Você provavelmente tem noção do enorme problema
ambiental que é o lixo plástico. O plástico que produzimos é em sua maior parte
não biodegradável, mas isso não significa necessariamente que não se quebra.
Na verdade, seus fragmentos são carregados pelo
vento, água e luz solar e espalhados por aí em pedaços cada vez menores, que
sequer podemos enxergar. Mas podemos engolir.
Que impacto isso tem na nossa saúde?
Microplásticos
Algumas estimativas sugerem que uma casa gera em
média seis quilos de pó plástico por ano, ou cerca de 700 bilhões de fragmentos
conhecidos como microplásticos (qualquer coisa menor do que cinco milímetros).
Mais e mais deles são criados todos os dias e
ficarão com a gente por séculos.
“Eles não estão apenas dentro de casa. Estão por
toda parte. Na água, na comida, no ar – você está cercado por uma nuvem deles.
Tudo está contaminado”, explica Dick Vethaak, toxicologista ambiental do centro
de pesquisa Deltares em Delft, na Holanda.
Tá, mas quanto desses fragmentos nós ingerimos?
Um estudo publicado na revista científica
Environmental Science and Technology concluiu que seres humanos podem consumir
entre 39.000 e 52.000 partículas microplásticas por ano.
Nós comemos 50 mil partículas de plástico por ano
Se levarmos em conta quantas dessas partículas
também podem ser inaladas, esse número é superior a 74.000.
A pesquisa chegou a esses números revisando dados existentes
sobre microplásticos encontrados em cerveja, sal, frutos do mar, açúcar, álcool
e mel. Para calcular com que frequência uma pessoa pode comer cada um desses
itens em um ano, os cientistas levaram em conta as recomendações feitas pelo
Departamento de Agricultura dos EUA.
A equipe ainda revisou estudos sobre a quantidade de
microplásticos na água potável e no ar. Quem bebe água da torneira ingere 4.000
partículas adicionais de plástico por ano, enquanto os que bebem água
engarrafada ingerem 90.000 partículas a mais.
Estamos bebendo água contaminada com microplástico
“E nem chegamos às camadas e camadas de embalagens
plásticas. Provavelmente, estamos falando de mais plástico adicional do que
imaginamos”, disse o principal autor do estudo, Kieran Cox.
Isso faz mal, certo?
Microplásticos não são uma coisa só; eles podem vir
na forma de fragmentos, fibras e filme, entre outras, além de serem compostos
de diferentes materiais com aditivos químicos diversos. Alguns podem ser
tóxicos, enquanto outros podem fornecer o ambiente propício para a propagação
de bactérias e parasitas.
No geral, os pesquisadores ainda estão tentando
entender como o microplástico pode afetar nossa saúde. Da mesma maneira que a
poluição e outros fatores ambientais, pessoas com maior exposição ou condições
pré-existentes podem tolerar menos fragmentos.
Em outras palavras, não sabemos ainda qual a
quantidade de microplástico que o corpo humano é capaz de tolerar sem gerar
danos, mas estamos começando a ter uma ideia.
Um estudo britânico de 2017 sugeriu que a ingestão
acumulada de fragmentos plásticos pode ser tóxica para o ser humano, já que
alguns são feitos de substâncias como cloro, enquanto outros coletam produtos
químicos do ambiente, como chumbo.
Outra pesquisa da Universidade Johns Hopkins (EUA),
que analisou a quantidade de microplástico nos frutos do mar, descobriu que um
acúmulo dessas partículas poderia causar danos ao sistema imune e desiquilibrar
o intestino.
Ocean Cleanup faz história ao coletar sua primeira
leva de plástico da ilha gigante de lixo do Pacífico
Infelizmente, não há como evitar totalmente a
ingestão de microplásticos no mundo de hoje. Mas todos podemos fazer nossa
parte – evitando água engarrafa, diminuindo o lixo plástico e comprando menos
têxteis feitos de nylon e poliéster, que geram muitos fragmentos. [NatGeo,
NewScientist]
Fonte: https://hypescience.com/nos-comemos-microplasticos-o-tempo-todo-o-que-isso-faz-com-nossa-saude/
- Por Natasha Romanzoti
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