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sábado, 4 de janeiro de 2020

Como retornar para o esporte após uma lesão


Não dá para zerar o risco de uma lesão no esporte. Saiba o que fazer diante de um revés do tipo para retomar os exercícios quanto antes — e com segurança

O corpo não se adapta por igual ao esforço físico. Enquanto coração e pulmões ganham condicionamento com relativa facilidade — o que resulta em fôlego extra —, músculos, tendões, ligamentos e ossos levam mais tempo para ficar firmes e fortes. Não à toa, é comum a pessoa achar que está cheia de gás e acabar passando do ponto. “As lesões surgem em qualquer um, mas o risco é maior em quem dá um passo maior do que a perna sem um preparo adequado”, contextualiza o ortopedista Arnaldo Hernandez, chefe do Grupo de Medicina do Esporte do Instituto de Ortopedia e Traumatologia do Hospital das Clínicas de São Paulo.

Apesar de não existir um levantamento nacional do número de brasileiros que se machucam durante o esporte, pesquisas menores estimam que ele é alto. “No futebol, 15% dos praticantes se lesionarão uma vez na vida. Já na corrida, a prevalência varia entre 15 e 20%”, calcula o médico Moisés Cohen, presidente da Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia.

Para piorar, quem se contunde fica suscetível a um novo acidente de percurso. Segundo uma revisão de estudos publicada no British Journal of Sports Medicine, indivíduos com histórico de ossos quebrados na perna ou uma lesão no tendão de aquiles apresentam maior risco de problemas futuros no tornozelo.

“Outro trabalho mostra que corredores que sofreram uma fratura por estresse [provocada por impactos repetitivos] têm uma probabilidade quatro a cinco vezes maior de manifestar outro episódio”, cita Hernandez.


Além das dores e limitações de movimento, quadros graves que não são bem cuidados podem levar ao sedentarismo. Cerca de 10 a 15% dos esportistas que romperam o ligamento cruzado anterior do joelho abandonam a vida ativa, de acordo com dados do Anterior Cruciate Ligament Study Group, uma iniciativa global voltada para pesquisas sobre essa estrutura do corpo.

Daí a importância de realizar um tratamento adequado, que o faça voltar a se divertir com sua modalidade favorita.

Quais são as lesões mais comuns
Estiramento: é uma ruptura muscular por causa de esforços intensos que gera bastante desconforto. Nos casos mais severos, hematomas e perda de força dão as caras.

Entorse: torções das articulações geralmente se concentram no tornozelo. Irregularidades do terreno, desatenção e choques estão por trás dessa chateação.

Tendinopatia: Pode ser a inflamação ou o desgaste de um tendão. Ela surge pelo excesso de carga ou de repetição de movimentos. Ou, ainda, pela falta de fortalecimento.

Os problemas mais graves ligados ao exercício
Ligamento rompido: o quadro é sério quando atinge estruturas que estabilizam um movimento. Exemplo: a ruptura do ligamento cruzado anterior do joelho dificulta mudanças de direção. Por isso, em geral exige cirurgia.

Ruptura dos tendões: pancadas e esforços excessivos podem dividir um tendão em dois, o que também costuma ser remendado com bisturi.

Fratura: é quando o osso quebra em decorrência de uma agressão ou por sobrecargas contínuas, como as passadas de uma corrida.

O que fazer quando você se lesiona
O processo de reabilitação depende da gravidade do machucado, do tratamento, do organismo de cada um… “Em geral, casos cirúrgicos precisam de seis a oito meses para uma recuperação completa. Já os não cirúrgicos tendem a demorar menos”, explica Alexandre Godoy, ortopedista da Universidade de São Paulo (USP).

De qualquer maneira, existe um certo roteiro a ser seguido, que inicia com o protocolo Price. Em inglês, a sigla remete a cinco estratégias que devem ser cumpridas logo após o acidente para minimizar estragos, principalmente nas primeiras 48 horas.

São elas: proteger a região, interromper o exercício, fazer compressas de gelo e manter o membro elevado. Em paralelo, é mandatório visitar o médico para firmar o diagnóstico correto.

A partir daí, o profissional vai personalizar o tratamento. Mas uma coisa é certa: das encrencas leves às graves, a fisioterapia costuma entrar em cena. Ela ajuda a recuperar a força, o alongamento e a amplitude de movimento das estruturas afetadas.

“As sessões também envolvem exercícios que simulam a movimentação no esporte praticado”, relata Marcus Vinicius Grecco, educador físico e fisioterapeuta do Hospital das Clínicas da capital paulista.

Há vários manuais médicos que orientam sobre a recuperação de lesões específicas. De modo geral, todos preconizam que o sujeito só volte a se exercitar quando apresentar uma cicatrização completa, sem sinais de inchaço ou dor.

Ele também deve ter restabelecido a função da área comprometida, a força muscular e os reflexos de maneira geral. “Para avaliar isso, testes são conduzidos pela equipe que acompanha o caso”, aponta Adriano Almeida, médico do esporte e ortopedista da USP.

Até o estado mental da pessoa merece atenção. Às vezes o físico já está ok, porém a cabeça segue cheia de inseguranças que culminam em sedentarismo.

“Sessões de psicoterapia resgatam a confiança com uma abordagem positiva sobre a evolução no tratamento”, sugere a psicóloga do esporte Fernanda Bolzan Carneiro, que atende na região metropolitana de São Paulo.

No mais, receber alta não dá aval para o corredor que ficou parado por meses já se inscrever em uma maratona. Será necessário progredir gradualmente, dando espaço a atividades de fortalecimento e alongamento do corpo como um todo. Além disso, treinos específicos voltados para evitar a reincidência da lesão seguem primordiais.

“O paciente que teve uma tendinopatia, por exemplo, deverá controlar a carga de treinamento e fortalecer o tendão com exercícios que alongam os músculos”, ilustra Paulo Roberto Szeles, ortopedista e coordenador da residência de Medicina Esportiva da Universidade Federal de São Paulo.

Já um abalo no ligamento cruzado anterior do joelho vai exigir um esforço adicional para fortificar a perna. Com isso, os músculos resguardam a região contra um novo perrengue. Pior do que se contundir uma vez é voltar ao estaleiro após umas míseras sessões da sua modalidade predileta.



Não é só a lesão que afasta do esporte
Mudança de cidade, períodos de muito trabalho, nascimento de um filho… Estão aí outros motivos comuns para cair no sedentarismo. Isso é até normal, desde que você busque reincorporar a atividade física na agenda assim que se ajustar à nova rotina.

“Costumo dizer que leva três vezes mais tempo para ganhar condicionamento físico do que para perder”, diz o ortopedista Paulo Roberto Szeles.

Fora isso, a regra de voltar aos poucos também vale aqui. “A carga deve ser aumentada apenas em 10 a 15% a cada três ou quatro semanas para que as estruturas do corpo se adaptem”, orienta o educador físico e fisioterapeuta Marcus Vinicius Grecco.

Para exemplificar, se você correu 5 quilômetros, dali a 30 dias estaria liberado para uma sessão de 5,75. Parece uma evolução lenta, mas em alguns meses você chegará aonde deseja.

Fonte: https://saude.abril.com.br/fitness/como-voltar-a-ativa-apos-uma-lesao/ - Por Diana Cortez - Ilustrações: Giovani Flores/SAÚDE é Vital

quinta-feira, 30 de agosto de 2018

O que é bursite e qual seu tratamento?


Essa inflamação que causa muita dor não atinge só os ombros. Conheça o problema, seus sintomas e como remediá-lo adequadamente

A bursite é uma inflamação das bursas – pequenas bolsas que ficam entre ossos, músculos e tendões. E não, ela não afeta só os ombros. Essa lesão pode atingir e incomodar quadril, joelhos, pés e cotovelos. E tem, como principais causas, o envelhecimento e o uso repetitivo de determinadas articulações.

A seguir, você entende o passo a passo do surgimento da bursite, assim como as partes do corpo mais afetadas e o tratamento:

1. As bursas
Em todas as juntas do corpo, nas quais os tendões encontram os ossos e os músculos, existem as bursas, que têm a função de evitar o atrito entre essas estruturas. São cerca de 70 distribuídas por todo o organismo.

A bursa é uma espécie de almofada achatada composta de uma membrana recheada por líquido sinovial, lubrificante de aspecto viscoso, parecido com um óleo.

2. Inflamou, inchou, doeu…
Movimentos repetitivos com as articulações – imagine alguém que corre ou joga tênis – podem deixar a bursa inflamada. Aí o corpo passa a produzir mais líquido sinovial, menos viscoso, e aquela bolsinha aumenta de tamanho. Além do inchaço, a inflamação gera dor e, às vezes, vermelhidão. O incômodo é mais intenso ao movimentar a junta ou mesmo ao apalpá-la.

3. Limitação de movimento
A bursite pode ser acompanhada de uma inflamação no tendão, o que costuma incitar um depósito de cálcio dentro de suas fibras. É o que se chama de tendinite calcária. Em algumas situações, o mineral se acumula também dentro da bursa. Esses depósitos de cálcio, mais comuns nos ombros e no quadril, podem, com o tempo, enrijecer a região e limitar movimentos.

As áreas que mais sofrem com a bursite
Ombros: estão entre os locais mais afetados. Costumam sofrer com a bursite ali pintores, nadadores, tenistas, entre outros atletas.

Cotovelos: não é raro que a bursite aqui venha com inchaço e vermelhidão. Tenistas e golfistas penam bastante.

Quadril: a inflamação nessa parte do corpo geralmente vem acompanhada de tendinite. Comum entre corredores.

Joelhos: movimentos repetidos, falta de alongamento e tempo demais ajoelhado abrem alas à encrenca. Mais frequente em atletas.

Medidas e tratamentos contra o problema
Repouso: tem que parar com a atividade que está provocando a bursite.

Gelo: compressas em baixa temperatura ajudam a reduzir o inchaço e a dor.

Anti-inflamatórios: aceleram o controle dos sintomas, sobretudo quando gelo e repouso não resolvem.

Fisioterapia: fortalece os músculos da região para não sobrecarregar as estruturas lesadas.

Aspiração: parte do líquido acumulado na bursa é extraída com uma seringa.

Cirurgia: a remoção da bursa via bisturi é a última e rara opção terapêutica.

Fontes: Alessandra Mais, ortopedista e professora do Centro Universitário São Camilo (SP); Antonio Alexandre Faria, ortopedista da Clínica Cotesp Medicina Esportiva (SP); Marcus Yu Bin Pai, especialista em dor da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo

Fonte: https://saude.abril.com.br/medicina/o-que-e-bursite-e-qual-seu-tratamento/ - Por Ivonete Lucírio - Foto: Eduardo Svezia/SAÚDE é Vital

sábado, 11 de novembro de 2017

Gelo ou compressa quente: qual o melhor para cada tipo de lesão?

Inflamações, tensões musculares, pancadas, torções: colocar compressa quente ou fria? Vem descobrir

Sempre que você torce o pé, bate o braço em algum lugar ou está com uma dor muscular, vem a dúvida: devo colocar gelo ou compressa quente nesse caso? “Embora ambos sejam ótimos analgésicos locais, muita gente não sabe qual das alternativas é a ideal para cada tipo de lesão”, afirma o coordenador do Núcleo de Ortopedia do Hospital Samaritano de São Paulo (SP), Luiz Fernando Cocco. Entenda qual opção é a melhor em cada circunstância:

Gelo ou compressa quente?

O GELO é um anti-inflamatório natural. Por isso, é indicado para amenizar inflamações ou imediatamente após um trauma local. “Acidentes que possam causar edemas ou hematomas, como pancadas e torções, devem ser tratados com gelo. A temperatura fria contrai e diminui o fluxo de fluidos”, explica o ortopedista. O gelo também age como analgésico, portanto é bastante utilizado em esportes de impacto.

A compressa fria deve ser utilizada, preferencialmente, três vezes ao dia durante 20 minutos, aproximadamente. “É importante também não deixá-la parada no mesmo local por mais de um minuto para não causar queimaduras locais”, ensina Cocco.

O gelo deve ser utilizado com parcimônia nas extremidades, como dedos, nariz ou próximos a trajetos nervosos superficiais, como face interna do cotovelo ou externa dos joelhos, pois a temperatura baixa pode agredir as estruturas nervosas do local”, complementa o especialista.

A COMPRESSA QUENTE age no corpo como um relaxante muscular. É indicada quando a pessoa tem tensões musculares esporádicas, como torcicolos de causa não traumática ou fadiga muscular na região da lombar.

“O calor é um potente vasodilatador, o que acarreta no aumento da vascularização e oxigenação da musculatura”, orienta o especialista. A compressa não pode ser usada por muito tempo (para que não ocorram queimaduras) em regiões do corpo que são menos aquecidas, como o rosto, ou o dorso das mãos e pés. “Evite também colocar a compressa sobre hemorragias ou hematomas, pois a vasodilatação pode aumentar o risco de sangramento”, reitera Cocco.

Para obter bons resultados, a compressa deve ser feita de duas a três vezes ao dia. A temperatura deve estar de acordo com a resistência da pessoa, deixando-a no local até esfriar.


Fonte: https://sportlife.com.br/gelo-ou-compressa-quente-lesoes/ - Victor Moura - Foto: Shutterstock.com