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quarta-feira, 4 de dezembro de 2019

Para ter boa saúde, comece dormindo bem


A relação entre sono e boa saúde é complexa e tem efeitos complexos: Por exemplo, várias doenças autoimunes afetam mais as mulheres devido a diferenças nas bactérias intestinais.

Sono, microbioma e saúde

Se você anda com preocupações que lhe vêm tirando o sono, é melhor deixar para pensar nelas somente durante o dia.

Cientistas constataram que um sono ruim afeta negativamente o microbioma intestinal, o que, por sua vez, pode levar a problemas adicionais de saúde.

"Dada a forte comunicação bidirecional entre cérebro e intestino, eles têm possibilidade de se influenciarem [mutuamente]", disse o professor Jaime Tartar, da Universidade Nova Sudeste (EUA). "Com base em relatórios anteriores, acreditamos que um sono ruim provavelmente exerce um forte efeito negativo sobre a saúde intestinal e a diversidade do microbioma".

O que você pode estar se perguntando é: "Que negócio é esse de microbioma intestinal?" Simplificando, são todos os microrganismos - bactérias, vírus, protozoários e fungos - e seu material genético encontrados no trato gastrointestinal.

Diversidade do microbioma

Sim, todos nós temos tudo isso em nosso sistema gastrointestinal, mas nem todos nos mesmos níveis - há diferenças pessoais nessa diversidade.

E é justamente essa diversidade que pode ser a chave para a nossa saúde.

Então, o que determina o microbioma intestinal de alguém? Existem alguns fatores que entram em jogo.

Uma é a genética, algumas pessoas parecem estar predispostas em nível genético a ter um microbioma intestinal mais diversificado do que seus amigos e vizinhos. Outro fator são os medicamentos - certos medicamentos, incluindo antibióticos, podem afetar, neste caso negativamente, a diversidade do microbioma intestinal. A dieta, é claro, também desempenha um fator.

Sono bom melhora diversidade do microbioma e garante saúde melhor
As bactérias comensais, ou bactérias benéficas variam de indivíduo para indivíduo, ou seja, cada pessoa tem seu próprio time de bactérias saudáveis.

Microbioma e sono

Para este estudo, os voluntários usaram o que o professor Tartar chamou de "relógio inteligente com esteroides" na cama, um conjunto de equipamentos que monitorava todos os tipos de sinais vitais. Dessa forma, foi possível determinar o quão eles dormiam a noite toda. De manhã, seus microbiomas intestinais eram avaliados por exames de fezes e urina.

Os voluntários que dormiam bem apresentaram sistematicamente um microbioma intestinal mais diversificado - ou "melhor".

Tartar lembra que a diversidade do microbioma intestinal, ou a falta dela, está associada a outros problemas de saúde, como a doença de Parkinson (Parkinson pode ir do intestino ao cérebro pelo nervo vago) e doenças autoimunes, além da saúde psicológica (ansiedade e depressão). Quanto mais diverso o microbioma intestinal de alguém, maior a probabilidade de que ele tenha melhor saúde geral.

"Sabemos que o sono é praticamente o canivete suíço da saúde," disse Tartar. "Dormir uma boa noite de sono pode levar à melhoria da saúde e a falta de sono pode ter efeitos prejudiciais. Todos nós vimos os relatórios [artigos científicos] que mostram que a falta de sono adequado pode levar a problemas de saúde de curto prazo (estresse, problemas psicossociais) e longo prazo (doenças cardiovasculares, câncer). Sabemos que [esses efeitos ocorrem] nos estágios mais profundos do sono quando o cérebro 'retira o lixo', uma vez que o cérebro e o intestino se comunicam. O sono de qualidade afeta muitas outras facetas da saúde humana."


segunda-feira, 15 de julho de 2019

Bactérias que aumentam a performance são encontradas em atletas


Talvez tudo que te falta para ser um atleta de alta performance ou um maratonista vencedor é uma simples bactéria: a Veillonella.

Um novo estudo do Joslin Diabetes Center (EUA) descobriu que essa bactéria existe em quantidade mais abundante no microbioma de atletas de elite e destilou o seu papel no metabolismo humano, ou seja, como ela ajuda os indivíduos a ter uma maior habilidade física.

O estudo
O estudo começou em 2015, quando o pesquisador Jonathan Scheiman, na época na Universidade de Harvard (EUA), coletou amostras fecais de atletas que participaram da Maratona de Boston, uma semana antes e depois do evento. Como grupo de controle, ele também coletou amostras de indivíduos sedentários.

Durante a análise dessas amostras, a Veillonella logo se destacou: era muito abundante no organismo dos atletas logo após a maratona, e no geral já existia em maior quantidade nestes indivíduos do que no grupo sedentário.

“Quando analisamos os detalhes da Veillonella, descobrimos que ela é relativamente única no microbioma humano, pois usa lactato ou ácido lático como sua única fonte de carbono”, explicou Scheiman.

Em um experimento com ratos, os pesquisadores confirmaram que a Veillonella era a responsável por melhorar a habilidade física: os animais tiveram um aumento acentuado na sua capacidade de corrida após a suplementação com a bactéria.

Ok, mas como funciona?
A primeira hipótese dos pesquisadores era de que a bactéria ajudava ao “consumir” o ácido lático produzido pelos músculos durante exercícios físicos desgastantes, o que poderia levar à fadiga. No entanto, o papel do acúmulo de ácido lático na fadiga ainda não é completamente aceito pelos cientistas.

Assim, a equipe decidiu realizar uma análise metagenômica no microbioma para determinar quais eventos foram desencadeados pelo metabolismo de ácido láctico da Veillonella.

Eles descobriram uma abundância de enzimas associadas à conversão de ácido láctico em propionato, um ácido graxo de cadeia curta, após o exercício físico. Em outras palavras, talvez a questão não fosse a remoção do ácido láctico, mas a geração de propionato.

Novos experimentos com ratos verificaram essa hipótese: a introdução de propionato nos animais foi suficiente para aumentar sua capacidade de corrida.

Nós e elas, um casamento de sucesso
As colônias de bactérias que vivem no nosso organismo têm um enorme impacto na nossa saúde.

“O microbioma é um mecanismo metabólico muito poderoso”, disse um dos autores do estudo, o Dr. Aleksandar D. Kostic.

Esta é uma das primeiras pesquisas a mostrar diretamente um forte exemplo de simbiose entre micróbios e seu hospedeiro, o ser humano.

“É muito claro. Cria um ciclo de feedback positivo. O hospedeiro está produzindo algo que esse micróbio em particular favorece. Então, em troca, o micróbio está criando algo que beneficia o hospedeiro. É um exemplo muito importante de como o microbioma evoluiu para se tornar essa presença simbiótica no hospedeiro humano”.

Implicações médicas
O próximo passo da pesquisa é investigar como o mecanismo do propionato afeta a capacidade de exercício nas pessoas.

Muitos indivíduos com distúrbios metabólicos não conseguem se exercitar muito bem, mas precisam desse benefício de saúde. Uma suplementação probiótica com Veillonella poderia ser o empurrãozinho necessário.

“Ter maior capacidade de exercício é um forte indicador de saúde geral e proteção contra doenças cardiovasculares, diabetes e longevidade geral. O que nós imaginamos é um suplemento probiótico que as pessoas possam tomar que aumentará sua capacidade de fazer exercícios significativos e, portanto, os protegerá contra doenças crônicas, incluindo diabetes”, resumiu o Dr. Kostic.

Um artigo sobre o estudo foi publicado na revista científica Nature Medicine. [MedicalXpress]


segunda-feira, 22 de fevereiro de 2016

Quantas bactérias vivem no seu corpo? Apenas 40 trilhões, segundo estudo

Existem muitas bactérias dentro e fora dos nossos corpos -- isso é o que chamamos de nosso microbioma. Calcular exatamente quantos micróbios cada pessoa carrega não é uma tarefa fácil e o número mais citado tanto na literatura científica quanto na popular muito provavelmente está errado.

Em 1972, Thomas D. Luckey publicou um artigo na revista científica The American Journal of Clinical Nutrition, no qual escreveu que um homem adulto carrega cerca de 100 trilhões de bactérias no sistema digestivo, além de mais um trilhão sobre a pele. O texto não explicava como havia chegado a esses números.

Outro cientista, D.C. Savage, citou Luckey em uma revisão escrita em 1977, afirmando que "o organismo humano normal é composto por mais de 1014 células, das quais apenas 10 por cento são células animais". Então ele utilizou o número de Luckey, 100 trilhões, para o total de bactérias, e acrescentou que um décimo desse total -- ou 10 trilhões -- seriam de fato células humanas.

Esse valor arredondado ganhou força e a frase "10 vezes mais células microbianas do que células humanas" passou a ser muito repetida, como pode ser visto no site do Projeto do Microbiota Humano dos Institutos Nacionais de Saúde, onde presumivelmente eles entendem alguma coisa sobre o microbioma.

Uma estimativa recente calcula que o total de células humanas seja de 37,2 trilhões, mas ainda assim a proporção proposta por Savage sobreviveu. Utilizando a fórmula do 10 para 1, o número estimado de bactérias seria de 372 trilhões, e foi aí que a história parou.

Mas um novo grupo de cientistas israelenses concluiu que 372 trilhões não pode estar certo. A nova análise foi publicada na edição de 28 de janeiro a revista Cell, com mais detalhes e cálculos disponíveis online.

Utilizando um micrômetro cúbico como o volume de uma única bactéria, eles fizeram sua estimativa com base nos órgãos que contêm os micróbios, bem como na provável concentração de bactérias em cada lugar. Os pesquisadores estimam que no intestino grosso, onde vive a maior parte do nosso microbioma, existam 39 trilhões de células bacterianas. Outros lugares – a pele, a boca, o intestino delgado e o estômago -- contêm poucas bactérias, que correspondem a uma parte bem pequena do total.

Por que esse conhecimento é relevante? "Às vezes não se pode responder a essa pergunta, mas é importante se habituar a usar os números mais precisos. Se podemos fazer uma estimativa melhor hoje do que há 10 anos, esse esforço vale a pena", afirmou Shai Fuchs, um dos autores.

Fuchs e os coautores do trabalho, Ron Milo e Ron Sender, escreveram a análise quando ele cursava o doutorado no Instituto Weizmann de Ciências em Israel.

Naturalmente, isso ainda é apenas uma estimativa, levando-se em conta o corpo de um homem de 20 a 30 anos, 70 quilos e 1,70 metro. O tamanho do microbioma varia com a idade, o sexo, a altura e o peso da pessoa, além de mudanças de uma hora do dia para a outra: a cada vez que uma pessoa defeca ela libera cerca de um terço das bactérias presentes no cólon.

Contudo, concluíram os pesquisadores, a estimativa realista da quantidade de micróbios que vive no corpo humano é de cerca de 40 trilhões -- um número similar ao de células humanas.

Fonte: http://noticias.uol.com.br/ciencia/ultimas-noticias/the-new-york-times/2016/02/21/quantas-bacterias-vivem-no-seu-corpo-apenas-40-trilhoes-segundo-estudo.htm - por Nicholas Bakalar – iStock -