Programas de incentivo, inaugurações de quadras e
crescente audiência de partidas são provas disso
O Brasil é o país do basquetebol. Ok, a afirmação
pode conter algum exagero, mas é fato que o esporte vive, há algum tempo, uma
onda de crescimento contínuo por aqui.
O sucesso da NBA e, mais recentemente, do NBB não
são novidade. O que é novo é o aumento da prática do esporte em parques, praças
e ruas.
Vários fatores são indicativos disso: em cidades
como São Paulo e Rio de Janeiro, novas quadras estão sendo inauguradas, outras
são reformadas para melhor atender o público e marcas fornecem material
esportivo e promovem torneios para incentivar que a população jogue basquete
cada vez mais.
Quer arriscar umas cestas? Junte os amigos e
aproveite o momento.
O basquete anda muito popular. De acordo com o
último levantamento feito pela internet pelo instituto Ibope Repucom, em 2016,
cerca de 38% das pessoas, o equivalente a mais de 30 milhões de brasileiros,
dizem ser fãs do esporte.
Desse percentual, 15% afirmaram ser obcecados e não
perderem nenhum lance nas transmissões pela TV.
A audiência, claro, cresce: segundo a Liga Nacional
de Basquete (LNB), o canal SporTV registrou aumento de 86% na temporada
2015/2016 do NBB (Novo Basquete Brasil), o campeonato masculino.
Para a temporada 2017/2018, a LNB fechou parceria
com o Twitter Live para a transmissão de 17 partidas.
Aliado a isso, programas de incentivo andam sendo
promovidos por marcas com uma relação sólida com o esporte, como Nike e Adidas:
ambas organizam torneios de basquete de rua abertos ao público.
O projeto SportsBase, desta última, conta com uma
base no Parque Villa Lobos, na zona oeste de São Paulo, que empresta tênis e
bolas e também promove encontros desde 2015.
A parceria com a Secretaria Estadual do Meio
Ambiente ainda reforma e conserva as quadras do parque para a prática do
esporte.
Felipe Savone, gerente de marketing sênior da
Adidas, revela a intenção da marca de expandir o programa, que já tem uma
versão móvel, atendendo a outros pontos da capital paulista.
Para Pedro Ferreira, publicitário de 25 anos,
apaixonado pelo esporte que pratica há uma década, movimentos como esses atraem
mais pessoas para jogar. “Isso proporciona acessibilidade. Uma bola de basquete
boa é cara, não é como uma de futebol. Então é muito bom um incentivo assim.
Quanto mais, melhor”, diz.
Outro projeto da empresa alemã é o Adidas Hoops.
Partidas são organizadas todo mês em São Paulo e no Rio de Janeiro com times
femininos e masculinos, valendo classificação para a grande final que acontece
no fim do ano. “É um momento de celebração que vai além da prática esportiva.
Tem poder de atrair pessoas que se interessam pelo basquete e podem acabar
vindo a praticar”, afirma Felipe.
Já para a Nike, o basquete é um dos esportes
prioritários no Brasil hoje. A empresa, que se tornou em 2017 a fornecedora
oficial de material esportivo da NBA, também apoia os cinco brasileiros que
jogam na liga americana e é parceira do NBB.
Para celebrar os 35 anos de um dos tênis mais
icônicos da marca, o Air Force 1, a Nike promoveu ano passado diversos jogos de
3 x 3, o basquete de rua, com o Battle Force.
O evento reuniu, além das partidas, elementos que
fazem parte da cultura do esporte, como breakdance e batalha de rimas, entre
novembro e dezembro, em diferentes regiões da capital paulista. “Percebemos e
nos mantemos conectados a todos os movimentos autênticos de basquete”, diz o
diretor sênior de marketing esportivo da Nike do Brasil, David Seales.
A marca costuma apoiar partidas e é parceira do
Instituto Passe de Mágica, criado pela ex-atleta Magic Paula, que promove
acesso de crianças ao esporte e atualmente desenvolve programas em comunidades
de São Paulo, Sorocaba e Diadema.
Essas ações indicam como o basquete também está
muito ligado à cultura urbana, à moda e ao hip-hop, e muitas pessoas têm um
primeiro contato com o esporte a partir daí.
São características assim que tornam a modalidade
importante para marcas de streetwear. “Artistas, de hip-hop principalmente,
usam tênis e roupas de basquete, e isso pode chamar a atenção de pessoas que
eventualmente vão conhecer outras que praticam. Então elas podem acabar entrando
em uma quadra, dando um arremesso ou outro e querendo aprender a jogar”, diz o
entusiasta Pedro Ferreira.
A Prefeitura de São Paulo também está de olho nesse
movimento. Em setembro, inaugurou a primeira quadra do programa Basquete de Rua
no bairro Cidade Tiradentes, na zona leste.
Outras duas quadras estão com obras quase
finalizadas e a implantação de uma em Paraisópolis para a prática de 3 x 3 está
sendo estudada.
Além disso, a Secretaria Municipal de Esportes e
Lazer disponibiliza quadras em centros esportivos espalhados pela cidade e
incentiva a prática com campeonatos durante o ano.
Em 2017, o Comitê Olímpico Internacional (COI)
anunciou a inclusão do basquete de rua nos Jogos de 2020, em Tóquio.
Como modalidade olímpica, terá mais visibilidade com
um formato de jogo mais fácil, acessível e próximo dos jovens dos centros
urbanos. “O cenário está mais animador”, diz Pedro.
Como funciona a modalidade olímpica
O 3 x 3, também chamado de basquete de rua, será uma
das novidades dos Jogos de Tóquio em 2020.
Normalmente, as partidas costumam acontecer em
quadras abertas e têm regras diferentes da modalidade convencional.
As quadras são menores, com 15 m (largura) x 11 m
(comprimento). O jogo também pode acontecer em meia quadra de basquete
convencional.
Três jogadores mais um substituto compõem a equipe.
Arremessos dentro da linha de dois pontos valem 1
ponto e atrás da linha, 2 pontos. Lances livres geram 1 ponto.
O jogo dura 10 minutos. Como na modalidade
convencional, o relógio é interrompido em cobranças de lances livres e em
situações de bola parada. Também é reiniciado toda vez que a bola chega às mãos
do time no ataque.
O primeiro time a marcar 21 pontos ou mais, mesmo
antes do fim do período regular, vence a partida. Caso haja empate ao final do
tempo, será jogada uma prorrogação. O time vitorioso será o primeiro a marcar 2
pontos.