Mostrando postagens com marcador Grandes. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Grandes. Mostrar todas as postagens

sábado, 29 de dezembro de 2018

6 grandes momentos da ciência em 2018 – e um não tão bom assim


Em 2018, os cientistas descobriram formigas enfermeiras, encontraram um lago em Marte e inventaram um novo jeito de observar o céu: neutrinos.

Vamos começar a retrospectiva de 2018 com uma história um pouquinho mais antiga. Em 1919, uma comitiva de astrônomos gringos se dirigiu à cidade de Sobral, interior do Ceará, para observar o céu durante um eclipse solar. A missão deles era avaliar se a luz de estrelas distantes era distorcida pela gravidade massiva do Sol quando passava perto dele.

É que alguns anos antes, em trabalhos publicados em 1905 e 1911, um cara levemente genial chamado Albert Einstein havia previsto que sim: gravidade é um negócio que distorce o tecido da realidade; dobra o espaço e o tempo e obriga até a luz a fazer curva. No limite, permite viagens no tempo – ainda que essa seja uma possibilidade teórica, essencialmente impossível de se realizar na prática.

Lembre-se: estamos em 1919. Isso é 40 anos antes da época em que se passa a série de TV Mad Men. E em Mad Men homens ainda andavam de terno e chapéu e mulheres usavam anáguas por baixo dos vestidos. Se você, de calça jeans no século 21, apanha para entender a Teoria da Relatividade, imagine o que foi para alguém da época inventá-la.

Pois é, calhou que era verdade. A comitiva de Sobral viu a luz ser distorcida da maneira exata que Einstein havia previsto. No dia seguinte, a notícia era capa de todos os jornais do mundo. É difícil para nós, da SUPER, imaginar a alegria dos repórteres que estavam de plantão naquele dia. Não é sempre que um jornalista de ciência pode dar uma bomba dessas – afirmar, na capa, que um cara, sozinho, mudou a história da civilização.

Isso é porque gênios são raros. Descobertas, normalmente, são feitas passo a passo. E os passos são minúsculos. Eles são o resultado do esforço colaborativo de centenas de pessoas (nem todas de avental branco), que organizam experimentos longos e complicados para tirar conclusões que, muitas vezes, um leigo sequer é capaz de entender. Os jornalistas tentam extrair, dessas conclusões, as que são mais interessantes ou simples de explicar – e, assim, transmitir um pouco do fascínio que move essa Sociedade dos Poetas Mortos chamada Ciência, com “C” maiúsculo.
Em 2018, como geralmente acontece, não houve nenhum Einstein. Mas teve muita Ciência do jeito que ela é: sangue, suor e lágrimas. Relembrando:

1. Formigas enfermeiras
Em fevereiro, a equipe de Erik Frank, biólogo da Universidade de Würzburg, publicou um artigo relatando como as formigas da espécie Megaponera analis agem como enfermeiras de guerra: resgatam as colegas feridas em combates com outros insetos, limpam os ferimentos e até aplicam substâncias de função antibiótica. As veteranas voltam para a linha de frente depois da cicatrização. Relembre aqui.
 Formigas africanas resgatam os feridos em expedições de caça – limpam os ferimentos, aplicam antibiótico e os carregam para casa. quase um terço da colônia é composta de veteranos de guerra salvos.
Formigas africanas resgatam os feridos em expedições de caça – limpam os ferimentos, aplicam antibiótico e os carregam para casa. quase um terço da colônia é composta de veteranos de guerra salvos. (Estevan Silveira/Superinteressante)
Frank e seus colegas sabem disso porque, entre 2013 e 2015, eles assistiram de camarote a 420 expedições de formigas, organizadas por 52 formigueiros. Pode parecer muito trabalho para uma conclusão simples. É muito trabalho para uma conclusão simples. Mas vale a pena porque o comportamento nossas amigas analis é exemplo de algo maior: como a seleção natural pode dar origem a comportamentos altruístas em sociedades animais (como a nossa).
Na teoria, a seleção natural deveria premiar seres vivos egoístas: como eles agem de maneira a beneficiar a si próprios, eles naturalmente sobrevivem mais tempo e deixam mais prole. Já os seres vivos bobos e prestativos, que gastam energia com os outros, perdem na luta pela vida. Por causa disso, sempre foi um desafio explicar a existência da bondade – seja entre formigas, seja entre nós.
A coisa muda de figura quando percebemos que um gene que te estimula a ajudar pessoas próximas acaba, por tabela, ajudando a preservar as cópias dele que moram no corpo dos seus parentes próximos: pais, irmãos, filhos… Assim, o altruísmo ganha uma explicação matemática: um gene que colabora com seus clones em outros corpos aumenta o número de si mesmo na população. Você pode entender o fenômeno nesta matéria da SUPER de junho.
As formigas, portanto, são uma pequena colaboração à grande aventura de entender o comportamento animal. Um exemplo lindo de ciência feita em 2018.

2. Bebês editados
Às vezes, cientistas abandonam a cautela dos pequenos passos no desejo de virar notícia. E aí erram. O pesquisador chinês He Jiankui afirmou, em novembro, que havia criado um par de gêmeas humanas com o DNA editado pela técnica CRISPR-Cas9. A ideia era torná-las resistentes ao vírus causador da AIDS, o HIV. Os pais das crianças eram soropositivos.
Ninguém sabe se Jiankui realmente fez isso – não há nenhum artigo científico que descreva a peripécia, e ninguém viu as cobaias recém-nascidas. Mas isso não torna a alegação menos grave.
O primeiro problema é prático: a técnica CRISPR-Cas9 (que você pode entender melhor aqui) nunca foi submetida à bateria de testes clínicos pelos quais qualquer medicamento e terapia sérios precisam passar antes de serem aplicados em humanos. Ninguém sabe ao certo quais são os riscos e efeitos colaterais de se copiar e colar trechos de DNA como se faz com textos no computador. Há evidências, por exemplo, de que genes sem relação com o gene-alvo podem ser modificados acidentalmente pela técnica.
O segundo é ético: editar DNA para curar doenças não é diferente de customizar genes para mudar características físicas ou comportamentais de um bebê. As ferramentas para fazer isso ainda precisam ser aperfeiçoadas, mas já estão nas mãos dos cientistas.
Crianças produzidas sob encomenda, de acordo com as especificações dos pais, são uma assustadora versão século 21 da eugenia – a ideia de “melhoramento genético” da espécie humana por meio da reprodução seletiva de indivíduos mais aptos e a castração dos supostamente incapazes.

3. Lago de gelo em Marte
Em julho, dados de radar de uma sonda não-tripulada da Agência Espacial Europeia (ESA) revelaram um corpo de água salgada com 20 quilômetros de extensão oculto sob uma calota de gelo no extremo sul de Marte. Essa foi a primeira vez que um acúmulo de H2O estável e razoavelmente grande foi encontrado no Planeta Vermelho – e reacendeu as esperanças de que nosso vizinho planetário possa abrigar formas de vida simples.

4. Sons de Marte
A sonda inSight, da Nasa, chegou ao planeta vermelho em 26 de novembro com a missão de estudar os terremotos marcianos – “martemotos”, para os bem-humorados. Mas veio com um bônus: conseguiu usar seus sismógrafos para registrar o som do vento do planeta. Conclusão? Sons graves se propagam melhor na atmosfera rarefeita de gás carbônico. Os baixistas agradecem. Ouça abaixo:

5. Neutrinos antárticos
Até 2017, havia basicamente dois jeitos de se observar o Universo.

1. Um era o que você já conhece: luz. Luz, para um astrônomo, não é só a luz que os olhos podem ver diretamente – do tipo que permitiu a Galileu descobrir as luas de Júpiter com uma pequena luneta, em 1610. Outros tipos de radiação eletromagnética, como as ondas de rádio e as micro-ondas, podem ser captadas e interpretadas por equipamentos com um alcance muito maior que o do olho humano – e são uma fonte de informação valiosa para estudar objetos distantes.

2. O outro método de observação, bem mais recente, são as ondas gravitacionais: perturbações no próprio tecido do espaço-tempo, que se propagam após colisões violentas entre corpos extremamente densos, como estrelas de nêutrons e buracos negros. Elas são captadas pelo observatório LIGO. Você pode entender melhor o que o LIGO faz aqui.
Em 2018, o observatório IceCube, na Antártica, inaugurou um terceiro jeito de observar o céu. Bem diferente dos dois anteriores, ele funciona por meio da detecção de partículas subatômicas muito discretas chamadas neutrinos.
Neutrinos – ao contrário de quarks e elétrons, que compõem seu corpo, ou de fótons, que compõem a luz – são bastante discretos. Raramente interagem com as coisas. Há 65 bilhões de neutrinos atravessando cada centímetro quadrado do seu corpo neste exato momento.
Nas raras ocasiões em que interagem, porém, causam um rebuliço. Se um neutrino tromba com outra partícula dentro da água – ou do gelo, o que dá na mesma –, ele dá origem a uma porção de outras partículas. Essas partículas são jogadas longe pelo impacto, como bolas de sinuca atingidas pela bola branca. Aceleram tanto, de fato, que vão mais rápido do que a velocidade da luz na água (que é um quarto menor que a velocidade da luz no vácuo – só por isso é possível ultrapassá-la).
Da mesma maneira que um avião gera uma onda de choque quando cruza a barreira do som no ar, uma partícula emana uma luminosidade azulada muito particular quando cruza a barreira da luz na água: a radiação Cherenkov. O que o IceCube é capaz de detectar, portanto, não são os neutrinos em si, e sim a radiação Cherenkov gerada quando eles, por sorte, colidem com alguma coisa.
Com os dados dos 5160 sensores de luz que compõem o IceCube, é possível calcular com precisão de que direção do céu veio cada neutrino. E assim, estabelecer qual foi a estrela (ou até quasar) distante que os produziu. Esses sensores ficam encravados em um pedaço de gelo com um quilômetro cúbico de volume no Polo Sul. Ou seja: o IceCube é uma espécie de Facebook do céu. Envia uma notificação sempre que recebe uma mensagem de um lugar distante.

6. Exoluas?
Da série “legal, mas ainda precisa de confirmação”: em outubro, astrônomos detectaram pela primeira vez um corpo na órbita de um planeta de outra estrela. Em outras palavras, uma lua em outro Sistema Solar. A dita cuja gira em torno do planeta gigante gasoso Kepler 1625b, que é maior que Júpiter. A dupla fica a 8 mil anos-luz da Terra, na direção da constelação de Cisne.
A presença de luas nos planetas de outras estrelas não é uma surpresa: elas são extremamente comuns no Sistema Solar, e não há motivos para pensar que não apareçam em outros lugares. Mas a detecção de uma é um feito técnico notável: atestado na nossa capacidade de observar lugares tão distantes que jamais poderemos visitar.

7. O animal mais antigo
A explosão do Cambriano é o nome dado pelos geólogos ao momento em que animais grandes e complexos surgem repentinamente no registro fóssil, há 541 milhões de anos. Foi um capítulo de evolução acelerada na história natural, em que formas de vida grandes e cheias de truques — como lesmas, caramujos e insetos — pipocaram após bilhões de anos de tédio microscópico e sexo nada entusiasmado entre bactérias.
O bichinho que você na foto acima, batizado de Dickinsonia, é o fóssil animal mais antigo já encontrado: viveu há 558 milhões de anos, 17 milhões de anos antes desse marco zero. E você teve o prazer de acompanhar sua descoberta em 2018. Diga olá para seus ancestrais, humano.


segunda-feira, 2 de junho de 2014

10 grandes escândalos da Copa do Mundo

Os jogadores de futebol fazem maravilhas durante os 90 minutos em campo, lugar onde mostram suas habilidades e agilidade com a bola. Mas eles são seres humanos e, em algumas ocasiões, esquecem a ética futebolística, gerando grandes escândalos. Os árbitros também não ficam atrás, marcando gols que não existem, anulando outros ou até expulsando jogadores que não merecem. Essas são consequências da paixão pelo futebol, um esporte que fascina crianças e adultos de todas as nações. E para os torcedores, os jogadores são como heróis e vilões, dependendo da sua atuação em campo. Por isso, aqui, contamos quais os piores escândalos das Copas do Mundo de todos os tempos.

Insultos ao técnico
Os jogadores respeitam e acatam todas as orientações do seu técnico, principalmente se estão jogando uma partida internacional, como a Copa do Mundo. Mas o clima pode esquentar em alguns momentos. O jogador francês Nicolas Anelka insultou o seu técnico durante o jogo entre França e México em 2010, no Mundial sul-africano. Por esse motivo, Anelka foi expulso da seleção.

O mistério dos jogadores desaparecidos
Durante o jogo mais importante para a Coréia do Norte na Copa do Mundo de 2010, quatro dos seus jogadores desapareceram. Eles não estavam no banco de reserva e muito menos no gramado jogando. Por causa da situação política e do regime totalitário do país, muitos pensaram que os jogadores abandonaram a competição. No fim das contas, o mistério foi resolvido e a Fifa declarou que os jogadores desaparecidos estavam em um hotel.

A mão de Deus
No Mundial do México, em 1986, o escândalo foi protagonizado por Diego Armando Maradona. O famoso jogador argentino fez um gol – aparentemente de cabeça – que o árbitro deu como válido. O time e a torcida contrários não aceitaram e questionaram a decisão oficial. Além disso, no fim do jogo, o próprio Maradona declarou que teve uma ajuda divina: "a mão de Deus!"

Um gol fantasma fez Inglaterra ganhar
Os bandeirinhas ou árbitros assistentes são responsáveis para auxiliar os árbitros fora de campo, principalmente para aclarar as jogadas e confirmar uma infração de impedimento ou a saída da bola pelas linhas laterais e de fundos. Em 1966, a Inglaterra ganhou a Copa do Mundo com uma jogada polêmica de um gol que nunca existiu. Um dos bandeirinhas não conseguiu ver bem se a bola tinha cruzado a linha de gol. Na dúvida, deu como válida a pontuação.

Farsa no Maracanã
Nem todos os escândalos passaram durante os jogos da Copa do Mundo. Alguns aconteceram durante as eliminatórias. Em uma das partidas classificatórias para o Mundial de 1990, o Brasil enfrentou o Chile em uma disputa difícil para a seleção chilena no Maracanã. Cerca de 20 minutos antes de terminar o jogo, um sinalizador luminoso caiu no gramado e o goleiro chileno automaticamente cobriu a cara com as mãos. Logo em seguida, perceberam que ele estava sangrando. Todos ficaram confusos e assustados. A polêmica foi solucionada tempo depois, quando descobriram que tudo não passou de uma artimanha do goleiro para dar o jogo como perdido ao Brasil.

Drogas na Copa do Mundo
O argentino Maradona protagonizou muitos escândalos durante toda sua carreira no futebol. Um dos mais conhecidos foi durante o Mundial de 1994, nos Estados Unidos. O jogador foi selecionado para realizar um exame antidoping e o resultado deu positivo para cinco substâncias proibidas.

Morte por um gol contra
Um escândalo na Copa do Mundo pode ter consequências fatais. No Mundial de 1994, nos Estados Unidos, o colombiano Andrés Escobar fez um gol contra e o país anfitrião ganhou o jogo. Quando o jogador retornou ao seu país, recebeu seis disparos de um homem por causa do erro cometido.

Um jogo acertado
Alemanha e Áustria se enfrentaram durante a Copa do Mundo de 1982, na Espanha. Todos os torcedores esperavam por um jogo emocionante, com os times empenhados para ganhar. Mas essa partida foi uma exceção: as duas seleções acertaram antes o resultado e a disputa foi uma farsa.

Um país beneficiado pelo árbitro
Para alguns, foram grandes erros da arbitragem. Já para outros, foi uma trapaça e fatal tentativa para o país anfitrião vencer os jogos. Durante o Mundial de 2002 (Coréia/Japão), a arbitragem favoreceu descaradamente a Coreia do Sul. A farsa foi tamanha que até a Itália foi desclassificada por causa da seleção "novata".

A revanche 44 anos despois
A Inglaterra ganhou a Copa do Mundo de 1966 com um gol fantasma, mas a revanche veio 44 anos depois. Durante um jogo contra a Alemanha, no Mundial de 2010, a seleção inglesa fez um gol que não foi válido. Ironia à parte, a seleção alemã venceu a partida por 2 x 1.