Estudo indica um elo entre as dietas ricas em
carboidratos simples e esse distúrbio do sono — ao menos em mulheres na
pós-menopausa
A alimentação é um dos fatores que influencia a
qualidade do sono. E, segundo um novo estudo da Universidade Columbia, nos
Estados Unidos, um componente da dieta estaria especialmente relacionado à
insônia na pós-menopausa: o açúcar refinado.
Para chegar nessa conclusão, os cientistas
recorreram a dados de 53 069 mulheres entre 50 e 79 anos, que já haviam passado
pela menopausa. Eles foram coletados entre setembro de 1994 e dezembro de 1998.
Ao fim da análise, os pesquisadores encontraram uma
ligação entre a dificuldade para dormir e o consumo elevado de alimentos com
carboidratos simples, como refrigerantes, doces e pão branco.
De acordo com o psiquiatra que liderou o estudo,
James Gangwisch, há um mecanismo que, em teoria, explicaria o porquê de o
açúcar atrapalhar o sono. Quando consumido em excesso, esse ingrediente faz a
glicose no sangue disparar rapidamente. Aí o corpo reage estimulando doses
extras de insulina, um hormônio que insere essa molécula dentro das células.
“A consequente queda brusca da glicose no sangue
pode liberar hormônios como adrenalina e cortisol, que interferem no sono”,
esclarece o psiquiatra, em comunicado à imprensa. Esses hormônios, aliás,
também estão vinculados ao estresse.
Talvez você esteja se perguntando: será que frutas e
outros alimentos naturalmente adocicados provocam o mesmo efeito? O próprio
trabalho mostra na verdade o contrário: as voluntárias que ingeriam mais desses
itens dormiam melhor.
Segundo os autores, as fibras presentes nos vegetais
seriam as responsáveis por trás dessa boa notícia. Isso porque elas levam a uma
digestão mais lenta, o que faz o açúcar não ser absorvido tão rapidamente.
Agora, há ponderações a serem feitas sobre o
levantamento. Em primeiro lugar, cabe lembrar que foi encontrada apenas uma
associação entre a ingestão de açúcar refinado e a insônia. Ou seja, também é
possível que as poucas horas dormidas culminem em um consumo elevado de doces.
Estudos anteriores já revelaram que quem passa muito tempo acordado acaba
comendo mais besteiras, por exemplo.
Outra observação feita pelos experts é a de que eles
se restringiram ao sexo feminino após os 50 anos. Ainda assim, acreditam que o
resultado seria aplicável a homens e pessoas de outras faixas etárias.
“Baseado nos achados, precisaríamos de pesquisas
clínicas randomizadas para verificar se uma dieta focada no crescimento do
consumo de alimentos integrais e carboidratos complexos poderia ser usada para
prevenir e tratar insônia”, conclui Gangwisch.
Fonte: https://saude.abril.com.br/alimentacao/consumo-de-alimentos-com-acucar-refinado-e-associado-a-insonia/
- Por Maria Tereza Santos - Foto: GI/Getty Images