Seu corpo reage de diversas formas ao terminar um
relacionamento, mas você pode amenizar os efeitos dessa experiência negativa
O término de um relacionamento implica em uma
mudança radical em nossas vidas. Passamos grande parte de nosso tempo
acostumados a conviver com uma pessoa, e quando ela não está mais presente,
sentimos que existe um vazio em nós.
Os impactos dessa experiência ultrapassam o campo
das emoções, e podem até mesmo prejudicar aspectos de nossa saúde física. Veja
a seguir os impactos que o término de um relacionamento pode causar em você:
Efeitos físicos do término
1. Você passa por uma espécie de "crise de
abstinência"
A endocrinologista Danielle Ferreira revela que o
término de um namoro pode afetar nosso centro de recompensa cerebral,
decorrente de uma relação de vício e dependência. Isto acontece porque, durante
um relacionamento saudável, temos o aumento de hormônios como a dopamina,
ocitocina e serotonina, que são responsáveis pela sensação de prazer e bem
estar.
Quando nossa mente percebe que não está tendo os
mesmos níveis destes hormônios por conta do término, expressamos a falta destas
substâncias de diversas formas. Segundo Danielle, podemos experienciar sensação
de frio, tremedeira, sudorese e até mesmo palidez durante esta fase de
"abstinência pós-término".
2. Você fica mais estressado
Ao mesmo tempo em que hormônios positivos como a
dopamina têm seus níveis reduzidos, o cortisol e a adrenalina tem seus níveis
aumentados no organismo. Consequentemente, Danielle explica que acabamos
ficando mais irritados, o que explica por que algumas pessoas podem afastar-se
de seus círculos sociais após passarem por um término.
3. Você pode ganhar ou perder peso
Segundo a endocrinologista, existe uma associação
entre distúrbios alimentares (anoréxicos ou compulsivos) e quadros psicológicos
como depressão e ansiedade. Estes últimos podem ser desencadeados a partir de
situações como um término, que causam estresse em pessoas que já são
suscetíveis a terem alterações de humor severas.
4. Você pode ter suas doenças agravadas
Para Danielle Ferreira, do Hospital Norte D'Or, o
excesso destes hormônios pode impedir a ação de substâncias como a insulina,
aumentando o risco do desenvolvimento de diabetes em pessoas suscetíveis à
doença.
A maior secreção de adrenalina pelo corpo também
pode provocar sensação de palpitação e arritmia, fazendo com que pessoas com
problemas cardíacos pré-existentes sejam mais afetadas.
O excesso de cortisol pode ocasionar menor eficácia
das células de defesa, causando também o enfraquecimento dos ossos, alterações
gástricas, fraqueza muscular e outros sintomas. Portanto, é necessário prestar
atenção do corpo e mente durante momentos difíceis como este.
5. Você pode experienciar dor física
A neurocientista e biomédica Patrícia Bado explica
que as mesmas regiões cerebrais relacionadas à dor física são ativadas pela dor
emocional da rejeição, o que justifica as dores no coração que algumas pessoas
relatam ao terem uma desilusão amorosa.
"Como os seres humanos são seres extremamente
sociais, que dependem de relações uns com os outros para sobreviverem, faz
sentido pensar que o mesmo mecanismo biológico da dor física tenha sido
apropriado para a dor social", explica a especialista.
Ela aponta que, de um ponto de vista evolutivo,
indivíduos com maior facilidade de inserção social acabavam aumentando suas
chances de sobrevivência. A ânsia por nos mantermos vivos explicaria por que
buscamos manter laços com outras pessoas constantemente.
6. Você pode desenvolver insônia
Para a psicóloga Lia Clerot, nosso sono pode ser
extremamente prejudicado ao terminarmos um relacionamento. Segundo a
especialista, por ficarmos preocupados com o futuro, acabamos desenvolvendo uma
ansiedade que afeta diretamente nossas horas de descanso.
Para a psicóloga, a tensão ao pensarmos
excessivamente em formas de reconquistar nossos parceiros pode acabar
prejudicando o sono, já que não nos concentramos em apenas dormir.
7. Nosso cérebro simula uma espécie de
"luto"
O tálamo dorsomedial e partes do tronco encefálico
são algumas regiões cerebrais relacionadas à angústia, e o término do
relacionamento pode causar graves alterações nelas. Patrícia Bado explica que
alguns estudos também mostram que o término ativa áreas da amígdala cerebral,
potencializando emoções originadas pela separação e intensificando a memória
emocional.
Quando a amígdala sofre alterações e se conecta com
outras regiões cerebrais, emoções de luto podem surgir. Quanto maior for a
modificação neural, maior será a intensidade da angústia.
8. Você pode ficar desatento
As conexões cerebrais da amígdala com o
córtex-pré-frontal modulam a nossa atenção, e segundo a neurocientista, isto
pode explicar por que algumas pessoas possuem grande dificuldade de
concentração durante o período de luto pós-término.
Patrícia explica que todos estes danos acontecem por
processos químicos. "Grande parte de nossa sinapse acontece via
neurotransmissores. Portanto, quando regiões cerebrais têm suas comunicações
alteradas, nosso corpo e mente refletem este desbalanço químico".
Como lidar com o término de um relacionamento
emocionalmente
Você pode ser surpreendido com o término de um
relacionamento, ou então, terminar a relação por sua escolha. Nos dois casos, a
experiência não é fácil. Segundo a psicóloga Lia Clerot, a ajuda profissional
pode ser necessária em alguns casos, pois nossa autoestima pode ficar abalada
com o fim do vínculo amoroso.
Para Lia, antes de aceitarmos que não estaremos mais
com a pessoa amada, passamos por cinco fases iniciais: Luto, negação, tristeza
profunda, raiva e culpa. Entretanto, não devemos encarar estas etapas como
exclusivamente negativas. Elas são essenciais para que entendamos que podemos
superar quaisquer obstáculos em nossas vidas, e que somos mais fortes do que
imaginamos.
Para quem opta por terminar um relacionamento, é
preciso ter consciência que todas escolhas carregam consigo consequências.
Porém, você pode ser forte o suficiente para lidar com quaisquer uma delas. E
acima de tudo, você não precisa enfrentar todos os obstáculos sozinho: Busque
apoio nas pessoas e coisas que ama.
Viajar e cuidar de si também aumentam nosso amor
próprio em momentos que estamos fragilizados, pois mostramos compaixão e
sensibilidade por quem somos. Você pode ser o seu maior aliado em momentos de
sofrimento.
Apesar dos males psicológicos representarem a maior
parte do sofrimento, nós também somos acometidos por danos físicos, causados
por desregulações hormonais, por exemplo. Portanto, para potencializar o bem
estar, Lia Clerot indica que você realize atividades aeróbicas, como a dança e
a caminhada, pois estas liberam hormônios ligados à felicidade.
Existem formas de evitar um grande sofrimento
durante os términos?
A psicóloga explica que não devemos depositar a
razão de nossa felicidade em outra pessoa. Esta não é uma tarefa fácil,
entretanto, você pode treinar esta atitude aos poucos, sem desrespeitar o seu
próprio tempo de aprendizado.
Para Lia, cada problema enfrentado representa crescimento
e amadurecimento em nossas vidas, o que nos proporciona um relacionamento mais
forte com nós mesmos. Como consequência, nos tornamos mais autoconscientes e
temos melhores relacionamentos no futuro.
Fortaleça-se como pessoa
É essencial que você identifique suas qualidades e
as repita para si mesma. Isto irá elevar sua autoestima, e a fará pensar de
forma mais auto confiante. Além disso, aceite e respeite suas limitações.
Trabalhe em cima delas por você mesma, pois a felicidade originada de nosso
interior é realizadora.
Isto não irá acontecer rapidamente. Você pode e deve
ter um tempo para si mesma, até mesmo isolando-se caso necessário. Mas em
momentos de sofrimento, é necessário instigar nosso lado racional, para não
perder as oportunidades que a vida traz diariamente. Nenhum sofrimento é eterno
e, por mais que você não acredite hoje, é possível sobreviver a todas estas
adversidades.
Devemos respeitar a decisão do próximo de nos
deixar, tendo em mente que quando um ciclo finaliza-se, outro se inicia. Assim,
nos é dada a chance de recomeçarmos como versões melhores de nós mesmos.