Mostrando postagens com marcador Dependência. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Dependência. Mostrar todas as postagens

quinta-feira, 4 de julho de 2019

Existe limite seguro para o consumo de álcool?

Novas evidências científicas sinalizam que não. E os motivos para no mínimo moderar vão além do que já se falava por aí

Se depender de um dos maiores estudos globais já feitos para mensurar o impacto do álcool na saúde humana, até mensagens como “aprecie com moderação” estão com os dias contados. Após analisar o consumo e suas repercussões em mais de 100 mil pessoas de 195 países entre 1990 e 2016, pesquisadores da Universidade de Washington, nos Estados Unidos, concluem: não há limite seguro para a ingestão de bebidas alcoólicas. E fazem outro alerta: mesmo eventuais vantagens, como aquela taça de vinho prescrita pelo bem do coração, não superam os malefícios, caso do aumento no risco de câncer e outros males.

“Sabe quem inventou essa história de que beber moderadamente faz bem? A indústria do álcool, baseada em estudos pouco controlados”, afirma o psiquiatra Ronaldo Laranjeira, diretor da Unidade de Pesquisas em Álcool e Drogas da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). “O mais saudável é não beber. Mas, se beber, o ideal é não passar de uma ou duas doses por semana”, diz. Perceba: tomar algo todo dia, ainda que só um pouco, está fora de cogitação — pelo menos se você quer ter saúde.

Para dar seu veredicto, os cientistas americanos dividiram o público em dois grupos: os que bebiam e os abstêmios. Notaram, então, que a propensão a problemas (câncer, infarto, AVC, cirrose, violência doméstica…) aumenta à medida que se elevam a quantidade e a frequência de consumo.

O risco de adoecer crescia 0,5% entre quem tomava uma única dose por dia (como uma lata de cerveja ou taça de vinho). Subia para 7% diante de duas doses. E decolava para 37% na ingestão de cinco.

“Ainda que haja pesquisas indicando potenciais benefícios com o consumo leve ou moderado, isso não pode ser generalizado porque os efeitos do álcool também dependem do histórico médico e de riscos individuais”, explica o psiquiatra Arthur Guerra, presidente do Centro de Informações sobre Saúde e Álcool (Cisa). “Por essa razão, pensando em minimizar riscos à população, a recomendação mais segura mesmo é não beber.”

O sono sofre com as bebidas alcoólicas
Se você é daqueles que, antes de dormir, gostam de tomar uma taça de vinho para relaxar, esqueça: seu método pode até soar eficaz, mas é prejudicial à qualidade do sono. “À medida que o álcool é processado pelo corpo, o sono se torna superficial. Aí o indivíduo acorda pela manhã com a sensação de que não dormiu o suficiente”, esclarece a neurologista Andrea Bacelar, presidente da Associação Brasileira do Sono.
Um estudo finlandês, realizado com mais de 4 mil pessoas com idade entre 18 e 65 anos, atestou que a recuperação fisiológica durante o repouso à noite sofre uma redução significativa na presença do álcool — quanto mais se bebe, pior.
Já de Londres, na Inglaterra, veio outra descoberta: a bebida desregula os ciclos naturais do sono e, mesmo com moderação, incentiva roncos e insônia. O ideal é que, se for tomar uma taça no jantar, isso aconteça de três a quatro horas antes de dormir. E olhe lá.

Álcool engorda?
Sim. A médica Marisa Helena César Coral, da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia, já perdeu as contas de quantos pacientes, ávidos por entrar em forma, reclamaram: “Doutora, não sei por que não emagreço. Eu não como praticamente nada”.
O problema, explica, é que o indivíduo pode até fazer dieta e praticar exercícios, mas, se não cortar ou moderar o álcool, vai ser difícil.
Uma pesquisa da Universidade Federal de Ouro Preto (MG) com 178 universitárias investigou a relação entre bebida alcoólica e gordura corporal. O valor médio da gordura concentrada ao redor da cintura foi maior entre as que relataram beber socialmente.
“O álcool é muito calórico. Cada grama tem 7 calorias. Para ter ideia, cada grama de carboidrato tem 4″, compara Marisa. Na ponta do lápis, uma latinha de cerveja (350 ml) corresponde a 150 calorias e uma tulipa de chope (300 ml), 180 calorias. E ainda tem os acompanhamentos, né?

Malefícios dos drinques para a pele
Digamos que o álcool tem um efeito tóxico para o tecido que reveste o corpo. De acordo com a médica Sylvia Ypiranga, do Departamento de Cosmiatria da Sociedade Brasileira de Dermatologia, a ingestão frequente instiga um processo inflamatório que piora quadros de acne, dermatite e psoríase. Sem falar que anos de bebedeira abrem alas ao envelhecimento precoce, que se manifesta por manchas e rugas.
Se não bastasse, uma bomba foi noticiada por estudiosos do Instituto Karolinska, na Suécia, e da Universidade de Monza, na Itália. Mesmo o consumo moderado de bebida alcoólica foi associado a um aumento de 20% no risco de melanoma, o câncer de pele mais agressivo.
Os cientistas se aventuram em algumas hipóteses para elucidar o achado. Uma delas é que, além de mexer com o controle da inflamação no corpo, o álcool potencializa a sensibilidade da pele aos raios solares — vilões por trás do tumor.

O rival do esporte
Não importa se você é atleta ou malha de leve pensando no seu bem-estar, o consumo de álcool e a prática de exercícios definitivamente não combinam. Nem antes nem depois de suar a camisa. A bebida interfere na força, na velocidade e no equilíbrio, acarretando pior desempenho e mais lesões.
Quem toma umas antes de jogar ou malhar, então, fica mais sujeito à hipoglicemia, quando o açúcar no sangue despenca. Um perigo!
E sabe aquela rodada de cerveja que costuma fechar a pelada de futebol? Reconsidere. “O álcool é o inimigo número 1 da hidratação. Se o sujeito já está desidratado, vai ficar ainda mais depois de beber”, avisa o fisiologista Turíbio de Barros, da Unifesp. “Por ter efeito diurético, quanto maior o consumo, maior a perda de líquidos e eletrólitos como sódio e potássio.”
Vai se exercitar? Então é melhor suspender a bebida alcoólica por 72 horas antes ou 24 horas depois da atividade.

Fertilidade em xeque
Ao que tudo indica, o álcool atrapalha o sonho de ser pai e mãe. Um estudo americano indica que mesmo meras três taças de vinho por semana já podem reduzir a capacidade de mulheres engravidarem.
Para os homens, o cenário não é tão diferente. E, quanto maior a ingestão, mais dificuldades à vista. Segundo a pesquisadora Tina Kold Jensen, da Universidade do Sul da Dinamarca, a bebida afeta a qualidade dos espermatozoides. “O consumo crônico pode impactar na forma e na função dessas células, diminuir a libido e até levar à atrofia dos testículos”, alerta.
Pensando em fazer tratamento para ter filhos? A recomendação do ginecologista e obstetra Isaac Yadid, da Sociedade Brasileira de Reprodução Assistida, é não ingerir álcool pelo menos um mês antes. “Estudos demonstram tendência de pior resultado com a ingestão diária”, diz.

Quer ser produtivo?
Quem bebe com frequência vê ou verá o rendimento no emprego naufragar. Mas não para aí. O consumo de álcool já se tornou a principal causa de afastamento do trabalho por uso de substâncias psicoativas no Brasil. Entre 2010 e 2014, o número de brasileiros nessas condições que precisaram parar de trabalhar e pediram auxílio-doença registrou um aumento de 19%.
“O álcool provoca efeitos físicos e cognitivos que impactam no desempenho do trabalhador, o que traz riscos para si e para terceiros”, observa João Silvestre da Silva Júnior, diretor da Associação Nacional de Medicina do Trabalho.
Dados do último Levantamento Nacional de Álcool e Drogas indicam que 4,9% da população (cerca de 4,6 milhões de cidadãos) admitiram já ter perdido o emprego por causa do álcool e 8% (7,4 milhões) relataram que o uso de bebidas alcoólicas teve repercussão em sua rotina de trabalho.

Dependência por álcool na família
Vinte e oito milhões. Eis o número de brasileiros que, segundo o Levantamento Nacional de Famílias dos Dependentes Químicos, da Unifesp, têm algum dependente químico na família. “Para cada usuário de drogas, existem outras quatro pessoas afetadas”, estima Laranjeira.
As mulheres são as que mais padecem: 80% delas sofrem os impactos negativos, psicológicos ou financeiros, do vício dentro de casa (seja do filho, seja do marido).
Um dos desafios apontados na pesquisa é o tempo para busca de apoio: no caso dos dependentes de álcool, uma média de sete anos até procurar um serviço especializado — entre dependentes de cocaína, essa janela não passa de dois anos.
Nesse ínterim, o lar pode virar refém inclusive da violência. “O álcool é um veneno. Ao menor sinal de dependência, o indivíduo ou a família devem buscar ajuda”, ressalta o psiquiatra Jorge Jaber, presidente da Associação Brasileira de Alcoolismo e Drogas.

Os problemas do álcool em números e quem precisa ficar longe dele
“Cerveja? Só faz mal quando falta”, “Evite ressaca: mantenha-se de porre”… Frases do tipo, a estampar paredes de bar ou para-choques de caminhão, seriam cômicas se não fossem trágicas. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o consumo de álcool causa problemas a 10% da população do planeta — são 753 milhões de pessoas.
No ano de 2016, cerca de 2,8 milhões (100 mil delas só no Brasil) perderam a vida em decorrência dele. O motivo? De acidente de trânsito a falência do fígado. E não pense que o prejuízo se restringe a quem bebe demais.
No Brasil, o último Relatório Global sobre Álcool e Saúde da OMS revela que, entre 2010 e 2016, a média de consumo per capita caiu 11% e passou de 8,8 litros para 7,8 litros ao ano por cidadão. “É um avanço. Apesar de estar acima da média mundial de 6,4 litros, o país alcançou valor inferior à média das Américas, de 8 litros”, analisa Guerra.
Se a ingestão per capita caiu, o consumo de grande quantidade de álcool em curto espaço de tempo aumentou de 12,7% para 19,4% entre mulheres e jovens, revela o estudo Álcool e a Saúde dos Brasileiros – Panorama 2019 do Cisa.
“A situação é preocupante porque, biologicamente, o organismo feminino é mais suscetível aos efeitos do álcool e o cérebro adolescente pode sofrer danos irreversíveis”, avalia Guerra.
Jovens e gestantes estão entre aqueles que em nenhuma hipótese deveriam tomar bebida alcoólica. O grupo do “álcool zero”, por orientação da OMS, inclui, ainda, quem vai dirigir ou trabalhar com máquinas, faz uso de remédios que interagem com a bebida ou tem histórico de dependência química.
Para especialistas, porém, não basta ficar nas recomendações. É preciso proibir e fiscalizar a venda para menores de 21 anos e elevar o preço do produto. “O mercado no Brasil é completamente desregulado. Quem domina a política de álcool é a própria indústria. O governo, federal, estadual ou municipal, pouco faz”, critica Laranjeira.
Que as novas evidências ajudem a rever e a mudar essa situação, para o nosso próprio bem e de toda a sociedade.

Problemas clássicos que o álcool causa ou amplifica
Cirrose e falência do fígado
Câncer
Hipertensão
Vício
Infarto e AVC
Transtornos psiquiátricos
Acidentes de trânsito
Violência dentro e fora de casa
Prejuízos ao feto

Fonte: https://saude.abril.com.br/bem-estar/existe-limite-seguro-para-o-consumo-de-alcool/ - Por André Bernardo - Foto: Francesco Carta/Getty Images

sexta-feira, 23 de outubro de 2015

Memória digital está prejudicando memória humana

Dependência tecnológica

O uso indiscriminado de tecnologias digitais está enfraquecendo a memória dos seres humanos.
Uma empresa de segurança digital sediada no Reino Unido constatou que as pessoas vêm recorrendo aos computadores e aparelhos móveis para guardar novas informações, em vez de usar seus próprios cérebros.
Segundo a pesquisa, muitos adultos que ainda se lembravam de números de telefone durante a infância não conseguiam memorizar os números de telefone do trabalho ou de parentes próximos.

Lembrança digital
O estudo, que analisou os hábitos de memória de 6 mil adultos no Reino Unido, França, Alemanha, Itália, Espanha, Bélgica, Holanda e Luxemburgo, constatou que mais de um terço dos entrevistados afirmou que recorreria primeiro a computadores e dispositivos móveis para buscar informações do que à própria memória.
A professora Maria Wimber, da Universidade de Birmingham (Inglaterra), disse que o hábito de usar as máquinas para buscar informação "impede a construção de memórias de longo prazo".
Segundo ela, o processo de memorização de dados é "uma forma muito eficiente para criar uma memória permanente. Por outro lado, buscar informações continuamente na internet não cria uma memória sólida e duradoura."

Amnésia digital
O estudo, patrocinado pela Kaspersky Lab, empresa de segurança digital sediada no Reino Unido, constatou que as pessoas se acostumaram a usar computadores como uma "extensão" de seus próprios cérebros.
Trata-se da chamada "amnésia digital", pela qual as pessoas se esquecem de informações importantes pois acreditam que podem buscá-las imediatamente na internet.
"Existe também o risco de que o registro constante de informação em dispositivos digitais nos torna menos propensos a guardar informações de longo prazo, e até nos distrair de memorizar corretamente um acontecimento da forma como ele ocorre," afirmou Wimber.


sexta-feira, 25 de setembro de 2015

Vício em tecnologia abala a qualidade de vida

Esse é um dos achados de uma pesquisa brasileira feita com jovens

Quando você olha para os lados, costuma se deparar com muitas pessoas mexendo em celulares e tablets? Para desvendar até que ponto essa dependência tecnológica atinge os adolescentes, a pesquisadora Fernanda Davidoff, da Universidade Federal de São Paulo, realizou um levantamento com 264 estudantes entre 13 e 17 anos. Os participantes eram de escolas públicas e particulares da cidade de São Paulo e responderam questionários que avaliam a qualidade de vida. Entre os entrevistados, 68% foram classificados como dependentes moderados de tecnologias, enquanto 20% se mostraram dependentes graves. O estudo também contemplou a incorporação de celulares e afins nos hábitos diários desses estudantes. Os resultados: 33% relataram usar os smartphones quando vão ao banheiro, 51% durante as refeições e 90% antes de dormir, quando já estão na cama. E, ao acordar, a primeira coisa que fazem (92%) é checar o celular. 

Só que a dependência dos dispositivos digitais parece influenciar no bem-estar desses jovens. A qualidade de vida era mais alta entre os alunos com dependência leve de tecnologia. Porém, os voluntários que abusavam mais de tablets, smartphones e afins apresentaram médias menores nos aspectos físico, sentimental, social e escolar. Para Denise De Micheli, orientadora do projeto, as informações coletadas nessa pesquisa mostram dificuldades no controle de impulsos entre os adolescentes, que acabam utilizando os meios tecnológicos como principal recurso para lidar superficialmente com problemas de relacionamento. 

E você, se considera um dependente de tecnologia? Elencamos aqui oito condições já definidas por especialistas e que têm a ver com o abuso da tecnologia. 

Síndrome do toque fantasma
É a sensação constante de que o celular está tocando. Segundo estudo do Centro Médico Baystate (EUA), 68% dos 176 voluntários entrevistados sentiam a alucinação sensorial, que gera ansiedade.

Nomofobia
Trata-se do medo crônico de ficar sem celular. Um levantamento da Universidade Federal do Rio de Janeiro indica que mais de 30% das pessoas entram em paranoia quando não conseguem utilizá-lo.

Cibercondria
Hábito de vasculhar sites em busca de sintomas para os males que a pessoa acha que tem. Uma pesquisa da Universidade de São Paulo (USP) apontou que 83% dos voluntários avaliados eram hipocondríacos digitais, situação que predispõe a crises de pânico e ansiedade.

Danos aos testículos
Usar notebook no colo pode reduzir a capacidade reprodutiva, alerta experimento da Universidade Stony Brook (EUA). É que isso eleva a temperatura dos testículos e debilita os espermatozoides. Recorrer a uma almofada não ofereceria proteção.

WhatsAppite
É uma inflamação nos pulsos causada pela troca de mensagens no Whatsapp. Foi descrita pela primeira vez na revista médica The Lancet depois que uma espanhola passou seis horas seguidas no aplicativo e foi parar no hospital.

Náusea digital
Mal-estar provocado por programas, jogos e equipamentos baseados em realidade virtual. Usuários de dispositivos Apple chegaram a relatar enjoo, vertigem e dor de cabeça por causa do abre e fecha de alguns aplicativos.

Efeito Google
Por que decorar uma informação se você a encontra em um site de busca? Na Universidade Colúmbia (EUA), cientistas estão sondando como esse acesso imediato mexe com o cérebro. Primeira conclusão: a memória sai mesmo prejudicada.

Problemas osteomusculares
O uso de tablets, computadores e afins exige movimentos repetitivos e pode resultar em posturas nocivas. Por isso, viram uma fonte de dor e inflamação nos punhos, nos ombros, no pescoço e, claro, nas costas. Lembre-se, portanto, de fazer pausas e cuidar da coluna quando estiver em frente às telas.