apontaram que os donos da empresa Planam pagavam propina a parlamentares em troca de emendas destinadas à compra de ambulâncias, superfaturadas em até 260%. Membros do governo atuavam nas prefeituras para que empresas ligadas à Planam ganhassem as licitações. Nenhum dos três senadores e 70 deputados federais envolvidos no caso perdeu o mandato.

7. Pobre Amazônia
CASO: Sudam
ROMBO: R$ 214 milhões
QUANDO: 1998 e 1999
ONDE: Senado Federal e União
Dirigentes da Superintendência de Desenvolvimento da Amazônia desviavam dinheiro por meio de falsos documentos fiscais e contratos de bens e serviços. Dos 143 réus, apenas um foi condenado e recorre da sentença. Jader Barbalho, acusado de ser um dos pivôs do esquema, renunciou ao mandato de senador, mas foi reeleito em 2011.

6. Navalha na carne
CASO: Operação Navalha
ROMBO: R$ 610 milhões
QUANDO: 2007
ONDE: Prefeituras, Câmara dos Deputados e Ministério de Minas e Energia
Atuando em nove estados e no Distrito Federal, empresários ligados à Construtora Gautama pagavam propina a servidores públicos para facilitar licitações de obras. Até projetos ligados ao Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e ao Programa Luz Para Todos foram fraudados. Todos os 46 presos pela Polícia Federal foram soltos.

5. Bilhete premiado
CASO: Anões do orçamento
ROMBO: R$ 800 milhões
QUANDO: De 1989 a 1992
ONDE: Congresso Nacional
Sete deputados (os tais “anões”) da Comissão de Orçamento do Congresso faziam emendas de lei remetendo dinheiro a entidades filantrópicas ligadas a parentes e cobravam propinas de empreiteiras para a inclusão de verbas em grandes obras. Ficou famoso o método de lavagem do dinheiro ilegal: as sucessivas apostas na loteria do deputado João Alves.

4. Cadê o fórum?
CASO: TRT de São Paulo
ROMBO: R$ 923 milhões
QUANDO: De 1992 a 1999
ONDE: Tribunal Regional do Trabalho de São Paulo
O Grupo OK, do ex-senador Luiz Estevão, perdeu a licitação para a construção do Fórum Trabalhista de São Paulo. A vencedora, Incal Alumínio, deu os direitos para o empresário Fabio Monteiro de Barros. Mas uma investigação mostrou que Fabio repassava milhões para o Grupo OK, com aval de Nicolau dos Santos Neto, o Lalau, ex-presidente do TRT-SP. A construção do Fórum nunca foi concluída.

3. Precinho camarada
CASO: Banco Marka
ROMBO: R$ 1,8 bilhão
QUANDO: 1999
ONDE: Banco Central
Com acordos escusos, o Banco Marka, de Salvatore Cacciola, conseguiu comprar dólar do Banco Central por um valor mais barato que o ajustado. Uma CPI provou o prejuízo aos cofres públicos, além de acusar a cúpula do BC de tráfico de influência, entre outros crimes. Cacciola foi detido em 2000, fugiu para a Itália no mesmo ano e, preso em Mônaco em 2008, voltou ao Brasil deportado.

2. Chama o Van Helsing
CASO: Vampiros da Saúde
ROMBO: R$ 2,4 bilhões
QUANDO: De 1990 a 2004
ONDE: Ministério da Saúde
Empresários, funcionários e lobistas do Ministério da Saúde desviaram dinheiro público fraudando licitações para a compra de derivados do sangue usados no tratamento de hemofílicos. Propinas eram pagas para a Coordenadoria Geral de Recursos Logísiticos, que comandava as compras do Ministério, e os preços (bem acima dos valores de mercado) eram combinados antes. Todos os 17 presos já saíram da cadeia.

1. Manda pra fora
CASO: Banestado
ROMBO: R$ 42 bilhões
QUANDO: De 1996 a 2000
ONDE: Paraná
Durante quatro anos, cerca de US$ 24 bilhões foram remetidos ilegalmente do antigo Banestado (Banco do Estado do Paraná) para fora do país por meio de contas de residentes no exterior, as chamadas contas CC5. Uma investigação da Polícia Federal descobriu que as remessas fraudulentas eram feitas por meio de 91 contas correntes comuns, abertas em nome de “laranjas”. A fraude seria conhecida por gerentes e diretores do banco. Foram denunciados 684 funcionários - 97 foram condenados a penas de até quatro anos de prisão. O estado obteve o retorno de arrecadação tributária de cerca de R$ 20 bilhões.

*Valores estimados e atualizados pela inflação

Fontes: Andre Carraro, professor do departamento de economia da Unversidade Federal de Pelotas e especialista em corrupção, Museu da Corrupção, Controladoria-Geral da União, ONG Transparência Brasil, site Consultor Jurídico, Folha de S.Paulo e O Estado de S.Paulo

Fonte: http://mundoestranho.abril.com.br/materia/os-maiores-escandalos-de-corrupcao-do-brasil - por Claudia Lima