O médico e especialista Celso Gromatzky explica tudo
sobre ejaculação precoce e seu tratamento. Entenda
Com extenso currículo, o especialista Celso
Gromatzky, doutor em Urologia pela Faculdade de Medicina da Universidade de São
Paulo (USP), coordenador da Unidade de Medicina Sexual (disciplina de Urologia)
na Faculdade de Medicina do ABC, membro da diretoria da Sociedade Brasileira de
Urologia (seccional São Paulo) e do Núcleo de Urologia do Hospital Sírio-Libanês
(SP) vem se dedicando a estudar os problemas da ejaculação precoce,
e, em entrevista à VivaSaúde, compartilha muito do seu conhecimento sobre o
tema, que ainda é alvo de inúmeras controvérsias. Além de esclarecer sobre
as técnicas de tratamento mais utilizadas para reverter o problema,
Gromatzky adverte para as complicações que a resistência em aderir ao
tratamento — qualquer que seja a terapêutica — pode acarretar ao paciente. “Já
temos evidências de que, quanto mais cedo for o diagnóstico, mais eficaz o
tratamento. Daí a importância de procurar um especialista".
O que é ejaculação precoce?
Celso Gromatzky: O termo “ejaculação precoce” serve
para definir a ejaculação que ocorre logo após a penetração, ou até mesmo antes
dela, causando desconforto e/ou sofrimento ao paciente e/ou à parceira. Mais
recentemente, em 2008, foi apresentado no British Journal of Urology, pela
International Society for Sexual Medicine, um parâmetro de tempo mínimo: a
ejaculação precoce é a que leva até um minuto ou pouco mais de um minuto, após
a penetração, para acontecer. Se, por um lado, o da donos ajuda a objetivar o
que antes tinha um sentido muito subjetivo, por outro, pode ser bastante
discutível. Por essa definição, um sujeito que leva dois ou três minutos, por exemplo,
para ejacula seria classificado como alguém que não necessita de tratamento.
Porém sabemos que,para algumas pessoas, esse
tempo pode ser insuficiente para o casal desfrutar plenamente de uma relação
sexual prazerosa. Além disso, uma pesquisa divulgada recentemente, no 3rd
International Consultation on Sexual Medicine, realizado em julho de 2009, em
Paris, mostrou que metade dos homens que acreditava ter o problema não se
encaixava nessa condição, que usa o tempo como uma medida do desempenho sexual.
Então, para mim, a definição mais útil para aplicação em consultório não é a
que utiliza o tempo. Porém, para estudos científicos em que este parâmetro tem
maior importância, principalmente para comparar resultados de diversos tipos de
tratamento, a medida continua sendo válida.
Existe um tempo médio para a ejaculação durante uma
relação sexual?
Um estudo publicado em 2005, no Journal of Sexual
Medicine, envolvendo 500 casais em quatro países europeus e nos EUA, mostrou
que esse tempo varia em torno de 5 minutos.
Como diferenciar um distúrbio crônico de uma
manifestação eventual?
Para ser caracterizado como um problema de
ejaculação precoce é necessário que seja recorrente e não ocasional. Na maioria
dos pacientes que chega ao consultório, trata-se de um distúrbio primário. Ou
seja, o indivíduo sempre apresentou o problema, desde o início de sua vida
sexual. São mais raros os que apresentam distúrbio secundário, ou seja, que
passam a ser ejaculadores precoces a partir de um determinado momento de sua
vida.
Quem está mais suscetível?
Pesquisas apontam maior prevalência entre os mais
jovens, enquanto outras indicam que o problema atinge de maneira mais ou menos
uniforme homens de todas as faixas etárias. De qualquer forma, é consenso que o
problema não se agrava com a idade, como acontece com os casos de disfunção
erétil. Nos jovens, a principal explicação é, de fato, a ansiedade que decorre
da inexperiência sexual. Além disso, é mais comum que o jovem tenha múltiplas
parceiras, o que aumenta muito sua ansiedade, já que, a cada encontro com uma
pessoa que ele ainda não conhece bem, se depara com uma situação completamente
nova.
Existe algum exame capaz de detectar o problema,
ajudando no diagnóstico?
Até hoje não descobrimos a relação entre doenças
orgânicas e a ejaculação precoce, o que invalida a estratégia de buscar, em
exames complementares, a confirmação ou não da doença. O que podemos usar como
recurso, em consultório, são questionários específicos. Existem pelo menos três
questionários com validação internacional.
Quais são as causas?
Embora ainda não haja consenso sobre o tema, é
bastante provável que esteja relacionado a questões genéticas e a situações que
provocam estresse ou ansiedade no indivíduo.
Algumas doenças podem agravar o problema?
Sim. O hipertireoidismo é uma delas, embora ainda
não possamos explicar exatamente qual é o mecanismo que provoca essa
interferência. O segundo tipo de problema mais frequentemente relacionado a
ejaculação precoce são processos inflamatórios do pênis, que causam desconforto
durante a relação sexual. Também é comum que pessoas com disfunção erétil
evoluam para o quadro de ejaculação precoce.
Como é o tratamento?
Temos três maneiras diferentes de tratar: por meio
de remédios via oral, psicoterapia ou medicamentos tópicos. Essas terapêuticas
podem ser utilizadas separadamente ou de maneira combinada, de acordo como
perfil de cada paciente. Os medicamentos via oral que já temos no mercado são
antidepressivos, à base de imipramina, paroxetina, a fluoxetina e sertralina,
que possuem uma ação específica sobre uma região do cérebro capaz de retardar o
orgasmo.
Eles são usados em doses habitualmente menores do
que as utilizadas no tratamento da depressão em si. Na linha das psicoterapias,
as mais aceitas são as comportamentais, cognitivas e psicodinâmicas. Já os
medicamentos tópicos são pomadas de uso local, que funcionam como anestésicos,
diminuindo a sensibilidade da glande do pênis temporariamente e, por isso
mesmo, contribuindo para retardar a ejaculação.
Qual é a maior dificuldade durante o tratamento?
A falta de colaboração da parceira, o que diminui
muito as chances de resposta ao tratamento.
Quanto tempo dura?
O tratamento, em geral, tem duração de 120 dias, ou
seja, quatro meses.
Há cura para o problema?
O índice de reincidência, após o término do
tratamento, varia muito na literatura médica, entre 30%a 70%, independentemente
da terapêutica utilizada. Portanto, o que podemos afirmar é que há cura, mas
não em 100% dos casos.
Fonte: http://revistavivasaude.uol.com.br/clinica-geral/ejaculacao-precoce-e-seu-tratamento-entenda/3728/
- por Marília Alencar - Texto Rita Trevisan / Foto: Shutterstock/
Adaptação: Marília Alencar
show muito Bom parabéns excelente trabalho ótimas dicas
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