Ronco entre brasileiros
Pesquisadores do Instituto do Coração (Incor),
ligado à USP, desenvolveram uma técnica de tratamento pioneira que, se
praticada diariamente e com orientação de fonoaudiólogo, reduz a frequência e a
altura do ronco até ele se tornar quase imperceptível em alguns casos.
A nova técnica é efetiva também no tratamento da
apneia do sono de grau leve e moderado, diminuindo o número de engasgos durante
a noite.
A incidência do ronco tem aumentado na população
brasileira porque a condição afeta obesos, idosos e mulheres na pós-menopausa
(sim, nessa fase da vida feminina, muitas delas vão se tornar roncadoras) - e
todas essas parcelas da população estão crescendo no Brasil.
Há muitos tratamentos para o ronco, incluindo desde
cirurgias para desobstrução das vias aéreas superiores, implantes no palato,
dispositivos intraorais até orientações para perda de peso e mudança postural.
O problema é que é difícil aferir a eficácia desses tratamentos porque ainda
não existem técnicas para medir o ronco de forma objetiva.
Exercícios contra o ronco
A técnica do Incor consiste numa série de seis
exercícios para fortalecer os músculos envolvidos direta ou indiretamente na
produção do ronco e na apneia obstrutiva do sono.
Com duração de oito minutos, os exercícios são
realizados três vezes ao dia e, para facilitar ainda mais a adesão do paciente
ao tratamento, sempre incorporados às atividades rotineiras (como se alimentar,
escovar os dentes ou no percurso para o trabalho, por exemplo).
De forma simplificada, os seis exercícios que compõem
o tratamento antirronco do Incor são:
Empurrar a língua contra o céu da boca e deslizá-la
para trás;
sugar a língua para cima, pressionando-a por
completo contra o céu da boca;
forçar a parte posterior da língua contra o
"chão" da boca, mantendo a sua ponta em contato com os dentes
incisivos inferiores;
elevar a parte de trás do céu da boca e a úvula
(conhecida popularmente como "campainha") enquanto diz a vogal
"A";
posicionar o dedo na parte interna da bochecha entre
os dentes e pressionar a bochecha para fora (cada lado da boca);
durante a alimentação, manter uma mastigação
bilateral alternada e deglutição usando a língua no palato.
"Embora seja de fácil execução e não tenha
qualquer contraindicação, os exercícios devem ser prescritos, orientados e acompanhados
por profissionais especializados. Ao fazer o movimento errado, seja por um
milímetro, serão trabalhados músculos que nada têm a ver com a cessação do
ronco," explica a fonoaudióloga Vanessa Ieto, criadora da nova técnica.
Apneia obstrutiva do sono
A apneia obstrutiva do sono é caracterizada pela
obstrução parcial (hipopneia) e/ou total das vias aéreas (apneia) recorrente
durante a noite (nesse último caso, ocorre a parada da respiração por pelo
menos dez segundos nos adultos). O ronco está presente em 70% a 95% dos casos
de apneia.
A gravidade da apneia obstrutiva do sono é
determinada pelo número de ocorrências de paradas da respiração por hora de
sono: leve (5 a 15 paradas por hora), moderada (15 a 30) e grave (mais do que
30 eventos ou engasgos por hora de sono).
"Existem pacientes que possuem dois ou três
eventos de apneia por minuto," comenta Vanessa. Para esses casos,
caracterizados como graves, o tratamento indicado é o uso do aparelho CPAP (Continuos
Positive Airway Pressure/pressão positiva contínua na via aérea)