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segunda-feira, 15 de dezembro de 2014

Ejaculação precoce: tratamento

O médico e especialista Celso Gromatzky explica tudo sobre ejaculação precoce e seu tratamento. Entenda

Com extenso currículo, o especialista Celso Gromatzky, doutor em Urologia pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP), coordenador da Unidade de Medicina Sexual (disciplina de Urologia) na Faculdade de Medicina do ABC, membro da diretoria da Sociedade Brasileira de Urologia (seccional São Paulo) e do Núcleo de Urologia do Hospital Sírio-Libanês (SP) vem se dedicando a estudar os problemas da ejaculação precoce, e, em entrevista à VivaSaúde, compartilha muito do seu conhecimento sobre o tema, que ainda é alvo de inúmeras controvérsias. Além de esclarecer sobre as técnicas de tratamento mais utilizadas para reverter o problema, Gromatzky adverte para as complicações que a resistência em aderir ao tratamento — qualquer que seja a terapêutica — pode acarretar ao paciente. “Já temos evidências de que, quanto mais cedo for o diagnóstico, mais eficaz o tratamento. Daí a importância de procurar um especialista". 

O que é ejaculação precoce?
Celso Gromatzky: O termo “ejaculação precoce” serve para definir a ejaculação que ocorre logo após a penetração, ou até mesmo antes dela, causando desconforto e/ou sofrimento ao paciente e/ou à parceira. Mais recentemente, em 2008, foi apresentado no British Journal of Urology, pela International Society for Sexual Medicine, um parâmetro de tempo mínimo: a ejaculação precoce é a que leva até um minuto ou pouco mais de um minuto, após a penetração, para acontecer. Se, por um lado, o da donos ajuda a objetivar o que antes tinha um sentido muito subjetivo, por outro, pode ser bastante discutível. Por essa definição, um sujeito que leva dois ou três minutos, por exemplo, para ejacula seria classificado como alguém que não necessita de tratamento.
Porém sabemos que,para algumas pessoas, esse tempo pode ser insuficiente para o casal desfrutar plenamente de uma relação sexual prazerosa. Além disso, uma pesquisa divulgada recentemente, no 3rd International Consultation on Sexual Medicine, realizado em julho de 2009, em Paris, mostrou que metade dos homens que acreditava ter o problema não se encaixava nessa condição, que usa o tempo como uma medida do desempenho sexual. Então, para mim, a definição mais útil para aplicação em consultório não é a que utiliza o tempo. Porém, para estudos científicos em que este parâmetro tem maior importância, principalmente para comparar resultados de diversos tipos de tratamento, a medida continua sendo válida. 

Existe um tempo médio para a ejaculação durante uma relação sexual?
Um estudo publicado em 2005, no Journal of Sexual Medicine, envolvendo 500 casais em quatro países europeus e nos EUA, mostrou que esse tempo varia em torno de 5 minutos.

Como diferenciar um distúrbio crônico de uma manifestação eventual?
Para ser caracterizado como um problema de ejaculação precoce é necessário que seja recorrente e não ocasional. Na maioria dos pacientes que chega ao consultório, trata-se de um distúrbio primário. Ou seja, o indivíduo sempre apresentou o problema, desde o início de sua vida sexual. São mais raros os que apresentam distúrbio secundário, ou seja, que passam a ser ejaculadores precoces a partir de um determinado momento de sua vida.

Quem está mais suscetível?
Pesquisas apontam maior prevalência entre os mais jovens, enquanto outras indicam que o problema atinge de maneira mais ou menos uniforme homens de todas as faixas etárias. De qualquer forma, é consenso que o problema não se agrava com a idade, como acontece com os casos de disfunção erétil. Nos jovens, a principal explicação é, de fato, a ansiedade que decorre da inexperiência sexual. Além disso, é mais comum que o jovem tenha múltiplas parceiras, o que aumenta muito sua ansiedade, já que, a cada encontro com uma pessoa que ele ainda não conhece bem, se depara com uma situação completamente nova.

Existe algum exame capaz de detectar o problema, ajudando no diagnóstico?
Até hoje não descobrimos a relação entre doenças orgânicas e a ejaculação precoce, o que invalida a estratégia de buscar, em exames complementares, a confirmação ou não da doença. O que podemos usar como recurso, em consultório, são questionários específicos. Existem pelo menos três questionários com validação internacional.

Quais são as causas?
Embora ainda não haja consenso sobre o tema, é bastante provável que esteja relacionado a questões genéticas e a situações que provocam estresse ou ansiedade no indivíduo.

Algumas doenças podem agravar o problema?
Sim. O hipertireoidismo é uma delas, embora ainda não possamos explicar exatamente qual é o mecanismo que provoca essa interferência. O segundo tipo de problema mais frequentemente relacionado a ejaculação precoce são processos inflamatórios do pênis, que causam desconforto durante a relação sexual. Também é comum que pessoas com disfunção erétil evoluam para o quadro de ejaculação precoce.

Como é o tratamento?
Temos três maneiras diferentes de tratar: por meio de remédios via oral, psicoterapia ou medicamentos tópicos. Essas terapêuticas podem ser utilizadas separadamente ou de maneira combinada, de acordo como perfil de cada paciente. Os medicamentos via oral que já temos no mercado são antidepressivos, à base de imipramina, paroxetina, a fluoxetina e sertralina, que possuem uma ação específica sobre uma região do cérebro capaz de retardar o orgasmo.
Eles são usados em doses habitualmente menores do que as utilizadas no tratamento da depressão em si. Na linha das psicoterapias, as mais aceitas são as comportamentais, cognitivas e psicodinâmicas. Já os medicamentos tópicos são pomadas de uso local, que funcionam como anestésicos, diminuindo a sensibilidade da glande do pênis temporariamente e, por isso mesmo, contribuindo para retardar a ejaculação.

Qual é a maior dificuldade durante o tratamento?
A falta de colaboração da parceira, o que diminui muito as chances de resposta ao tratamento.

Quanto tempo dura?
O tratamento, em geral, tem duração de 120 dias, ou seja, quatro meses.

Há cura para o problema?
O índice de reincidência, após o término do tratamento, varia muito na literatura médica, entre 30%a 70%, independentemente da terapêutica utilizada. Portanto, o que podemos afirmar é que há cura, mas não em 100% dos casos.

Fonte: http://revistavivasaude.uol.com.br/clinica-geral/ejaculacao-precoce-e-seu-tratamento-entenda/3728/ - por Marília Alencar  - Texto Rita Trevisan / Foto: Shutterstock/ Adaptação: Marília Alencar