Estima-se que 70% das mulheres usam o modelo errado,
o que pose ser a causa de dores nas mamas e costas. Saiba com qual é o melhor
tipo de sutiã para usar
A preferência por seios volumosos chama a
atenção para os cuidados que as mulheres devem ter com o corpo e com as mamas,
especialmente após a publicação de uma pesquisa realizada no final de 2008 pela
British Chiropractic Association. O trabalho revelou que uma em cada quatro
mulheres inglesas gostaria dediminuir o tamanho do sutiã, isso porque 70% delas
sofrem com dores nas costas. Tim Hutchful, quiroprático e porta-voz da
associação britânica, aponta como uma das causas desse fenômeno o uso
inadequado de sutiãs, e declara: “É assustador o fato de muitas mulheres ainda
se importarem apenas com a aparência da peça, pouco se preocupando com o
suporte que ela oferece. O modelo certo deve ser bem projetado para que os
ombros não fiquem tensos. Equilibrar o peso é importante, e sutiãs inadequados
podem afetar ombros e tórax, o que certamente causará dores nas costas.” Se
essas dores já se instalaram e duram mais de três meses, informa Hutchful,
“estamos diante de um sintoma grave que pode se tornar crônico”.
A ESCOLHA ERRADA
Tim Hutchful relata que 80% da população geral, ao
longo da vida, pode ter dor nas costas. Mas o número de mulheres que se
queixam desse mal continua a crescer na Inglaterra. Uma nova atitude feminina
seria o conhecimento e a aceitação do próprio corpo, além dos riscos que o mau
uso do acessório pode causar. Sabe-se que muitas mulheres compram um número
menor, só porque pedir à balconista o tamanho adequado seria o mesmo
que reconhecer que estão acima do peso. “Usar o número errado pode levar não só
à dor nas costas, mas também ao formigamento nos braços, à restrição
respiratória, escoriações, além de dores nos seios”, esclarece o quiroprático.
Se na Inglaterra as queixas das mulheres inspiraram
uma campanha preventiva, nos consultórios brasileiros, a situação não é
diferente. Segundo Betina Vollbrecht, ginecologista e obstetra do Centro de
Mama do Hospital São Lucas da PUC/ RS, uma das principais reclamações é a mastalgia
(dor mamária), cuja causa muitas vezes está no uso equivocado do sutiã. “A
simples troca do modelo pode resolver o problema”, garante. No período anterior
à menstruação, após a menopausa e na gravidez, as mamas modificam seu
tamanho. Nessas fases, a opção deve recair sobre modelos maiores e mais
confortáveis. A orientação de Betina é de que o acessório corresponda
exatamente ao volume das mamas, especialmente no período da amamentação,
pois o uso do tipo errado pode levar até à fissura mamilar. Outra indicação é o
tipo do tecido: “A preferência deve ser por peças de algodão e seus derivados”,
ensina a especialista.
QUALIDADE É FUNDAMENTAL
Já Sylvia Henriques, fisioterapeuta, especialista em
Fisiologia e Tocoginecologia e coordenadora do Centro de Reabilitação do
Instituto Affonso Ferreira, afirma que a estimativa é de que 70% das mulheres
usem sutiãs com tamanhos incorretos. Sylvia explica que as alças “funcionam
como polias na distribuição de forças anteroposteriores sobre os ombros em
relação às escápulas (omoplatas). Quando uma mulher usa um modelo apertado,
pode sentir uma pressão descendente considerável em seus ombros. Se o sutiã não
for adequado, as funções de sustentação e redução do balanço das mamas estarão
comprometidas”, completa a especialista.
Comentando o fato de que sutiãs bons custam caro e,
por essa razão, não costumam ser substituídos regularmente, ela lembra que a
forma e a estrutura tendem a deformar com o uso, a lavagem e o tempo. Por isso,
adverte, “um sutiã pode ser ideal na época da compra, mas, após alguns meses ou
anos, pode não servir mais”. Quem tem seios grandes, deve estar mais atenta
ainda. Se o sintoma for dor nas costas, pode estar relacionado “à mudança do
centro de gravidade do tronco para frente, o que aumenta o esforço muscular
requerido para manter o contrapeso”. Segundo Sylvia, existem muitos estudos que
indicam a inexistência de correlação entre o tamanho dos seios e dor nas
costas, mas o fato é que “quem faz cirurgia de redução apresenta melhora
estatisticamente significativa”. Porém, adverte a especialista, se tomados
todos os cuidados e o incômodo persistir, “a fisioterapia pode atuar melhorando
as condições musculares, proporcionando alívio e prevenindo novas crises”.
FORÇA DA GRAVIDADE
Para o cirurgião plástico André G. de Freitas
Colaneri, o sutiã ideal é aquele que se ajusta bem ao corpo
e sustenta a mama. O conforto é fundamental. A peça deve ser considerada uma
aliada das mulheres porque “ajuda a minimizar os danos causados pelo tempo”. Para
quem dorme de sutiã porque acredita que essa medida colabora para sua
proteção, Colaneri diz que essa opção é indicada apenas no pós-operatório de
uma intervenção nas mamas: “No dia a dia é dispensável, pois a força da
gravidade não atua quando a mulher está deitada”. Seu conselho para quem faz
implantes de silicone é o uso de sutiã especial por 45 dias, sutiã normal por
15 dias e até completar os 60 dias contados desde a cirurgia, e mesmo durante a
noite, para mantê-lo fixo. Mas, mesmo após esse prazo, o uso do sutiã deve ser
a regra.
Fonte: http://revistavivasaude.uol.com.br/bem-estar/veja-como-escolher-o-melhor-sutia-para-voce/2611/
- Texto: Cristina Almeida/ Foto: Fabio Mangabeira/ Adaptação: Letícia
Maciel
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