Em 11 de abril de 1930, nascia no
povoado Flechas de Itabaiana uma criança que recebera o nome de Maria da Graça
Santiago, filha de José Felipe Santiago e Maria Francisca Santiago, família
pobre e de agricultores. Foi batizada na Igreja católica. Tinha dois irmãos, José
Felipe Santiago Filho, mais conhecido como Zequinha, era o mais velho, in
memorian, e Alaíde Maria Santiago, a mais nova, viva entre nós.
Ainda criança, seus pais compraram um
sítio no povoado Batula e eles se mudaram para lá a fim de plantar e criar
algumas cabeças de gado, ao mesmo tempo morava em uma casa na Rua da Vitória,
atualmente Rua General Siqueira. Aos
Domingos, ia à Igreja de Santo Antônio para assistir à missa, e foi numa dessas,
que conheceu Josias Costa, pintor renomado na cidade. Namorou, noivou e casou em 20 de Julho de
1956, aos 26 anos, na Paróquia Santo Antônio e Almas de Itabaiana.
O casal foi morar na Rua 7 de Setembro onde
ela teve seu primeiro filho, José Antônio Costa que morreu prematuramente.
Posteriormente Josias Costa comprou uma casa na Praça João Pessoa onde nasceram
os outros 6 filhos: Antônio Costa, Maria Aparecida Costa, José Costa, Maria
Bernadete Costa, Maria de Lourdes Costa e Maria Luzia Costa que morreu com
menos de 1 ano de vida.
Em 22 de outubro de 1972, meu pai morreu e
minha mãe ficou encarregada de criar os filhos que tinham idades entre 6 e 14
anos. Na época, mãe estava com 42 anos, bonita e jovem, mas não quis casar
novamente e assumiu o papel de pai e mãe preferindo nos criar sozinha educando
através do seu exemplo, oferecendo os estudos e nos guiando com os ensinamentos
de Deus. Mãe viveu e dedicou sua vida aos filhos, foi por causa dela que
estudamos, nos formamos e construímos nossas famílias através do seu exemplo de
mulher, esposa, mãe e avó. Apesar do pouco estudo, pois ela estudou até a 4ª
série do ensino primário, ela fez questão que estudássemos para que um dia
fossêmos alguém na vida. Eu e minhas irmãs fomos formados como professores pela
UFS e meu irmão como técnico de eletrotécnica na Escola Técnica Federal de
Sergipe.
Em 1973, mãe fez uma troca de casa com o Sr. Américo, situada na Rua
General José Calazans. Com o restante do dinheiro comprou uma casa do outro
lado da Praça João Pessoa onde passamos a morar. Os filhos foram se casando um
a um, saindo de casa e construindo suas famílias, até a última a casar, a
caçula Lourdes, que ficou morando com ela. A casa da Rua General Calazans foi
alugada por alguns anos. Com o casamento de Tonho, mãe desalugou a casa para
ele morar até ser transferido para Salvador. Posteriormente eu casei e fui
morar na casa até 1990. Com a reforma da casa da Praça João Pessoa, Lourdes fez
a mudança para a outra casa e após a sua saída mãe continuou morando nela,
principalmente para dormir à noite. Foi Lourdes que morou e cuidou de mãe após
os casamentos de todos da família, até o último dia de vida dela.
Com a morte de minha avó em 1976, mãe
levou o meu avô para morar conosco, mas infelizmente em 1977, Deus também o
chamou para o céu. Em 5 anos, morreram meus avós maternos e meu pai, e com uma
força inabalável, mãe superou os acontecimentos e continuou nos criando com a
pensão deixada por meu pai e seu trabalho de costureira. Apesar das dificuldades
pelas quais passamos nossa mãe sempre se mostrou forte e determinada a nos
criar com muito amor, orientando-nos para o caminho do bem e nos apoiando nas
decisões que tomávamos.
Após o meu casamento, todos os Domingos
eu, minha esposa e meus filhos almoçávamos com minha irmã Lourdes e mãe na casa
dela. Há uns 5 anos mãe parou de cozinhar aos Domingos e ia almoçar com a minha
irmã e sua família em
restaurante. Mas eu não deixei de visitá-la aos Domingos,
todas as tardes ia buscá-la para passear, principalmente na casa de minha irmã
Cida para bater um papo e tomar um cafezinho.
Mãe foi e sempre será importante, um
exemplo, o porto seguro na vida de todos os seus filhos, e principalmente na
minha, com lembranças que nunca esquecerei como: Foi ela quem me levou no 1º
dia à escola, e como eu não queria separar dela, corri pela Praça João Pessoa
até ser pego por meu irmão, tomei umas chineladas, a única vez que mãe me
bateu, e me levou até o Grupo Escolar Guilhermino Bezerra, bem próximo a nossa casa;
em 1985, ela esteve presente na minha formatura no curso de licenciatura em
educação física da UFS, em Aracaju; ficou ao meu lado na igreja no dia do meu
casamento a espera da minha esposa; ela me acompanhou no dia da minha operação
das amídalas no Hospital São José mesmo eu já casado; ao construir minha casa
durante 16 meses, na falta do dinheiro quase todos os meses, ela me emprestava
para que a construção não parasse e eu pudesse ter meu lar; ela dava uns
trocadinhos aos netos e quando eles pediam sua benção um beijo era dado nas
suas cabeças; até hoje não conheci uma pessoa que tivesse a tamanha vontade de
viver, tomava seus remédios diários sem reclamar, consultava-se periodicamente
com os médicos e fazia fisioterapia constantemente; gostava de passear como
nenhuma outra pessoa, apesar dos problemas de saúde com a coluna, perna e ombro
e em todos os lugares onde chegava, fazia amizades com facilidade, pois seu
jeito meigo de ser cativava as pessoas; nunca a vi irritada, impaciente ou
tratando alguém com ignorância, sempre era calma, paciente, bondosa, um amor de
pessoa.
Em 16 de setembro de 2013, ao entardecer,
Dona Graça, minha mãe, foi chamada por Deus e nos deixou para morar com Ele na
eternidade. A saudade é grande, principalmente pelo que ela representou na vida
de seus filhos, um exemplo de mulher, esposa, avó e MÃE. Deus está feliz com o
seu retorno a casa do PAI, o céu está em festa com a sua presença. No tempo de
Deus, logo, logo todos nós estaremos juntos mais uma vez para desfrutarmos da
vida eterna.
Maria da Graça Costa, mãe, a sua missão na
terra foi cumprida, pois viveu para criar e educar 5 filhos com dignidade sem a
presença de um pai. MÃE, a senhora foi um presente de Deus aos seus filhos, obrigado
por tudo. Para sempre te amaremos, como é grande o nosso amor por você!
José Costa e irmãos