Se o médico diz que a saída para seu problema é cirúrgica, esclareça as suas
dúvidas e vá tranquilo para o hospital
Que toda e qualquer cirurgia tem o intuito de melhorar o corpo humano - seja
pelas condições de saúde ou esteticamente - não há dúvidas. A parte ruim é que
se submeter a essas intervenções nunca é agradável e sempre envolve riscos.
Para tornar esse momento menos preocupante e decidir com mais segurança se a
cirurgia deve ser feita, preparamos uma lista das perguntas que você deve fazer
ao seu médico antes de ser internado. Para o médico não é uma tarefa fácil
preparar o paciente para a intervenção cirúrgica e, para o paciente, é
fundamental saber quais as condições em que a intervenção será realizada.
"Essa relação médico-paciente deve ser estreita e humanizada e, para isso,
é necessária uma boa formação médica e alta confiança do paciente", define
o cirurgião João Carlos Leal, membro titular da Sociedade Brasileira de
Cirurgia Cardiovascular (SBCCV).
A informação sobre a intervenção cirúrgica deve ser clara,
objetiva e com vocabulário simples. Cabe também ao paciente participar
ativamente com perguntas sobre o tratamento cirúrgico indicado e saber os
detalhes. Desse modo, você pode compreender melhor a respeito das técnicas
operatórias disponíveis. Se achar melhor, pegue papel e caneta e não se
intimide em levar a listinha de perguntas ao doutor.
1. Existem outros tratamentos para esse caso clínico?
Quando o médico aponta a cirurgia como uma saída, na maioria dos casos é porque
os procedimentos menos invasivos já foram cogitados, mas não parecem ser a
melhor opção. Mesmo assim, o paciente tem o direito a escolher tratamentos
alternativos, ouvir uma segunda e até terceira opinião médica. Discuta com o
especialista as estratégias de tratamento.
2. Como é feita a cirurgia?
"Cabe ao médico explicar exatamente sobre o procedimento a ser realizado,
salvo em casos de emergências onde essa possibilidade inexiste", diz Luiz
Tizatto, cirurgião da Unit Care, empresa especializada em telemedicina
ehomecare. Aproveite para perguntar, por exemplo, qual o tipo de anestesia que
será usada.
3. Como serei beneficiado?
Sempre que um procedimento cirúrgico é indicado ele deve ser baseado em
critérios técnicos, por isso, "peça para seu médico explicar de forma
clara os motivos que optou por essa decisão e mostrar os benefícios que esse
tipo de intervenção pode causar", orienta Tizzato.
4. Posso esperar para marcar a data?
De maneira geral, quando uma cirurgia é indicada o ideal é que seja realizada o
quanto antes. Mas em muitos casos é possível aguardar um período mais adequado
ao paciente. "Essa questão é importante principalmente para os indivíduos
assintomáticos, que não sentem o corpo reclamar, mas que apesar disso seu
estado de saúde pode estar comprometido", afirma Flavio Carneiro Hojaij,
cirurgião membro da Sociedade Brasileira de Cirurgia de Cabeça e Pescoço
(SBCCP).
5. Há quanto tempo faz esse tipo de procedimento?
"Essa questão é fundamental, pois existe um número mínimo de operações por
ano para que o médico tenha experiência. Entretanto, essa questão é muito
delicada, pois para cirurgias mais raras esse critério não pode ser
empregado", orienta Hojaij. O ideal é perguntar se o médico tem
experiência nesse tipo de procedimento e, se julgar necessário, pesquisar sobre
a carreira profissional dele.
6. Há algum preparo a ser feito?
Cada tipo de cirurgia indicará um preparo específico antes da internação. É
muito importante esclarecer quais as indicações médicas e cumpri- -las, como as
restrições físicas, alimentares, medicamentos e exames laboratoriais
préoperatórios.
7. Quais são os custos que terei?
Os valores dependem se o paciente tem plano de saúde, se é particular ou se
está operando pelo SUS (Sistema Único de Saúde). Os custos devem ser explicados
pelo médico, pois existem tanto os custos diretos (referentes ao procedimento
cirúrgico), quanto os custos indiretos (como o afastamento do trabalho e a
limitação da rotina diária no pós-operatório).
8. Qual é o hospital mais indicado?
Além de conhecer bem o cirurgião e sua equipe, "o paciente deve conhecer o
hospital onde será feita a cirurgia, questionar se as instalações são adequadas
ao procedimento proposto e se os equipamentos estão disponíveis caso aconteça
algo inesperado", alerta Luis Fernando Correia, médico cirurgião e Chefe
da Emergência do Hospital Samaritano (RJ).
Antes de ir para o hospital é importante deixar tudo
organizado para a sua ausência:
- Verificar a necessidade de acompanhante ou
enfermeira particular
- Confirmar se é necessária a consulta pré-cirúrgica
- Levar para internação os exames complementares realizados
- Levar lista de remédios que lhe causam alergia
- Utensílios de higiene pessoal
- Óculos ou lentes de contato
- Fazer lista de medicamentos
- Pagar as contas
- Organizar a agenda de trabalho
- Organizar os cuidados com as crianças e eventuais pets
- Deixar disponível os endereços de e-mails e telefones de amigos
- O mesmo para auxiliares domésticos (faxineira, motorista, cozinheira)
- Presença de familiares próximos para ajudar no pós-cirúrgico
- Retirar os adereços (relógios, pulseiras, anéis, brincos, prótese
dentária, piercing)
- Aos fumantes: parar de fumar de 48 a 72 horas antes da internação
- Não utilize cremes, sprays, géls, perfumes ou pós próximo ao local da
cirurgia
9. Existem riscos ou possíveis complicações
posteriores?
Não existe procedimento cirúrgico sem riscos, toda e qualquer cirurgia implica
em um risco, sendo esse de intensidade variável de acordo com cada tipo de
intervenção e paciente. O risco deve ser claramente explicado pelo médico.
"Essa é talvez a mais importante pergunta a ser feita, o paciente deve
colocar os riscos e benefícios em uma balança para que a decisão seja tomada de
forma responsável e em conjunto", afirma Correia.
10. Como proceder para marcar a intervenção?
Aproveite este momento para discutir a melhor data, horário e local. Também é o
momento de saber como será o auxílio para as burocracias de planos
assistenciais e hospitais.
11. Pode haver algum impedimento para realizar a operação?
Procure saber que condições físicas impediriam a cirurgia, como resfriados,
diarreias ou período menstrual, que possam atrapalham o ato operatório. Nesses
casos, informe com antecedência a impossibilidade de realizar o procedimento
para que uma nova data seja marcada. "Uma vez marcado o procedimento, o
paciente deve ter em mente que o cancelamento, por qualquer motivo, é um grande
transtorno para si mesmo, para a equipe médica e para o hospital - que envolve
vários procedimentos e profissionais", finaliza Hojaij.
12. Sou obrigado a aceitar esta indicação médica?
Se já foram discutidos outros métodos alternativos em substituição à cirurgia,
não fazê- -la pode ser bastante arriscado. Tizzato esclarece que "sempre
deve ocorrer uma indicação correta baseada em critérios técnicos e o paciente
deve ser informado dos possíveis riscos em não aderir ao tratamento
proposto".
13. Por quanto tempo estarei anestesiado?
O tempo de cirurgia pode variar muito dependendo do tipo, das especificidades
do paciente, da complexidade cirúrgica e dos imprevistos que sempre podem
acontecer. Idealmente quanto menor o tempo de intervenção, melhor. Mas é melhor
que a cirurgia seja feita com calma e que ela tenha êxito no final, independentemente
do tempo que ela dure.
14. Será necessário tomar sangue?
Antes de realizar uma cirurgia são realizados exames pré-operatórios com a
finalidade de detectar eventuais alterações que precisem correções, como
transfusão sanguínea. Para entender melhor como será sua cirurgia, confirme com
seu médico se será necessária ou não uma transfusão.
15. A
recuperação será fácil?
Para se programar melhor, pergunte quantos dias de internação serão
necessários, quais serão as limitações físicas, o que será necessário de
suporte domiciliar na alta hospitalar e em quanto tempo se volta às atividades
ansiadas (trabalho, esporte, convívio social, relações sexuais etc.)