Você já ouviu um monte de histórias de pessoas que
ganharam na loteria, fizeram loucuras com o dinheiro e acabaram mais pobres do
que eram antes. Ou então aquela celebridade que já recebeu milhões de dólares
durante a carreira e mesmo assim é extremamente infeliz.
Então como gastar dinheiro da melhor forma a
otimizar a felicidade? Um estudo responde, e o melhor de tudo é que a resposta
se aplica para quem precisa administrar quantias mais modestas também.
Três psicólogos das universidades de British
Columbia (Canadá), Harvard e Universidade da Virgínia (ambas EUA) publicaram um
artigo no Journal of Consumer Psychology descrevendo que tipo de gastos
financeiros resultam em felicidade.
“Dinheiro é uma oportunidade de felicidade, mas é
uma felicidade que as pessoas rotineiramente desperdiçam porque as coisas que
elas pensam que as tornarão felizes frequentemente não o fazem”, escrevem os
autores.
Os autores listam oito princípios para gastar
dinheiro de forma sábia:
8. Compre mais experiências e menos bens materiais
Nós nos adaptamos rapidamente a bens materiais.
Pense naquelas roupas que você comprou no ano passado e que estão pegando pó no
seu armário tendo sido usadas uma ou duas vezes. Ou nos armários novos da
cozinha que já viraram paisagem neutra enquanto você procura um lanchinho.
As experiências, por outro lado, ficam com você.
Elas se tornam uma parte central de sua identidade. Desenvolvemos conexões
emocionais mais fortes com as experiências, e elas continuam intensas mesmo
anos depois.
“Quando compramos coisas para nós, acabamos passando
tempo com essas coisas. Imagine você jogando um vídeo game no smartphone ou
seja lá o que for, você está frequentemente sozinho com suas coisas. Enquanto
experiências, sim, temos algumas experiências sozinhos, mas muitas, muitas
experiências são sociais”, explica Michael Norton, professor de Harvard que não
participou do estudo, em entrevista ao Big Think.
7. Use dinheiro para benefício alheio
Estudos conduzidos por uma das pesquisadoras do
trabalho, Elizabeth Dunn, mostrou que participantes que gastavam dinheiro de
forma social obtinham maiores níveis de satisfação. Enquanto isso, gasto
consigo mesmo não diminuía a felicidade da pessoa, mas também não a aumentava.
O resultado era neutro.
Gastar com os outros inclui fazer uma doação para
caridade, convidar alguém para almoçar ou presentear alguém. Nada disso precisa
ser em um valor exorbitante, muitas vezes são os pequenos gestos que contam.
6. Não compre apenas coisas caras
Ao invés de gastar com coisas caras ou experiências
caras apenas de vez em quando, prefira coisas mais simples, mas com maior
frequência. “Ao nos presentear com prazeres frequentes e fugazes (ao invés de
experiências mais esporádicas e prolongadas), os consumidores podem aproveitar
a explosão de prazer que acompanha o primeiro minuto da massagem, a primeira
mordida do bolo de chocolate e a primeira visão do mar”, escrevem os autores.
5. Evite seguros e garantias que você não precisa
Todos querem se proteger da dor de perder alguma
coisa. Essa aversão a riscos nos deixa vulneráveis a seguros e garantias
desnecessárias. Pense naquelas garantias estendidas. Teoricamente, garantias
estendidas protegem seu bem caro de quebras. Na prática, é só uma forma de
jogar dinheiro fora.
Nos Estados Unidos essas garantias movimentam US$40
bilhões por ano, e na maioria das vezes não são úteis para seus compradores,
especialmente no caso de eletrodomésticos. Uma das poucas exceções são
smartphones, que são levados para todos os lados e estão sujeitos a acidentes
ou roubos.
4. Adie a gratificação
Gratificação adiada traz mais satisfação de várias
maneiras. A principal é que tomamos decisões melhores quando não agimos imediatamente.
É melhor dispensar um pequeno prazer hoje para ter uma recompensa maior amanhã.
Os autores explicam isso de forma simples: a
antecipação é uma forma gratuita de felicidade. Você pode multiplicar sua
felicidade ao adiar um pouco a recompensa.
Mesmo quando o prêmio em si – um presente ou uma
viagem – acabam nem sendo tão bons assim, a empolgação da antecipação já pode
ser positiva.
3. Leve em consideração como as compras podem afetar
sua vida
A humanidade tem um problema importante: a tendência
de ver o futuro de forma abstrata. Quanto mais longe este futuro, mais abstrata
é nossa estimativa. Por isso, os autores recomendam sempre considerar como
essas compras vão afetar sua rotina.
Por exemplo: se estiver em dúvida entre comprar pelo
mesmo preço uma casa pequena que está em ótimo estado e uma casa maior que
precisa ser reformada, pode ser uma decisão mais inteligente comprar a casa
menor e evitar o estresse e gastos da reforma.
2. Cuidado com as compras por comparação
Ficar comparando produtos nos faz perder de vista
nossos objetivos com aquele produto. Quando nos envolvemos na comparação,
esquecemos de observar as características que nos fariam felizes naquele
produto, e focamos na diferença entre as opções disponíveis.
Como resultado, compramos mais do que precisamos ou
selecionamos o melhor negócio de forma global, e não o produto que melhor se
encaixaria nas nossas circunstâncias personalizadas.
Além disso, os psicólogos observam que quanto mais
opções estão disponíveis, menos felizes ficamos com a nossa escolha.
1. Seja Maria-vai-com-as-outras
De vez em quando pode ser vantajoso se basear na
opinião das massas para tomar a sua decisão de como gastar dinheiro. Isso
costuma ser verdade na escolha de quais filmes consumir, por exemplo. Se você
gosta de comédias românticas, pode acabar se beneficiando com a opinião de
outras pessoas que também gostam de comédia romântica.
Pessoas que valorizam mais o tempo do que o dinheiro
são mais felizes – estudo
Pessoas que gastaram mal
Reunimos aqui casos de ganhadores da loteria que
acabaram extremamente infelizes com suas escolhas sobre como gastar essa grana
toda.
O canadense Gerald Muswagon, de 42 anos, ganhou
US$10 milhões com um bilhete de US$2 na loteria. Ele comprou carros para ele
mesmo e para amigos, comprou uma casa com o objetivo de dar festas, e
comemorava sua sorte grande com drogas e álcool. Em um só dia, ele comprou oito
TVs para os amigos dele.
Ele tentou começar seu próprio negócio de corte de
madeira chamado Gerald’s Logging, mas não encontrou um mercado bom para vender
suas madeiras e acabou perdendo dinheiro. No final das contas, ele gastou cada
centavo de sua fortuna e acabou tendo que pedir um emprego de carregador na
fazenda de seu amigo. Ele passou a viver em uma casa simples com sua namorada e
seis crianças. Gerald entrou em depressão e acabou se matando sete anos depois
de ganhar o prêmio.
Suzanne Mullins ganhou US$4,2 milhões, mas gastou
tudo pagando dívidas médicas gigantescas para parentes que não tinham seguro de
saúde nos Estados Unidos. Ela também perdeu uma disputa relacionada a um
empréstimo não-pago.
Já o casal Lara e Roger Griffith ganhou US$2,3
milhões na loteria no Reino Unido em 2005 e acabou com US$9 em 2013. Eles
compraram uma mansão, um Porsche conversível e um Lexus. Fizeram viagens 5
estrelas para destinos caríssimos. Ela investiu em um spa de luxo. Ele investiu
em uma carreira de roqueiro. Em 2010 um incêndio destruiu grande parte da casa,
que tinha um seguro insuficiente. O spa foi mal e teve que ser vendido, e
atualmente Lara trabalha lá como funcionária. A carreira de roqueiro de Roger
lhe rendeu a venda de apenas 600 CDs.
O casal também se separou com suspeita de adultério.
“Eu não estou nem de volta à estaca zero, eu estou pior do que antes”, diz Lara
em entrevista ao Daily Mail. Atualmente Roger vive com os pais dele e Lara vive
com a mãe dela.
“A realidade é que 70% de todos os vencedores da
loteria vão desperdiçar seus ganhos em alguns anos. No processo, eles verão a
família e amizades destruídas e a segurança financeira que esperavam
desaparecer”, dizem os consultores financeiros Michael Begin e Darl LePage ao
Lincoln Journal Star.
Por que gente rica é babaca
Dicas para não torrar todo o dinheiro da loteria
Vamos supor que você ganhe na loteria na semana que
vem. É melhor estar preparado para isto e já ter um plano para colocar em ação.
Confira 3 dicas importantes:
3. Seja discreto
O primeiro passo é ficar quietinho em casa
discutindo com sua família imediata o plano a ser seguido. Não mude a rotina da
família e tente retirar o prêmio de forma discreta.
2. Contrate profissionais para ajudar
A maioria das pessoas não está acostumada a
administrar uma quantia enorme de dinheiro. Para não fazer besteira e não
deixar de pagar nenhum imposto gigantesco, contrate escritórios de advocacia e
contabilidade. Quando for pesquisar quem contratar, leve em conta indicação de
pessoas de confiança, mas também considere profissionais sem ligação com nenhum
conhecido seu. Também é interessante encontrar um assessor de imprensa para
ajudar a lidar com o assédio da mídia.
1. Tente manter um padrão de vida confortável, mas
sem exageros
Não comece uma vida de luxo imediatamente. Passe os
primeiros seis meses planejando com cuidado o que fazer com o seu dinheiro e se
os investimentos que você tem em mente vão se valorizar ou desvalorizar com a
passagem do tempo.
Mesmo que você não pense em mudar de vida porque
ganhou uma bolada, é possível que você seja obrigado a mudar de endereço para
um local com acesso mais controlado. Isso porque a cidade inteira vai ficar
tocando a campainha da sua casa pedindo dinheiro. [The Globe and Mail, Mail
Online, Consumer Reports]
Fonte: https://hypescience.com/como-gastar-seu-dinheiro-de-acordo-com-a-ciencia/
- Por Juliana Blume
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