Cruzeiro passa sufoco, mas leva o tetra da Superliga
e é "campeão de tudo"
Com a força de Leal, time sai perdendo para o
Campinas na decisão, vê estreante dar trabalho no último set, mas conquista
quarto título nacional e fecha temporada perfeita
A missão não era fácil. Faltava derrubar um gigante.
O maior de todos, aquele que já havia erguido cinco troféus nos cinco
campeonatos que disputou na temporada (Mineiro, Copa Brasil, Supercopa,
Sul-Americano e Mundial). Aquele que foi campeão do mundo e só precisava de
mais uma vitória para ter um ano perfeito. O Campinas não se intimidou. Saiu na
frente com a vontade de quem disputava sua primeira final de Superliga, mas não
conseguiu conter o ímpeto de Leal. Quando o Cruzeiro mais precisou, quando se
viu sob forte pressão, o cubano naturalizado brasileiro fez o time respirar. E
o caminho que parecia complicado se abriu. Neste domingo, no ginásio Nilson
Nelson, em Brasília, o time mineiro escreveu uma nova página em sua história,
vencendo a partida por 3 sets a 1 (23/25, 25/23, 25/15 e 30/28) e faturando o
terceiro título seguido na competição (o quarto no total) e o sexto no ano. O
terceiro colocado foi o Taubaté.
O JOGO
Wallace subia e o duplo estava montado bem na sua
frente. O xará do Campinas freava o oposto do Cruzeiro e apontava o dedo para o
céu. O time paulista estava atento sem deixar o adversário fugir no placar
(6/6). William acionava Leal e Eder na tentativa de desgarrar, mas um ponto era
o máximo que conseguiam. Até que Leal começava também a tirar proveito do
saque, arrancava um ace e fazia Alexandre Stanzioni pedir tempo (13/10). Na
volta, forçava de novo e aumentava a diferença. Do outro lado, Wallace Martins
reagia. Freava o ataque da equipe celeste e via os rivais cometerem erros em
sequência (14/13). O jogo estava de novo equilibrado.
Marcelo Mendez fazia a inversão: William e Wallace
davam lugar a Fernando e Alan. Pouco depois os titulares voltavam à quadra. O
Campinas seguia dando trabalho e chegava ao empate (19/19). Lucas Lóh queria
mais. Colocava a bola no chão e conseguia a virada. A frente aumentava com um
erro de Wallace no ataque (21/19). Mas as falhas mudavam de lado, e o Cruzeiro
deixava tudo igual (22/22). A equipe paulista insista. Lóh fazia 24/23, e
o romeno Olteanu fechava o set para o Campinas: 25/23.
Marcelo Mendez conversava com seu time. Na lateral
da quadra, enquanto esperavam a retomada da partida, os jogadores também
tentavam arranjar uma solução para voltar aos trilhos. Mas encontrava
resistência. O levantador Demian Gonzalez distribuía bem as jogadas, e seus
companheiros correspondiam. O Cruzeiro tinha dificuldade na recepção e pagava o
preço (6/4). A torcida tentava acordar os atuais campeões. Pedia a virada e ela
vinha (7/6). A essa altura, a equipe já vibrava mais. Leal soltava o braço, e
Isac conseguia um ace logo em seguida (12/9). O respiro durava pouco tempo. O
Campinas empatava (12/12). E não demorava para retomar o comando do marcador
(15/14). O Cruzeiro se recuperava e ia para a segunda parada técnica em
vantagem (16/15). Só que os debutantes na final não se entregavam. Faziam boas
defesas e tiravam proveito dos erros de saque time de Leal & Cia. Daquela
linha, Wallace Martins conseguia um ace e colocava a equipe paulista na frente
(21/20). Leal consertava tudo. O líbero Serginho pedia o apoio da arquibancada
(22/21). Luizinho se redimia da falha no contra-ataque e parava Leal com um
bloqueio (23/23). Wallace e Eder, com um ace, colocavam fim ao sufoco: 25/23.
O jogo do Cruzeiro passou a fluir como de costume. O
Campinas trocava as peças na tentativa de se aproximar no placar (11/8). De
nada adiantava. Os comandados de Marcelo Mendez encontravam espaços e
engrenavam uma sequência de três pontos seguidos. O jogo ficava mais falado. O
Campinas reclamava da arbitragem. O Cruzeiro fazia o mesmo e mantinha a parcial
sob controle (19/13). Do outro lado, Maurício Souza pedia calma aos
companheiros. Mas Gonzalez se estranhava com Leal na rede. Não gostava da
comemoração do ponteiro, que dava de ombros e cravava outra bola na quadra
adversária. O set ia para a conta do Cruzeiro: 25/15.
O Campinas jogava pelo tie-break. Dois saques de
Lucas Lóh davam a vantagem aos estreantes (10/8). O Cruzeiro empatava. Mesmo
com câimbras na perna direita, Leal não parava de pontuar. Depois de ter
recebido atendimento médico, teve seu nome gritado pela torcida (13/11). Os
adversários respondiam com a virada promovida pelo central Maurício (16/15). O
saque de Luizinho na rede deixava tudo igual. Os comandados de Stanzioni
reagiam e abriam novamente (20/18). Marcelo Mendez parava o jogo. Isac e Leal
seguiam direitinho as orientações e faziam 20/20. Após um bom rali, novo
empate. E outro e outro e outro (24/24). Uma pancada de Leal dava o match point
ao Cruzeiro. O Campinas salvava. Wallace aparecia e criava nova oportunidade de
fechar. Nada feito. Vini deixava o banco para sacar. Errava. Leal fazia o mesmo
(28/28). Filipe fazia o ponto. E desta vez, contando com um ataque para fora de
Lucas Lóh, os campeões de tudo puderam finalmente comemorar: 30/28.
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