Talvez tudo que te falta para ser um atleta de alta
performance ou um maratonista vencedor é uma simples bactéria: a Veillonella.
Um novo estudo do Joslin Diabetes Center (EUA)
descobriu que essa bactéria existe em quantidade mais abundante no microbioma
de atletas de elite e destilou o seu papel no metabolismo humano, ou seja, como
ela ajuda os indivíduos a ter uma maior habilidade física.
O estudo
O estudo começou em 2015, quando o pesquisador
Jonathan Scheiman, na época na Universidade de Harvard (EUA), coletou amostras
fecais de atletas que participaram da Maratona de Boston, uma semana antes e
depois do evento. Como grupo de controle, ele também coletou amostras de
indivíduos sedentários.
Durante a análise dessas amostras, a Veillonella
logo se destacou: era muito abundante no organismo dos atletas logo após a
maratona, e no geral já existia em maior quantidade nestes indivíduos do que no
grupo sedentário.
“Quando analisamos os detalhes da Veillonella,
descobrimos que ela é relativamente única no microbioma humano, pois usa
lactato ou ácido lático como sua única fonte de carbono”, explicou Scheiman.
Em um experimento com ratos, os pesquisadores
confirmaram que a Veillonella era a responsável por melhorar a habilidade
física: os animais tiveram um aumento acentuado na sua capacidade de corrida
após a suplementação com a bactéria.
Ok, mas como funciona?
A primeira hipótese dos pesquisadores era de que a
bactéria ajudava ao “consumir” o ácido lático produzido pelos músculos durante
exercícios físicos desgastantes, o que poderia levar à fadiga. No entanto, o
papel do acúmulo de ácido lático na fadiga ainda não é completamente aceito
pelos cientistas.
Assim, a equipe decidiu realizar uma análise
metagenômica no microbioma para determinar quais eventos foram desencadeados
pelo metabolismo de ácido láctico da Veillonella.
Eles descobriram uma abundância de enzimas
associadas à conversão de ácido láctico em propionato, um ácido graxo de cadeia
curta, após o exercício físico. Em outras palavras, talvez a questão não fosse
a remoção do ácido láctico, mas a geração de propionato.
Novos experimentos com ratos verificaram essa
hipótese: a introdução de propionato nos animais foi suficiente para aumentar
sua capacidade de corrida.
Nós e elas, um casamento de sucesso
As colônias de bactérias que vivem no nosso
organismo têm um enorme impacto na nossa saúde.
“O microbioma é um mecanismo metabólico muito
poderoso”, disse um dos autores do estudo, o Dr. Aleksandar D. Kostic.
Esta é uma das primeiras pesquisas a mostrar
diretamente um forte exemplo de simbiose entre micróbios e seu hospedeiro, o
ser humano.
“É muito claro. Cria um ciclo de feedback positivo.
O hospedeiro está produzindo algo que esse micróbio em particular favorece.
Então, em troca, o micróbio está criando algo que beneficia o hospedeiro. É um
exemplo muito importante de como o microbioma evoluiu para se tornar essa
presença simbiótica no hospedeiro humano”.
Implicações médicas
O próximo passo da pesquisa é investigar como o
mecanismo do propionato afeta a capacidade de exercício nas pessoas.
Muitos indivíduos com distúrbios metabólicos não
conseguem se exercitar muito bem, mas precisam desse benefício de saúde. Uma
suplementação probiótica com Veillonella poderia ser o empurrãozinho
necessário.
“Ter maior capacidade de exercício é um forte
indicador de saúde geral e proteção contra doenças cardiovasculares, diabetes e
longevidade geral. O que nós imaginamos é um suplemento probiótico que as
pessoas possam tomar que aumentará sua capacidade de fazer exercícios
significativos e, portanto, os protegerá contra doenças crônicas, incluindo
diabetes”, resumiu o Dr. Kostic.
Um artigo sobre o estudo foi publicado na revista
científica Nature Medicine. [MedicalXpress]
Fonte: https://hypescience.com/bacterias-que-aumentam-a-performance-sao-encontradas-em-atletas/
- Por Natasha Romanzoti