Por ser uma doença inflamatória multissistêmica que afeta vários órgãos, principalmente o pulmão e os sistemas hematológico e cardiovascular, podendo comprometer também os rins e o sistema nervoso, as sequelas decorrentes da Covid-19 atingem grande parte dos pacientes, e podem persistir por meses após a infecção pelo vírus. Estudos indicam que até 80% dos recuperados sentem ao menos um sintoma por até quatro meses depois do fim da infecção.
Os males causados por quem já se recuperou da doença
ainda estão sendo desvendados e requerem atenção especial dos serviços médicos,
mas a orientação é que os cuidados não devem ser encerrados após o fim dos
sintomas, conforme alerta a Dra. Giovanna Orrico, infectologista do Centro de
Tratamento da Covid do Hospital Espanhol, em Salvador. “A continuidade do
acompanhamento se faz necessária para garantir o retorno às atividades,
principalmente quando há quadros graves”.
Sequelas e acompanhamento
De acordo com a infectologista, alguns acompanhamentos médicos são indicados, geralmente para quem teve a forma moderada e grave, e com internação em enfermaria ou UTI. Os casos leves habitualmente não necessitam de acompanhamento, apenas em situações específicas, como perda de olfato prolongado, alterações neurológicas ou depressão.
As sequelas mais frequentes e que necessitam de
atenção:
Para quem teve a forma mais grave: fibrose pulmonar,
diminuição da capacidade respiratória, insuficiência coronariana,
tromboembolismo pulmonar, alterações neurológicas, como acidentes
isquêmicos/hemorrágicos e depressão.
Para quem teve a forma mais leve: fadiga extrema,
tonturas, palpitações e mialgia (dores musculares).
Em todos os casos são recomendados exames de
laboratório, como hemograma, função renal, coagulograma e provas inflamatórias
como VHS e PCR.
Exames de imagem podem ser necessários,
principalmente para quem teve quadro de pneumonias graves com fibrose residual.
Exames de avaliação cardiológica e pulmonar são recomendados nos casos que necessitaram de internação hospitalar.
Síndrome
pós-Covid-19
A Organização Mundial de Saúde (OMS) classificou como síndrome o conjunto de sintomas prolongados apresentados por pacientes no pós-covid-19. Alguns dos sintomas mais frequentes:
• Dor de cabeça persistente
• Perda de memória
• Déficit de atenção
• Ansiedade
• Depressão
• Alterações cardíacas, como taquicardia e dispneia
após atividades
• Problemas digestivos
• Insônia
• Fadiga extrema
Dra. Giovanna explica que esta síndrome precisa de
uma abordagem multidisciplinar com médicos, nutricionistas e fisioterapeutas
para reabilitação pulmonar e motora, além de apoio psicológico e psiquiátrico,
principalmente para pacientes que ficaram em UTI por muito tempo. “A Covid
representa um grande desafio para as equipes de saúde, e o esforço coletivo tem
contribuído muito para o retorno mais rápido dos pacientes às suas atividades e
à vida normal”, avalia.
Estudo brasileiro e simpósio OMS
No último mês de fevereiro, a OMS convocou
especialistas internacionais para um simpósio dedicado exclusivamente à
Síndrome pós-Covid-19 para melhor definir a enfermidade, ampliar os
conhecimentos, alinhar métodos de estudos e planejar estratégias globais de
atendimento. O Brasil participou do evento apresentando a pesquisa Coalizão
VII, do Coalizão Covid-19 Brasil, estudo que analisa os impactos a longo prazo
e a qualidade de vida após a alta hospitalar de pacientes que tiveram a doença.
O estudo é um dos nove desenvolvidos pela aliança formada por diversos
hospitais e institutos de saúde no país.
Fonte: https://revistaabm.com.br/blog/sindrome-pos-covid-os-sintomas-que-precisam-de-atencao