O aumento da infertilidade masculina é diretamente
proporcional à obesidade. A cada 9 kg acima do peso, aumenta-se em 10% a
tendência à infertilidade
Os últimos 40 anos foram marcados por uma elevação
da obesidade em todo o mundo, de forma que dados atuais chegam a um número de
700 milhões de obesos. No sexo masculino, a proporção praticamente triplicou
(17,5%). Dentre todas as comorbidades que vêm com a obesidade, não podemos
achar menos relevante a infertilidade e impotência masculina, muito menos
tratá-la como tabu.
Obesidade, impotência e infertilidade
A infertilidade, problema que afeta um em cada 13
casais, caracteriza-se pela ausência de concepção após um ano de relação sexual
sem proteção. É importante notar que o aumento da infertilidade masculina é
diretamente proporcional à obesidade, uma vez que a cada nove quilos acima do
peso, aumenta-se em 10% a tendência à infertilidade. Em razão disso, estima-se
que 80 milhões de indivíduos obesos do sexo masculino possuem esse problema.
Além disso, conforme um levantamento realizado, o homem é o responsável pela
infertilidade em 30% dos casais.
O paciente obeso apresenta queda da libido,
dificuldade de ereção, piora no desempenho sexual, diminuição do tamanho
testicular, bem como baixa contagem de espermatozoides no sêmen e deterioração
em sua qualidade. Baixos níveis plasmáticos de testosterona e pouca resposta
terapêutica a estimulantes sexuais também são elementos notáveis nesses
indivíduos.
Estudos mostram que homens com IMC maior que 30
kg/m² têm menor concentração seminal e os com circunferência abdominal acima de
94 centímetros, maior dificuldade de ereção.
A obesidade, quando associada a outras condições,
pode agravar a infertilidade e impotência. São exemplos dessas condições o
diabetes tipo 2, hipertensão arterial, apneia obstrutiva do sono, tabagismo,
câncer e dislipidemia.
O quadro de obesidade, infertilidade e impotência
impacta negativamente a autoestima, o bem-estar emocional e social, além da
qualidade de vida. Isso pode favorecer o aparecimento de quadros depressivos,
os quais podem gerar um aumento ainda maior no peso.
Mas como o excesso de peso causa todas essas
alterações no corpo?
Os obesos têm mais problemas vasculares, o que pode
reduzir o fluxo de sangue para o pênis, fluxo este que sustenta a ereção.
Ressalte-se ainda que esses pacientes também apresentam menores níveis de
testosterona (hormônio masculino) e maior produção pelo tecido adiposo de
estradiol (hormônio feminino). Esse desbalanço hormonal é proporcionado pelo
aumento do número de células adiposas, elevação dos níveis de insulina,
diminuição da relação FSH/LH , diminuição da inibina (proteína produzida pelas
células de sertoli no testículo) e diminuição dos níveis de SHBG (proteína
produzida pelo fígado que é carreadora da testosterona).
Em suma, todo o eixo responsável pela produção de
testosterona e espermatozoides entra em colapso devido às alterações causadas
pelo excesso de gordura corporal.
Muitos acreditam que apenas com a reposição de
testosterona é possível resolver o problema. No entanto, ela não funciona como
medicamento para o tratamento da obesidade, além de não ser eficaz em combater
as queixas em grande parte dos casos.
A boa notícia é que as modificações são reversíveis
mediante controle do peso, diminuição da gordura abdominal e melhora no estilo
de vida.
Fonte: http://veja.abril.com.br/blog/letra-de-medico/engordar-pode-causar-disfuncao-sexual-no-homem/
- Por Claudia Cozer Kalil - iStockphoto/Getty Images
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