A época natalina me traz boas lembranças das festas
de natal e ano novo que fizeram parte da minha infância e juventude, e
provavelmente da maioria dos
itabaianenses e circunvizinhos que nasceram há 30, 40, 50 anos. As
festas eram realizadas na Praça João Pessoa, antiga Santa Cruz, a partir da
década de 60 e na Praça Etelvino Mendonça, a partir da década de 70.
As
melhores lembranças das festas e que não saem da minha memória são das
diversões, comidas, jogos, músicas e das apresentações da Chegança Santa Cruz
de Zé de Binel. Pelo lado religioso, a principal comemoração do nascimento do
Menino Jesus era a Missa do Galo na Igreja Matriz de Santo Antônio e Almas na
véspera do Natal. As festas começavam a tarde e se estendiam até a madrugada.
As diversões eram simples, mas divertiam as pessoas
como as barcas, especialmente as de meu pai, Josias Costa (in memorian), Tio Joãozinho
e Pedro funileiro; os carrinhos para as crianças menores de Pedro Guerra; o
trivoli de Zé de Cuta; os balanços de Otávio e Samuel e principalmente a onda, que
pertenceu a Zé Costa, Pelé e Zé de Bernardo, ponto de paquera entre os jovens.
Em 1977, meu primo Zé Costa (in memorian) comprou e armou uma roda gigante na
praça, no ano seguinte ele adquiriu outras diversões e formou o parque São
José, o primeiro de Itabaiana, atualmente Miami Park Center.
Para
animar as festas, existia um serviço de som que tocava as músicas de sucesso da
época oferecidas às pessoas presentes e também servia para mandar recadinhos de
paqueras ou fazer brincadeiras com os amigos. O serviço de som foi realizado ao
longo dos anos por João de Deus, Bicudinho, Zé de Álvaro e Xavier, todos
bastante conhecidos pelos itabaianenses.
Nas
festas, existiam comidas para todos os gostos. Geralmente, os adultos e jovens
dirigiam-se para os bares armados ao longo da praça e ingeriam bebidas
alcoólicas e refrigerantes, arroz com galinha, além de comer caranguejos e
outros petiscos. As crianças se deliciavam com algodão doce no palito, pipoca,
rolete de cana na taboca, pirulito no tabuleiro, arroz doce, sorvete de ki-suco
feito na hora, espetinho de carne com salada, pastel e coscorrão com o
acompanhamento do gostoso ki-suco na garrafa de refrigerante, servido a
temperatura ambiente.
Muitas
pessoas só iam para a festa com o objetivo de jogar, principalmente os homens,
pois enquanto as mulheres colocavam os filhos para se divertirem nos
brinquedos, eles tentavam ganhar dinheiro ou brindes nos jogos, entre eles: as
rifas de goiabada, cigarro ou sardinha; lançar argolas para acertar nas notas
de dinheiro colocadas em tábuas pequenas ou caixas de fósforos; roleta de
números para tentar ganhar dinheiro; tabuleiro colorido onde a pessoa que
acertasse a bola de igual cor ganharia um brinde; jogo do coelho; pescaria de
brindes e o bingo Peixoto, que originou o parque do mesmo nome.
A
tradição de ganhar presentes não era como nos dias atuais, ganhar um sapato
novo e roupas novas era o maior desejo das crianças e adolescentes, e saiba que
a maioria das roupas não era feitas em fábrica e sim por costureiras, como
minha mãe, Dona Graça (in memorian), uma das melhores de Itabaiana. A praça se
tornava uma passarela para o desfile de figurinos, principalmente pelas
mulheres, mas logo uma nuvem de poeira, que era feita pelo caminhar das pessoas
encobria todas, e quando voltavam para suas casas às roupas já não mais
pareciam novas.
A
ornamentação da praça era simples, geralmente com uma enorme árvore de natal
colocada no centro. Cada dono dos brinquedos ornamentava com lâmpadas coloridas
ao redor deles, dando um belo visual à festa.
Em meados
da década de 90, com a construção do espaço para eventos na Praça Etelvino
Mendonça, as diversões mais antigas, principalmente as barcas, foram montadas
na lateral do Estádio Presidente Médici e o parque ocupou a parte central. A
partir desta data, as minhas lembranças já são como pai, pois levava meus
filhos às festas sem a presença de alguns brinquedos antigos.
Nos dias
atuais, as festas de Natal e fim de ano são realizadas em casa com a reunião de
familiares e amigos para a ceia, troca de presentes e comemoração da entrada do
ano novo. Um número bem menor de famílias leva seus filhos para se divertirem
no parque, mas infelizmente não com as
diversões, simplicidade e as comidas das festas de Natal dos tempos passados.
Por Professor José Costa
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