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domingo, 23 de junho de 2019

Saúde física e mental associada com otimismo e sabedoria - ou com a solidão


"Algum declínio cognitivo ao longo do tempo é inevitável, mas seu efeito não é claramente uniforme e, em muitas pessoas, não é clinicamente significativo - pelo menos em termos de impacto em sua sensação de bem-estar e desfrute da vida," disse o Dr. Dilip Jeste.

Abordagem holística

O avanço da idade está amplamente associado ao declínio da saúde cognitiva, física e mental.

Mas como fatores distintos, como sabedoria, solidão, renda e qualidade do sono, impactam - para o bem e para o mal - o funcionamento físico e mental dos idosos?

O Dr. Dilip Jeste e seus colegas na Universidade da Califórnia de San Diego e da IBM Research adotaram esse enfoque mais amplo e chegaram a conclusões que podem ampliar a abordagem de cuidados que especialistas e autoridades de saúde costumam difundir.

Eles descobriram que a saúde física correlaciona-se com a função cognitiva e com a saúde mental. Mais especificamente, a função cognitiva mostrou-se significativamente associada à mobilidade física, à sabedoria e à satisfação com a vida.

Já a saúde física mostrou-se associada ao bem-estar mental e à resiliência - além da menor idade.

A saúde mental, por sua vez, está ligada ao otimismo, autocompaixão, nível de renda e níveis mais baixos de solidão e distúrbios do sono.

"A maioria das pessoas se concentra em doenças e fatores de risco, como a velhice, a dieta pouco saudável e a falta de atividade. Isso é importante, é claro, mas também precisamos nos concentrar nas áreas que compõem a pessoa como um todo.

"Traços psicológicos, como otimismo, resiliência, sabedoria e autocompaixão mostraram-se protetores, enquanto a solidão parece ser um fator de risco. Uma pessoa de 85 anos pode estar funcionando melhor do que uma pessoa de 65 anos devido aos fatores de proteção e de risco," detalhou Jeste.

Cuidar da população mais velha

O Dr. Jeste afirma que mais estudos longitudinais holísticos como este, envolvendo diversas amostras de idosos, são necessários para determinar se as variáveis psicossociais e outras são potenciais riscos ou fatores de proteção relacionados à saúde e às doenças cognitivas, físicas e mentais.

"O objetivo final seria desenvolver novas intervenções focadas na saúde com base em tais pesquisas. Centros de terceira idade na comunidade devem incorporar atividades que abordam aspectos físicos, sociais e mentais. Todos nós podemos fazer algo para melhorar e fortalecer a qualidade de vida da nossa população que envelhece," finalizou ele.


sábado, 5 de maio de 2018

Vida longa está associada à qualidade do sono

Saciedade do sono é mais importante do que a duração dele

Como fator de risco para diversas doenças do organismo, a privação e os distúrbios do sono e a quantidade e qualidade insuficientes do descansar fazem o indivíduo viver menos. O que antes era uma suposição da medicina virou uma certeza nas últimas décadas: quem consegue dormir com profundidade tem grandes chances de viver mais e melhor.

De acordo com a neurologista e responsável pelo Laboratório do Sono do Hospital São Luiz, em São Paulo, Rosa Hasan, há uma relação clara entre o dormir mal e a morte precoce. "Pessoas que dormem pior, que dormem menos ou apresentam quadro de insônia vivem menos. Os que apresentam apneia do sono vivem muito menos, por conta do aparecimento de doenças cardiovasculares", diz.

Para não correr o risco de desenvolver tais moléstias por conta do sono insuficiente, o indivíduo deve estabelecer uma média de período de descanso que deixe o seu corpo adaptado e saciado em relação ao repouso. Se a pessoa se sente bem e não tem picos significativos de sono ou falta de vontade durante o dia, isso significa que o papel do descanso está sendo bem desempenhado. Portanto, a saciedade do sono é mais importante do que a duração dele, que pode variar.

"O tempo é individual. Na média o adulto precisa de 7h30min de sono. Alguns precisam de oito horas, outros de sete, outros de nove. A gente tem que respeitar a nossa necessidade individual", diz Rosa. De acordo com ela, há algumas dicas para melhorar a qualidade de sono e, assim, viver mais. Uma delas é tentar acordar sempre na mesma hora, adaptando o corpo. É importante, contudo, que não haja grandes variações no horário do deitar.

Uma noite mal dormida não traz apenas consequências para o dia seguinte. Se o corpo sofre com a sonolência e a lentidão durante o resto do dia, pior fica a mente, que está sempre cansada e cheia de horas de sono atrasada, o que prejudica o desempenho do indivíduo no trabalho e acarreta em aumento do estresse. Se existe alteração na capacidade de dormir ou o sono se intromete nas atividades diárias normais de uma pessoa, as causas devem ser investigadas, pois ela pode estar sofrendo com um distúrbio do sono.

A insônia, a apneia e o ronco dificultam a concentração e o repouso. Por isso, é coerente que se diga que eles afetam a longevidade e, portanto, devem ser tratados de forma séria.