O que nós temíamos há muito tempo está acontecendo.
Um novo estudo sugere que milhares de espécies na Terra estão sendo extintas a
uma taxa que excede em muito o que é típico. Estamos nos primórdios de uma
extinção em massa, argumentam os cientistas, e isso poderia levar à fome
mundial para os seres humanos e muitos outros animais.
O novo estudo, publicado ontem, dia 19, na revista
“Science Advances”, explica que estamos sofrendo níveis extremamente elevados
de perda de espécies. Não é uma questão de uma coruja-do-ártico aqui ou uma
rã-arborícola acolá. Estamos falando de milhares e milhares de espécies se
extinguindo, o que levará a uma perda de biodiversidade.
Sem essa diversidade muito necessária em um
ecossistema, o risco é que as fontes de alimentos vão diminuir: um sapo em
extinção pode significar que as aves que se alimentam dele também
desaparecerão, o que significa que os felinos que comem essas aves se extinguirão
e assim por diante. Antes que a gente perceba, a rede trófica entra em colapso
e as taxas de extinção ficam muito altas.
“A perda da
biodiversidade é um dos problemas ambientais atuais mais críticos, ameaçando
serviços de ecossistemas valiosos e o bem-estar humano”, escrevem os
pesquisadores. “Um crescente corpo de evidências indica que as taxas de
extinção de espécies atuais são mais elevadas do que a taxa normal de extinção
pré-humana, com centenas de extinções antropogênicas de vertebrados documentadas
em tempos pré-históricos e históricos”.
Influência inegável
O avanço deste estudo é ter coletado grandes
quantidades de dados que sugerem que as espécies estão sendo extintas em níveis
que excedem as taxas de extinção típicas. Talvez mais importante do que isso
seja a constatação de que a perda de biodiversidade está correlacionada com as
atividades humanas.
“Nós avaliamos, usando premissas extremamente
conservadoras, se as atividades humanas estão causando uma extinção em massa”,
afirmam os pesquisadores.
Primeiro, foi usada uma estimativa recente de que a
taxa normal de extinção seria de duas extinções de mamíferos por 10 mil
espécies em 100 anos (unidade que eles chamaram de 2 E/MSY), que é duas vezes
maior do que estimativas anteriores amplamente utilizadas.
Em seguida, essa taxa foi comparada com a taxa atual
de extinções de mamíferos e vertebrados – esta é conservadoramente baixa porque
listar uma espécie como extinta exige o cumprimento de critérios rigorosos.
“Mesmo sob nossas suposições, que tenderiam a minimizar evidências de uma
extinção em massa incipiente, a taxa média de perda de espécies de vertebrados
no último século é até 114 vezes maior do que a taxa normal”.
Considerando a taxa normal de 2 E/MSY, o número de
espécies que foram extintas no século passado teria levado, dependendo da
classificação dos vertebrados, entre 800 e 10 mil anos a desaparecer. Essas
estimativas revelam uma perda excepcionalmente rápida da biodiversidade ao
longo dos últimos séculos, indicando que uma sexta extinção em massa já está em
andamento. “Evitar uma deterioração dramática da biodiversidade ainda é
possível através de esforços de conservação intensificados, mas esta janela de
oportunidade está se fechando rapidamente”, advertem os pesquisadores.
A extinção em massa é tecnicamente um evento no qual
75% das espécies do planeta se extinguem em um milhão de anos ou menos. Houve
cinco nos 4,5 bilhões anos de história do nosso planeta, sendo a mais recente
quando a maioria dos dinossauros foram mortos pelas duas explosões consecutivas
de mega-vulcões na Índia e pela colisão de um enorme asteroide com o Golfo do
México. Isso aconteceu 65 milhões de anos atrás. [Gizmodo]