Entre as medidas de combate à disseminação do novo
coronavírus, autoridades do Brasil e outros países têm recomendado o uso de
máscaras. A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda o uso de máscaras de
tecido pelo público em geral onde há muitas pessoas infectadas e não é possível
manter o distanciamento físico, como meios de transporte público, lojas e
outros ambientes fechados. No Brasil, diversos estados e municípios
determinaram a obrigatoriedade do uso de máscaras em locais públicos para
diminuir a disseminação da Covid-19.
Publicações em redes sociais alegam que o uso
prolongado das máscaras de proteção causam hipóxia, falta de oxigênio sobre um
tecido do organismo (baixa disponibilidade de oxigênio para determinado órgão),
ou hipoxemia, que é a baixa concentração de oxigênio no sangue arterial. Mas os
especialistas defendem que as máscaras não impedem a passagem de oxigênio.
As alegações
não se sustentam porque tanto as máscaras cirúrgicas quanto as de tecido são
porosas, permitindo que o ar atravesse o material. No entanto, elas dificultam
a passagem de gotículas. Assim, as máscaras funcionam como uma barreira
mecânica, que pode provocar a sensação de que é preciso maior esforço para
respirar ou de que menos ar é inalado, mas os níveis de oxigênio não são
afetados.
Pessoas saudáveis não devem ter problemas
Já o excesso de dióxido de carbono no sangue é
chamado de hipercapnia e pode provocar dor de cabeça, sonolência e até perda de
consciência em casos extremos. Ela pode ter muitas causas, entre as quais estão
doença pulmonar obstrutiva crônica e apneia do sono. Mas não há evidências de
que a máscara de proteção poderia evitar que o ar exalado se dissipasse,
levando a pessoa a inalar novamente o mesmo ar.
Mesmo que isso ocorra de forma parcial, para a
maioria das pessoas não é preocupante respirar pequenas quantidades de dióxido
de carbono devido ao uso das máscaras. Inclusive trabalhadores que usam
máscaras cirúrgicas ou de tecido por um turno inteiro, não deveriam ter
problemas relacionados à retenção de dióxido de carbono.
A quantidade de dióxido de carbono respirada
novamente deve ser eliminada pelos sistemas respiratório e metabólico de
pessoas saudáveis. O uso da máscara por período prolongado pode causar dor de
cabeça, mas não intoxicação.
Darrell Spurlock Jr, pesquisador e professor da
Universidade de Widener, considera que pessoas com doenças respiratórias
crônicas específicas devem checar com seus médicos antes de usar a máscara de
proteção. Quem já tem dificuldade para manter a oxigenação e equilíbrio de
dióxido de carbono, pode ser mais sensíveis a esses níveis. Além disso, o uso
de máscara não é recomendado para crianças com menos de dois anos.
O uso da máscara N95 por profissionais da saúde por
períodos prolongados foi associado à hipoventilação, redução de frequência e
profundidade da respiração. Como essas máscaras apresentam maior resistência
para a respiração, o Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados
Unidos recomenda intervalos para os trabalhadores da saúde que precisam
usá-las.
Uso de máscaras
Autoridades de saúde recomendam o uso das máscaras
de pano para a população em geral para deixar as mascaras cirúrgicas para quem
precisa delas. A Organização Mundial da Saúde considera que apenas o uso de
máscara não é suficiente para a proteção contra a Covid-19, por isso precisa
ser aliada a outras medias de proteção.
Ainda de acordo com a organização, as evidências
sobre a eficácia das máscaras de tecido são limitadas. Mas aconselha os
governos a incentivarem seu uso pela população em geral em lugares onde o
distanciamento físico não é possível. As máscaras cirúrgicas devem ser
utilizadas por trabalhadores da saúde, pessoas com sintomas de Covid-19,
pessoas que cuidam de casos suspeitos ou confirmados de Covid-19, pessoas com
mais de 60 anos ou com comorbidades de base. [Mental Floss, Healthline, OPAS]
Fonte: https://hypescience.com/nao-sua-mascara-nao-reduz-sua-absorcao-de-oxigenio/
- Por Liliane Jochelavicius