Pesquisadores costumam falar em cinco tipos principais de insônia. Eles são classificados de acordo com o momento em que surgem os sintomas, a frequência e a relação com outros transtornos. Veja o que diz a ciência.
Estudos clínicos e epidemiológicos sobre sono indicam
que a insônia não é um problema único, mas um conjunto de quadros diferentes.
Em linhas gerais, pesquisadores costumam falar em cinco tipos principais de
insônia. Eles são classificados de acordo com o momento em que surgem os
sintomas, a frequência e a relação com outros transtornos. Assim, essa divisão
ajuda a orientar o diagnóstico e o tratamento em serviços de saúde no mundo
todo.
Ao longo das últimas décadas, universidades na Europa,
nos Estados Unidos e no Brasil passaram a investigar a insônia com mais
detalhe. Essas investigações combinando entrevistas clínicas, exames de
polissonografia e questionários padronizados. Ademais, elas alimentaram
classificações internacionais, como a International Classification of Sleep
Disorders (ICSD-3), da American Academy of Sleep Medicine, amplamente utilizada
em centros de pesquisa e ambulatórios especializados desde 2014.
Quais são os cinco tipos de insônia descritos na
literatura científica?
Embora existam variações entre manuais diagnósticos,
muitos trabalhos científicos agrupam a insônia em cinco categorias principal.
São elas: insônia inicial, insônia de manutenção, insônia terminal, insônia
aguda e insônia crônica. Assim, essa forma de organização aparece em estudos de
grupos de sono de instituições como a Universidade de Stanford (Estados
Unidos), a Universidade de Zurique (Suíça) e a Universidade de São Paulo (USP),
entre outras.
Esses tipos não são doenças à parte, mas descrições
dos padrões de dificuldade para dormir. Afinal, em muitos pacientes, mais de um
tipo pode surgir ao mesmo tempo. Por exemplo, dificuldade para pegar no sono
(insônia inicial) combinada com despertares durante a madrugada (insônia de
manutenção). Porém, a classificação facilita a escolha de estratégias
terapêuticas que se adequem mais em ambulatórios de medicina do sono.
Insônia inicial, de manutenção e terminal: como os
pesquisadores diferenciam?
A chamada insônia inicial caracteriza-se pela
dificuldade para iniciar o sono. Estudos do Stanford Center for Sleep and
Circadian Sciences descrevem esse tipo em indivíduos que levam mais de 30
minutos para adormecer, em pelo menos três noites por semana. Assim, esse
padrão é avaliado por diários de sono e escalas como o Pittsburgh Sleep Quality
Index, utilizados em pesquisas com adultos e adolescentes.
Já a insônia de manutenção caracteriza-se por
despertares frequentes ou prolongados ao longo da noite. Pesquisas conduzidas
pelo Sleep and Health Research Program, da Universidade do Arizona, mostraram
que esse tipo está ligado a maior sonolência diurna e dificuldades de atenção.
Os trabalhos frequentemente associam a insônia de manutenção a condições como
apneia obstrutiva do sono, dor crônica e uso de determinadas medicações.
A insônia terminal, por sua vez, tem como
característica o despertar precoce, com dificuldade em voltar a dormir, mesmo
quando ainda seria importante permanecer na cama. Estudos observacionais da
Universidade de Zurique e do Max Planck Institute of Psychiatry, na Alemanha,
descrevem esse padrão sobretudo em indivíduos com quadros depressivos. Neste
caso, usam entrevistas estruturadas e polissonografia para documentar a
interrupção do sono nas últimas horas da noite.
Insônia aguda e insônia crônica: o que dizem os
principais estudos?
A insônia aguda é aquela que dura pouco tempo,
geralmente associada a eventos específicos, como estresse intenso, mudanças no
trabalho, viagens ou doenças passageiras. Pesquisas da Harvard Medical School,
especialmente do Division of Sleep Medicine, definem esse quadro como sintomas
que se estendem por dias ou poucas semanas. Muitos desses estudos mostram que
uma parte dos casos desaparece quando o fator desencadeante é resolvido, sem
necessidade de tratamento medicamentoso prolongado.
Em contraste, a insônia crônica é um quadro
persistente. De acordo com a ICSD-3 e com estudos multicêntricos coordenados
pela Universidade de Stanford e pela Universidade de Oxford, considera-se
crônica a insônia que ocorre pelo menos três vezes por semana, por três meses
ou mais, acompanhada de prejuízo em áreas como trabalho, estudo ou relações
sociais. Essa definição foi utilizada, por exemplo, em ensaios clínicos sobre
terapia cognitivo-comportamental para insônia (TCC-I) publicados em revistas
como Sleep e JAMA Psychiatry.
No Brasil, grupos de pesquisa da Universidade Federal
de São Paulo (Unifesp) e da USP também adotam essa distinção entre formas
agudas e crônicas em seus estudos populacionais. Dados coletados em grandes
centros urbanos apontam que a insônia crônica tende a se associar a outros
problemas de saúde, como hipertensão arterial e transtornos de ansiedade,
reforçando a necessidade de avaliação médica estruturada.
Quais estudos ajudaram a consolidar essa classificação
da insônia?
Além da ICSD-3, publicada pela American Academy of
Sleep Medicine, diferentes projetos colaborativos internacionais ajudaram a
consolidar a divisão em cinco tipos de insônia. Entre eles, destacam-se:
Stanford Sleep Cohort, coordenado pela Universidade de
Stanford, que acompanhou adultos por vários anos, descrevendo padrões de
dificuldade para iniciar, manter e finalizar o sono.
Zurich Cohort Study, da Universidade de Zurique, que
investigou a relação entre insônia terminal, sintomas depressivos e
cronobiologia.
Estudos do Harvard Work, Health and Well-being
Program, que analisaram insônia aguda associada a estresse ocupacional, uso de
telas à noite e jornadas de trabalho prolongadas.
Pesquisas brasileiras da Unifesp e da USP, como o
Estudo Epidemiológico do Sono na Cidade de São Paulo, que aplicaram
questionários validados para medir insônia inicial, de manutenção e terminal na
população adulta.
Esses trabalhos, somados a ensaios clínicos conduzidos
em universidades como Oxford, Toronto e Melbourne, forneceram base para
protocolos de tratamento direcionados ao tipo de insônia predominante. Assim, a
classificação em cinco tipos de insônia funciona hoje como um guia prático para
profissionais de saúde, permitindo abordagens mais específicas e alinhadas às
recomendações de sociedades internacionais de medicina do sono.
Fonte: https://www.terra.com.br/vida-e-estilo/saude/saiba-quais-saos-os-cinco-tipos-de-insonia-segundo-a-ciencia,af1722c2049443fc85e372912c7fba794zdnyykj.html?utm_source=clipboard
- Por: Valdomiro Neto* *com uso de Inteligência Artificial / Giro 10 -
depositphotos.com / HayDmitriy
