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quarta-feira, 12 de setembro de 2018

Exercício físico elimina proteínas tóxicas dos músculos


A descoberta pode auxiliar no desenvolvimento de alternativas para tratar a disfunção muscular induzida pela falta de atividade física - como ficar muito tempo sentado.

Efeitos celulares dos exercícios

Os benefícios que a atividade física traz para a saúde são bem conhecidos, mas os processos celulares responsáveis por esses ganhos só começaram a ficar mais claros há pouco tempo.

Um deles é a relação entre a prática de exercício físico e a prevenção da disfunção muscular. Um tipo bastante frequente de disfunção muscular ocorre quando as células do músculo esquelético - que compõe a maior parte do corpo humano - param de receber estímulos.

Isso ocorre, por exemplo, em casos de lesão no nervo isquiático, ou ciático - geralmente observada em indivíduos que passam muito tempo sentados, como motoristas de ônibus - ou quando se está acamado por longos períodos.

Uma equipe da USP, em parceria com colegas dos EUA e da Noruega, decidiu estudar como exatamente funcionam os estímulos usados para minimizar ou mesmo reverter essa disfunção muscular.

Sistema autofágico

A equipe descobriu que a falta de estímulo ao músculo - pelo ficar muito tempo sentado, por exemplo - ocasiona o acúmulo de proteínas mal processadas dentro das células musculares, o que explica o prejuízo na função do órgão. Esse acúmulo decorre do prejuízo na maquinaria celular responsável por identificar e remover tais "lixos" celulares, conhecido como sistema autofágico.

Uma analogia pode ajudar a entender melhor esse processo de autofagia: "Imagine o músculo trabalhando de modo semelhante a uma geladeira, que precisa receber eletricidade para funcionar. Quando esse sinal é cessado, ao retirar a geladeira da tomada ou bloquear o neurônio que inerva o músculo, rapidamente observamos que a comida (na geladeira) e a proteína (no músculo) começam a estragar em diferentes tempos, de acordo com sua composição," disse o professor Júlio César Batista Ferreira, coordenador da equipe.

Estudando animais de laboratório, a pesquisadora Juliane Cruz Campos demonstrou que o exercício físico é capaz de manter o sistema autofágico em alerta, facilitando sua ação quando necessária - como na disfunção muscular induzida por falta de estímulo.

"A atividade física diária sensibiliza o sistema autofágico, facilitando a eliminação de proteínas e organelas pouco funcionais no músculo. A remoção desses componentes mal funcionais é muito importante, pois quando acumulados tornam-se tóxicos e contribuem para a disfunção ou mesmo a morte da célula muscular," disse o professor Júlio César.


quinta-feira, 14 de novembro de 2013

6 substâncias químicas mais tóxicas presentes em sua casa

Essas substâncias são desreguladores endócrinos que se acumulam no meio ambiente e entram no nosso organismo através do ar, água e embalagens de alimentos

Talvez você nunca tenha ouvido falar em desreguladores ou disruptores endócrinos, mas é possível que já tenha lido, recentemente, algo sobre a proibição, feita pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), de mamadeiras com Bisfenol A (BPA) – substância presente no plástico policarbonato e resina epóxi, e que está associada a diversos problemas de saúde.

Os desreguladores endócrinos são substâncias que estão no meio ambiente e que têm ação no sistema endócrino humano. De acordo com Cristiane Kochi, membro da SBEM-SP (Regional São Paulo da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia), essa ação pode ocorrer por mecanismos diferentes. “Esses desreguladores podem ser naturais ou sintéticos e essas substâncias se acumulam no meio ambiente e entram no nosso organismo através do ar, água, embalagens que acondicionam alimentos e outros produtos usados no trabalho e em casa. Além disso, os desreguladores podem ter passagem pela placenta e pelo leite materno”, explica.

Patrícia Peschel Alves Silva, endocrinologista da Clínica Sete, em Curitiba, destaca que essas substâncias são deletérias à função endócrina, atuando em receptores, na síntese ou nas vias de sinalização destes hormônios. “Com isso podem prejudicar o crescimento, desenvolvimento, função reprodutiva, sistema imunológico, sistema neurológico e até estar relacionados ao desenvolvimento de cânceres”, diz. “Elas podem ser encontradas em pesticidas, eletrônicos, cosméticos, plásticos, itens de cuidado pessoal, alimentos etc.”, acrescenta.

De acordo com Patrícia Silva, a maior preocupação é em relação aos efeitos potenciais da exposição dos disruptores precocemente, intraútero, em bebês, crianças, adolescentes e gestantes. “Novos estudos reportam efeitos sobre o desenvolvimento neural das crianças, má formação genital em meninos, deficit de atenção/hiperatividade em crianças, puberdade precoce, alteração reprodutiva e cânceres relacionados ao sistema endócrino (próstata, mamas, tireoide) e outras desordens”, diz.
  
A endocrinologista Patrícia ressalta que existe cerca de 800 substâncias químicas conhecidas ou suspeitas de serem capazes de interferir na função hormonal, mas apenas poucas delas têm sido investigadas em testes capazes de identificar os seu efeitos. E o maior problema é que, como algumas substâncias estão difundidas no solo, ar, há dificuldades em evitá-las.

Abaixo você confere uma lista com nomes e informações sobre onde são encontrados alguns desreguladores endócrinos:

1. Perclorato
Substância química presente em fogos de artifício, fertilizantes, explosivos. “Pode agir negativamente na formação do hormônio tireoidiano, podendo levar a um quadro de hipotireoidismo (falta do hormônio da tireoide). É muito solúvel em água e leite, podendo, em casos de lactantes, afetar a função tireoidiana do bebê”, diz Patrícia Silva.
Como evitar: Uma forma de evitar a água com perclorato seria optar por filtros de osmose reversa.

2. Lítio
Metal que se oxida rapidamente no ar e nas águas, ligas metálicas, baterias e também é utilizado no tratamento de transtornos bipolares. “Pode causar hipotireoidismo (diminui a formação dos hormônios tireoidianos), alterações em paratireoide e diabetes insipidus”, diz a endocrinologista Patrícia.
Como evitar: Nunca tome medicamentos sem orientação médica. A substância presente neles, se ingerida sem necessidade e de forma irregular, pode ser fatal.

3. Dioxinas
São subprodutos não intencionais de vários processos industriais. “Devido à grande facilidade de se espalharem pela atmosfera, águas e rios, agora estão difusamente presentes no globo. Levam de anos a séculos para serem degradadas e podem ser recicladas no meio ambiente”, diz Patrícia Silva.
De acordo com a endocrinologista, a dioxina mais potente é a 2,3,7,8-tetraclorodibenzo-p-dioxina (TCDD). “Os seres humanos são expostos às dioxinas por via alimentar, através de carnes, peixes e lacticínios. A Agência Internacional para Pesquisa do Câncer classifica a TCDD com um conhecido carcinogênico humano, relacionado a todos os tipos de câncer, sendo um carcinogênico multissítio. Há estudos que a correlacionam ainda com endometriose”, acrescenta e endocrinologista.
Como evitar: Uma forma de evitá-las seria reduzir o consumo de produtos de origem animal, que são mais propícios a serem contaminados pela dioxina nas indústrias.

4. Atrazina
Segundo Patrícia Silva, o pesticida químico atrazina é encontrado na água e nos alimentos, e está relacionado ao aumento da incidência de obesidade em crianças. Além disso, há estudos que o associam à síndrome de Parkinson.
Como evitar: Consumir mais alimentos orgânicos e comprar um filtro de água que remova a atrazina são algumas maneiras de evitá-la.

5. Ftalatos
“Produto difuso no planeta, os ftalatos são usados na manufatura de plásticos vinis flexíveis. A exposição humana se dá pela ingestão, inalação, pela pele. Há estudos mostrando associação com menopausa precoce por mecanismos ainda incertos. Há outras evidências de alteração qualidade do sêmen”, explica a endocrinologista Patrícia.
Como evitar: Para tentar evitá-lo, uma dica seria diminuir o contato com recipientes plásticos, brinquedos e produtos de higiene pessoal que contenham ftalatos.

6. Bisfenol A (BPA)
De acordo com Patrícia Silva, Bisfenol A é uma substância utilizada para fazer policarbonato – que dá origem ao plástico endurecido, transparente -, sendo utilizada na confecção de mamadeiras, garrafas plásticas, copos para bebês e produtos plásticos variados. “Também está presente em resina epóxi que reveste latas e embalagens de alimentos, para aumentar a conservação, e em selantes dentais”, diz a endocrinologista.
O BPA tem estrutura semelhante ao estrogênio (hormônio feminino) e pode reprogramar as células e causar danos à saúde. “Estudos em humanos correlacionam níveis sanguíneos elevados de BPA à obesidade, problemas de tireoide, infertilidade, asma, doenças cardíacas e neurológicas. Já estudos em animais mostram que o BPA pode causar câncer”, diz Patrícia.

A endocrinologista Cristiane Kochi destaca que, recentemente, a Anvisa proibiu no Brasil o uso de mamadeiras com BPA. “Importante ação para reduzir a exposição de crianças a essa substância”, considera.

Em 2010, a SBEM-SP lançou a campanha “Diga não ao Bisfenol A, a vida não tem um plano B” para que a substância fosse banida de produtos infantis e embalagens de alimentos. As orientações para evitar a substância são:

Use mamadeiras e utensílios de vidro ou BPA Free para os bebês;
Jamais esquente no micro-ondas bebidas e alimentos acondicionados no plástico. O bisfenol A é liberado em maiores quantidades quando o plástico é aquecido;
Evite levar ao freezer alimentos e bebidas acondicionadas no plástico. A liberação do composto também é mais intenso quando há um resfriamento do plástico;
Evite pratos, copos e outros utensílios de plástico. Opte pelo vidro, porcelana e aço inoxidável na hora de armazenar bebidas e alimentos;
Descarte utensílios de plástico lascados ou arranhados. Evite lavá-los com detergentes fortes ou colocá-los na máquina de lavar louças;
Caso utilize embalagens plásticas para acondicionar alimentos ou bebidas, evite aquelas que tenham os símbolos de reciclagem com números 3 e 7 no seu interior e na parte posterior da embalagem. Eles indicam que a embalagem contém ou pode conter o BPA na sua composição.

Patrícia Silva ressalta que, apesar da proibição das mamadeiras com BPA, feita pela Anvisa, é fundamental observar se outras embalagens plásticas não contêm a substância, ou seja, se são mesmo “BPA Free”.

A endocrinologista Cristiane Kochi destaca que várias sociedades médicas no mundo têm utilizado o princípio da precaução em relação aos desreguladores. “Ou seja, há uma preocupação com relação aos potenciais efeitos deletérios em nosso organismo, mas ainda sem comprovação científica. Seria importante, portanto, tentar reduzir a exposição a essas substâncias, especialmente de nossas crianças”, finaliza.

Dessa forma, todo mundo já pode começar a fazer a sua parte, evitando, pelo menos, o contato de crianças com o BPA. Além disso, é interessante conversar com seu médico de confiança a respeito dessas substâncias e seguir possíveis orientações para evitar a exposição a elas.