Um especialista cita os malefícios desse tipo de
gordura e o que tem sido feito no Brasil e no mundo para tirá-lo dos alimentos
industrializados
A gordura trans é normalmente produzida pelo
processo industrial de hidrogenação de óleos vegetais, com o objetivo de
torná-los sólidos mesmo em temperatura ambiente. Graças a suas características,
ela pode ser utilizada na produção de diversos tipos alimentos industrializados
(bolachas, sorvetes, pastéis, bolos, pães etc). O problema: evidências
científicas e epidemiológicas comprovam que a gordura trans é muito prejudicial
à saúde.
Quando está presente nos alimentos, essa substância
é absorvida pelo organismo, interferindo no seu metabolismo normal. Isso está
diretamente relacionado com diversos tipos de doenças, como as
cardiovasculares, obesidade, diabetes tipo 2 e Alzheimer.
Em 2003, a Dinamarca foi o primeiro país a
restringir a gordura trans industrial. Já cidade de Nova York proibiu o uso da
gordura hidrogenada no preparo de alimentos em 2016. Nesses locais, tais
medidas estão associadas à diminuição expressiva das doenças cardiovasculares.
No Brasil, a Agencia Nacional de Vigilância
Sanitária (Anvisa), considerando os danos da gordura trans, estabeleceu, pela
Resolução da Diretoria Colegiada (RDC) 360 de 2003, a obrigatoriedade dos
alimentos industrializados apresentarem o seu conteúdo nos rótulos.
Mais recentemente – em 2012 –, a RDC 54 diminuiu de
0,2 para 0,1 grama a presença máxima da gordura trans e que a sua somatória com
a gordura saturada não deve ultrapassar 1,5 grama por porção. Isso para os
alimentos que pretendem indicar a alegação “zero trans” no rótulo.
Para 2019, a Anvisa busca a regulamentação de
algumas medidas que restringem o uso da gordura trans na fabricação de
alimentos.
Apesar das diretrizes da Anvisa e da Organização
Mundial da Saúde (OMS), o consumo da gordura trans ainda é elevado. Ele
permanece acima da recomendação de compor, no máximo, 1% do valor energético da
dieta. Em uma alimentação de 2 mil calorias, a sua ingestão não deveria ser
superior a 2 gramas por dia.
No Brasil, entretanto, estudos têm demonstrado que o
consumo da gordura trans dos alimentos industrializados está em torno de 2,8
gramas das calorias diárias, podendo chegar até a 5 gramas. Este é um patamar
bem mais elevado do que o preconizado pela Anvisa.
Considerando os efeitos à saúde da gordura trans nos
alimentos industrializados, a OMS apresentou em 2018 uma proposta da sua
eliminação até o ano de 2023. Enquanto isso não acontece, o papel dos
consumidores é o de avaliar nos rótulos a quantidade da gordura trans e
estabelecer como norma nunca ultrapassar o 1% do seu consumo diário, visando a
preservação da saúde.
Fonte: https://saude.abril.com.br/blog/alimente-se-com-ciencia/a-gordura-trans-e-a-sua-saude/
- Por Jorge Mancini Filho - Foto: Dulla/SAÚDE é Vital
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