Estudo reforça a ligação, confirmando o aumento do risco cardiovascular; confira estratégias que ajudam a prevenir o acúmulo de gordura na região da barriga
Entre os problemas associados estão diabetes,
esteatose hepática (a popular “gordura no fígado”) e aumento dos níveis de
colesterol e triglicérides
Muito além de questões estéticas, o acúmulo de gordura
na região abdominal está por trás de alterações metabólicas relacionadas ao
aumento do risco cardiovascular. E um novo estudo, publicado em dezembro no
periódico científico Nutrition Journal, reforça essa relação.
Pesquisadores da China avaliaram dados de mais de 47
mil indivíduos de três grandes estudos: o China Health and Nutrition Survey
(CHNS), o China Health and Retirement Longitudinal Study (CHARLS) e o National
Health and Nutrition Examination Survey (NHANES). Esses trabalhos monitoram o
estado nutricional e outros aspectos do estilo de vida das populações da China
e dos Estados Unidos.
Foram selecionados 9.445 participantes, acompanhados
durante quase quatro anos. Os cientistas avaliaram as medidas do abdômen e da
pressão arterial, entre outros aspectos clínicos, e observaram que, quanto
maior a circunferência da barriga, mais alta a incidência de hipertensão. “O
artigo destaca a importância do tamanho da cintura como parâmetro para avaliar
a propensão a doenças”, comenta a endocrinologista Cláudia Schimidt, do
Hospital Israelita Albert Einstein.
Diferentemente do Índice de Massa Corporal (IMC), a
medida da circunferência abdominal ajuda a apontar a distribuição de gordura.
“Embora o IMC ainda colabore para a classificação da obesidade, cada vez mais a
ciência mostra que são necessários outros critérios”, diz a médica.
No último dia 14 de janeiro, um artigo publicado no
periódico The Lancet Diabetes & Endocrinology propõe que esse índice seja
utilizado apenas como uma medida substituta do risco à saúde em nível
populacional, para estudos epidemiológicos ou triagem, em vez de uma medida
individual de saúde. “O excesso de adiposidade deveria ser confirmado por meio
da medição direta da gordura corporal, quando disponível, ou por ao menos um
critério antropométrico (como circunferência da cintura, relação
cintura-quadril ou relação cintura-altura), além do IMC, utilizando métodos
validados e pontos de corte apropriados para idade, sexo e etnia”, escrevem os
autores.
O acúmulo excessivo de gordura na região abdominal –
que fica entremeada nos órgãos – é considerado um tecido endócrino, ou seja,
que produz diversas substâncias, inclusive algumas pró-inflamatórias. “Ao
disparar pequenas e constantes inflamações, pode haver alterações na função
endotelial”, explica Schimidt. A endocrinologista refere-se ao revestimento
celular envolvido na dilatação e no relaxamento das artérias. Assim, a pressão
tende a se elevar.
Diabetes, esteatose hepática (a popular “gordura no
fígado”), aumento dos níveis de colesterol e triglicérides são alguns dos
problemas associados — e ainda há indícios de maior risco de Alzheimer. “A
gordura visceral é diferente da subcutânea, aquela que se concentra nos quadris
e nos braços e que costuma trazer menos prejuízos à saúde”, comenta a
especialista.
Confira, a seguir, algumas estratégias que ajudam a evitar a adiposidade abdominal:
🚴♀️
Manter-se ativo
Espantar o sedentarismo — caminhando, correndo,
nadando ou se dedicando a outras atividades aeróbicas — promove alterações
metabólicas positivas, facilitando a captação da glicose pelas fibras
musculares, o que ajuda a equilibrar os níveis de insulina. Além disso, a
prática de exercícios favorece a perda de peso e o aumento na produção de
substâncias protetoras.
A recomendação é exercitar-se por 150 minutos na
semana, mas para muita gente fica complicado alcançar essa meta. “Faça o que
conseguir, de acordo com a rotina”, sugere Cláudia Schimidt.
Qualquer esforço é melhor do que nada — até mesmo
trocar o elevador pela escada já entra na conta. Outra dica é escolher uma
atividade de que você goste, o que vai garantir sua motivação para se manter
ativo.
🍅
Priorizar o consumo de vegetais
Abrir espaço no cardápio para hortaliças, frutas,
sementes e grãos integrais é a receita para garantir benefícios. Sempre dentro
do equilíbrio e sem excessos. Além de vitaminas e sais minerais, que atuam em
prol do bom funcionamento do organismo, esses alimentos oferecem fibras, que
favorecem o aumento da saciedade, freando o apetite.
🥐
Consumir carboidrato com equilíbrio
O nutriente do arroz, da aveia, do trigo e seus
derivados não pode ficar de fora do cardápio, afinal, é nossa principal fonte
de energia. Exageros, entretanto, estão por trás do ganho de peso. A quantidade
varia de acordo com a idade, o perfil e o nível de atividade física — por isso,
antes de cortar fontes de carboidrato por conta própria, consulte um profissional
de saúde especializado.
Além de evitar os excessos, a sugestão é priorizar as
versões integrais no dia a dia, já que são mais nutritivas. Outra dica é
combinar as fontes de carboidrato com alimentos ricos em proteínas, caso de
leguminosas, queijos, iogurtes e ovos. Dessa maneira, a absorção torna-se mais
lenta, o que evita grandes oscilações glicêmicas desfavoráveis ao metabolismo.
🌭
Evitar ultraprocessados
O termo refere-se aos alimentos industrializados que
apresentam grandes quantidades de açúcar, gordura, sódio e aditivos. Lasanha
pronta congelada e macarrão instantâneo são exemplos. Manter uma dieta com
muitos produtos desse tipo favorece a obesidade e outros distúrbios.
❌
Reduzir gordura saturada e evitar a gordura trans
Carnes vermelhas, queijos amarelos, manteiga e óleo de
coco são alguns alimentos que contêm porções generosas de gorduras saturadas.
Além de contribuir para o ganho de peso, o exagero na quantidade está por trás
de males cardiovasculares.
A gordura trans, que pode estar presente na formulação
de biscoitos recheados, sorvetes e salgadinhos, precisa ser evitada pelos
mesmos motivos.
🩺 Perder peso quando há excesso
Além do acúmulo na barriga, os quilos em excesso estão
relacionados com problemas cardiovasculares, diabetes, entre outros distúrbios.
Quando o emagrecimento acontece de forma saudável, a perda de gordura abdominal
tende a ser bem-sucedida, já que ela costuma ser metabolicamente muito ativa.
Por isso, é fundamental buscar ajuda médica e de nutricionista para combater a
obesidade.
😴
Zelar pelo sono
As noites maldormidas podem interferir com o
equilíbrio de alguns hormônios envolvidos com o controle do apetite. É o caso
da leptina, responsável por informar ao cérebro sobre saciedade, que tem sua
atuação prejudicada.
Vale investir na chamada higiene do sono. A começar
pelo quarto, que precisa estar arejado, de preferência com poucos móveis e sem
bagunça. Colchão adequado e travesseiro na altura certa contam mais pontos a
favor dos bons sonhos.
Para completar, o ideal é manter eletrônicos longe da
cama. Desligue a TV e o computador bem antes de fechar os olhos — a luz desses
aparelhos interfere na produção de melatonina, hormônio que avisa o cérebro que
é hora de dormir.
😡
Gerenciar o estresse
Embora possa ser um desafio, sobretudo para quem
precisa encarar trânsito, poluição sonora e outros fatores do cotidiano das
grandes cidades, não custa reforçar a importância de domar as tensões. Isso
porque o estresse crônico desencadeia uma série de desequilíbrios, inclusive
hormonais, que contribuem para o aumento do apetite e o acúmulo de gordura na
região abdominal.
Separar um tempo para se dedicar às atividades
prazerosas pode ajudar. Inclusive, os exercícios físicos são grandes aliados,
já que favorecem a liberação de endorfinas, um grupo de substâncias do
bem-estar.
Fonte: https://www.correiodopovo.com.br/bellamais/saudefeminina/conhe%C3%A7a-a-rela%C3%A7%C3%A3o-entre-gordura-abdominal-e-hipertens%C3%A3o-e-saiba-como-evit%C3%A1-la-1.1582994
- Agência Einstein - Foto: Freepik
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