A baixa adesão pode resultar em diagnósticos tardios e tratamentos mais complexos
Comemorado em 7 de abril, o Dia Mundial da Saúde
reforça a importância de olhar com atenção para questões que afetam diretamente
a população. Entre elas, a queda na procura por exames preventivos por parte
das mulheres chama a atenção de especialistas. Mesmo com tantos avanços na
medicina, muitos exames essenciais continuam sendo deixados de lado, reforçando
a necessidade de conscientização, acesso e incentivo ao autocuidado.
Segundo o Instituto Nacional de Câncer (INCA), os
índices de exames preventivos ainda não retornaram aos níveis pré-pandemia da
COVID-19. Por sua vez, Claudia Bis, coordenadora do curso de Enfermagem da
Faculdade Anhanguera, alerta para os riscos dessa redução e reforça a
necessidade de retomada dos exames de rotina.
"A pandemia impactou significativamente não
apenas o número de infecções e mortes, mas também a interrupção de serviços
essenciais, como a saúde preventiva. Exames como a mamografia e o Papanicolau
são fundamentais para identificar precocemente o câncer de mama e o de colo do
útero, que têm altas taxas de cura quando diagnosticados no início",
explica.
Dados recentes confirmam essa tendência preocupante. O
Observatório da Saúde Pública, da Umane, aponta que a porcentagem de mulheres
acima de 18 anos que já fizeram mamografia nas capitais brasileiras caiu de
66,7%, em 2017, para 59,8% em 2023. A realização do Papanicolau também
apresentou queda no mesmo período, passando de 87% para 78,9%.
Consequências da baixa adesão
Claudia Bis reforça que a baixa adesão aos exames pode
resultar em diagnósticos tardios e tratamentos mais complexos, aumentando a
mortalidade. "Quando os exames preventivos são negligenciados, a chance de
detecção precoce diminui, o que pode dificultar o tratamento e comprometer a
qualidade de vida das pacientes. É essencial que as mulheres retomem esse
hábito de cuidado", enfatiza.
Além da importância da realização dos exames, a
profissional ressalta que a qualidade dos serviços de saúde também deve ser considerada.
"O acompanhamento com profissionais capacitados/especializados e a escolha
de unidades que sigam protocolos adequados são fundamentais para garantir um
diagnóstico preciso e seguro", orienta.
Mulheres adiam exames preventivos por medo
Outro fator que interfere na realização dos exames
preventivos é a saúde mental. A Claudia Bis destaca que ansiedade, depressão e
estresse podem impactar diretamente a adesão aos exames, muitas vezes levando
ao adiamento por medo dos resultados.
"Pouco se fala sobre o impacto emocional na saúde
preventiva. Muitas mulheres, especialmente após a pandemia, têm adiado exames
devido à carga emocional e ao receio de receber um diagnóstico negativo. Esse
comportamento reflete um distúrbio emocional que pode impedir o
autocuidado", observa.
Além disso, o estigma e o medo relacionados ao
diagnóstico de doenças graves, como o câncer, também contribuem para a baixa
adesão aos exames preventivos.
Suporte psicológico como aliado
Diante desse cenário, a professora reforça a
importância de oferecer suporte psicológico às mulheres, ajudando-as a superar
esses receios. "Além da conscientização sobre a relevância dos exames, é
fundamental criar um ambiente de acolhimento e apoio, incentivando as mulheres
a enfrentarem esse medo de forma mais saudável. O acompanhamento psicológico,
seja individual ou em grupos de apoio, pode ser um grande aliado nesse processo",
finaliza.
https://www.terra.com.br/vida-e-estilo/saude/veja-a-importancia-dos-exames-preventivos-para-a-saude-da-mulher,bcf07cdb61517150ec696c63fab80be3kcxoasc7.html?utm_source=clipboard
- Por Bianca Rieg - Foto: Satyrenko |
Shutterstock / Portal EdiCase
Nenhum comentário:
Postar um comentário