Igreja Católica anuncia o argentino Jorge Mario Bergoglio
como sucessor de Bento 16
A Igreja Católica anunciou às 20h14 (16h14 de Brasília)
desta quarta-feira (13) quem é seu novo papa: o cardeal jesuíta Jorge Mario
Bergoglio, 76, da Argentina.
Ele foi o escolhido para suceder Bento 16 no conclave que
começou na terça-feira (12) e terminou hoje, às 19h07 (15h07 de Brasília),
quando a fumaça branca tomou a praça São Pedro, após cinco escrutínios.
O nome do novo papa foi revelado após o famoso
"Annuntio vobis gaudium, habemus Papam" ("anuncio uma grande
alegria: temos um papa"), feito pelo cardeal francês Jean-Louis Tauran. O
nome papal escolhido pelo cardeal Bergoglio é Francisco 1º.
No momento do anúncio, os fiéis que aguardavam na praça São
Pedro ficaram eufóricos. Houve uma comoção geral e o sentimento em muitos era
de surpresa.
O padre argentino Estebán Rodrigues se disse surpreendido
com um papa de seu país. "Foi uma surpresa total e espero que ele continue
nos surpreendendo", disse. A escolha do nome do novo pontífice também o
agradou. "Francisco é um santo de muito humildade, de dedicação aos pobres
e aos necessitados."
A estudante argentina Virgínia Gonçalino também estava feliz
com a eleição de um papa sulamericano. "Sendo de tão longe, o novo papa
poderá ter uma visão mais global do que se passa no mundo."
Na Argentina, Bergoglio é conhecido pelo conservadorismo e
pela batalha contra o kirchnerismo. O prelado também é reconhecido por ser um
intenso defensor da ajuda aos pobres.
O argentino costuma apoiar programas sociais e desafiar
publicamente políticas de livre mercado.
Bergoglio é considerado um ortodoxo conservador em assuntos
relacionados à sexualidade, se opondo firmemente contra o aborto, o casamento
entre pessoas do mesmo sexo e o uso de métodos contraceptivos.
Em 2010, entrou em controvérsia pública com a presidente Cristina Kirchener ao
afirmar que a adoção feita por casais gays provoca discriminação contra as
crianças.
Em seu primeiro discurso, feito logo após o anúncio de seu
nome, Francisco 1º agredeceu ao acolhimento da comunidade de Roma e, também
lembrou do papa emérito Bento 16, seu antecessor Ele bateu outros cardeais
considerados favoritos, como o italiano Angelo Scola e o brasileiro Odilo
Scherer.
Primeiro papa latino-americano da história da Igreja
Católica, Jorge Mario Bergoglio nasceu em Buenos Aires, capital
da Argentina, em 17 de dezembro de 1936.
Foi ordenado sacerdote em 13 de setembro de 1969. O jesuíta
foi nomeado bispo titular de Auca e auxiliar de Buenos Aires pelo papa João
Paulo 2º em 20 de maio de 1992. No mesmo ano, ele foi confirmado como bispo
titular da capital argentina em 27 de junho.
A nomeação como arcebispo também foi feita por João Paulo 2º
em 3 de junho de 1997. Chegou ao posto de cardeal pelas mãos do mesmo papa em
21 de fevereiro de 2001.
Bergoglio é o 266ª papa da história da Igreja Católica.
Filho de um casal de italianos --Mario e Regina Bergoglio--, o religioso
jesuíta chegou a se formar como técnico químico, mas logo abraçou o sacerdócio
e começou seus estudos religiosos no seminário de Villa Devoto, bairro da
capital argentina.
Estudou teologia na faculdade de teologia do do colégio de San José, em San Miguel de Tucumán,
cidade no norte da Argentina.
Seu sacerdócio começou em 1969, mesmo ano em que foi para
Espanha completar sua formação intelectual de jovem sacerdote na universidade
Alcalá de Henares, em Madri.
A partir de seu retorno à Argentina, em 1972, continuou sua
carreira apostólica no norte do país, na mesma San Miguel de Tucumán.
Bergoglio retornou a Europa em 1986, na Alemanha, para concluir seu doutorado,
mas acabou retornando ao seu país no mesmo ano para assumir o cargo de diretor
espiritual e confessor da Companhia de Jesus, em Cordoba.
Seu retorno à cidade natal aconteceu em 1992, quando foi nomeado por João Paulo
2º bispo de Auca e auxiliar de Buenos Aires.
Escolha aconteceu 13 dias após renúncia de Bento 16
Após 13 dias da renúncia de Bento 16, a quinta votação do
conclave, realizada na tarde desta quarta-feira (13), terminou com a escolha do
novo papa. Às 15h07 (Brasília), uma fumaça branca saiu da chaminé da capela
Sistina, indicando que os cardeais chegaram a um consenso sobre o próximo líder
da Igreja Católica Apostólica Romana.
Os sinos da basílica de São Pedro confirmaram que o novo
pontífice recebeu ao menos dois terços dos votos dos cardeais e já aceitou a
missão de comandar a Santa Sé.
O anúncio dos nomes de batismo e pelo qual será conhecido o
sucessor de Bento 16 será feito na sacada da basílica de São Pedro, com a
famosa frase: "Habemus Papam!".
A escolha foi realizada por 115 cardeais, sendo cinco
brasileiros: dom Raymundo Damasceno Assis, 76; dom Odilo Scherer, 63; dom
Geraldo Majella Agnelo, 79; dom Cláudio Hummes, 78; e dom João Braz de Aviz,
64.
Estavam aptos a votar apenas os cardeais com menos de 80
anos. A presença deles, segundo o Vaticano, era obrigatória. No entanto, dois
eleitores conseguiram a dispensa necessária para não participarem da votação,
um por motivo de saúde (cardeal indonésio Julius Darmaatjadja) e outro por ter
renunciou ao cargo (cardeal britânico Keith O'Brien).