Uma dieta equilibrada é fundamental para proteger a
saúde hepática e melhorar a qualidade de vida
Cuidar do fígado é essencial para manter o equilíbrio
de todo o organismo. A esteatose hepática, conhecida como gordura no fígado,
tem se tornado um problema de saúde pública no Brasil. Segundo a Sociedade
Brasileira de Hepatologia, cerca de 20% da população brasileira apresenta essa
condição, que atinge aproximadamente 30% das pessoas em todo o mundo.
A esteatose hepática ocorre quando há excesso de
gordura nas células do fígado (hepatócitos), comprometendo seu funcionamento.
Se não for diagnosticada e tratada, pode evoluir para quadros mais graves, como
cirrose ou câncer hepático.
Causas da gordura no fígado
Segundo a nutricionista Vitória Alves Ribeiro,
professora do curso de Nutrição da UniSociesc, o desenvolvimento da esteatose
hepática está fortemente ligada ao excesso de calorias e ao consumo frequente
de ultraprocessados, frituras, gorduras saturadas, açúcares e bebidas
alcoólicas. Esse padrão alimentar favorece o ganho de peso e, consequentemente,
o acúmulo de gordura no fígado.
Além disso, existem dois tipos principais de esteatose
hepática:
Alcoólica: provocada pelo consumo excessivo de álcool;
Não alcoólica: geralmente associada ao sedentarismo,
sobrepeso e distúrbios metabólicos.
"Por ser uma doença que na maioria das vezes não
apresenta sintomas, o diagnóstico costuma ser feito por exames de imagem. Por
isso, é fundamental acompanhamento médico, com um endocrinologista ou
hepatologista, para investigar", recomenda.
Alimentos que devem ser evitados
Para pacientes com esteatose hepática, a alimentação
desempenha um papel essencial no tratamento e controle da condição. Alguns
grupos de alimentos precisam ser reduzidos ou até mesmo eliminados da dieta, já
que podem sobrecarregar o fígado e agravar o acúmulo de gordura. Segundo a
nutricionista, é preciso cuidado com:
Bebidas alcoólicas;
Refrigerantes e sucos industrializados;
Alimentos ricos em açúcares e carboidratos refinados,
como pães e massas brancas;
Frituras e fast food;
Embutidos e carnes processadas;
Manteiga, queijos gordurosos e carnes com muita
gordura.
"Esses produtos estão diretamente relacionados ao
agravamento da inflamação no fígado e ao aumento da gordura corporal",
explica Vitória Alves Ribeiro.
Alimentos que ajudam a reverter o quadro de gordura no
fígado
Se, por um lado, alguns alimentos prejudicam a
esteatose hepática, por outro, uma dieta equilibrada pode ajudar a reverter o
quadro. A especialista destaca a importância de uma alimentação rica em fibras,
frutas, verduras, grãos integrais e gorduras boas.
Entre os nutrientes com efeito protetor, Vitória Alves
Ribeiro cita os fitoesteróis, compostos encontrados em alimentos de origem
vegetal que possuem estrutura semelhante ao colesterol e ajudam a reduzir sua
absorção. "Eles contribuem para diminuir o acúmulo de gordura no
fígado", explica.
As gorduras insaturadas — presentes no azeite de
oliva, no abacate, nas castanhas e nas sementes — também devem ser consumidas.
As proteínas magras e vegetais também contribuem para a saúde do fígado.
"Uma ingestão maior de proteína vegetal — como feijão, lentilha e
grão-de-bico — e de proteínas magras de origem animal está associada a uma
melhora do perfil lipídico, com redução do colesterol LDL e triglicerídeos,
menor inflamação e menor risco de mortalidade", afirma a nutricionista.
Perda de peso contribui para o tratamento
A perda de peso gradual, segundo Vitória Alves
Ribeiro, é a forma mais eficaz de tratar a esteatose hepática. "Para os
pacientes com a doença, endocrinologistas e nutricionistas recomendam uma perda
de 7% a 10% do peso corporal. Essa redução já contribui significativamente para
diminuir a gordura no fígado", explica.
No entanto, a nutricionista é cautelosa sobre a
eficácia de dietas da moda, como o jejum intermitente ou aquelas muito
restritivas em carboidratos, para o tratamento do problema. "O indicado é
sempre ter um plano individualizado, equilibrado e sustentável. Algumas dietas
podem funcionar a curto prazo, mas podem ser perigosas e levar a deficiência de
nutrientes, além de não terem comprovação científica de eficiência para esta
condição específica", alerta.
Mudanças simples, grandes resultados
Pequenas alterações nos hábitos cotidianos podem
reduzir bastante o risco de desenvolver a esteatose hepática. Entre as
principais recomendações, estão:
Diminuir refrigerantes e doces;
Priorizar alimentos in natura e minimamente
processados;
Incluir frutas, verduras e grãos integrais na dieta
diária;
Evitar fast food;
Beber bastante água;
Praticar exercícios físicos regularmente.
E, segundo a professora, não é preciso abolir
completamente alimentos mais calóricos, como hambúrgueres e sobremesas. "O
ideal é moderação e equilíbrio. Cortes muito abruptos podem gerar frustração e
abandono da dieta. Inserir esses alimentos apenas ocasionalmente, de forma
planejada, ajuda a manter a saúde sem perder o prazer de comer", orienta.
Por fim, a especialista reforça a importância do
acompanhamento profissional. "O nutricionista vai ajustar a dieta de
acordo com o estado de saúde do paciente, suas preferências e estilo de vida,
de forma individualizada. Isso garante o equilíbrio nutricional, permite o
acompanhamento da perda de peso e ajuda na prevenção de complicações",
ressalta.
A esteatose hepática pode ser silenciosa, mas seus
impactos são sérios. A adoção de hábitos alimentares saudáveis, atividade
física regular e acompanhamento profissional são as melhores estratégias para
prevenir e tratar a doença, garantindo mais qualidade de vida e proteção para o
fígado.
https://www.terra.com.br/vida-e-estilo/saude/veja-como-a-alimentacao-influencia-a-gordura-no-figado,93fea5aa1a39a5fa5a8bac3715f11cb1qn53h9do.html?utm_source=clipboard
- Por Genara Rigotti - Foto: sweet marshmallow | Shutterstock / Portal EdiCase