quinta-feira, 1 de fevereiro de 2018

Doenças respiratórias: aprenda a melhorá-las com o esporte

Pneumologista dá dicas certeiras de como melhorar consideravelmente, doenças respiratórias através da prática esportiva! Confira essas sugestões e aprove!

A prática de exercícios físicos é importante para fortalecer a musculatura, aumentar a resistência física e melhorar a postura corporal. Além disso, também é essencial no tratamento de doenças crônicas como depressão, diabetes e asma. De acordo com o pneumologista Clystenes Odyr Soares, a prática de atividades físicas regulares traz inúmeras vantagens, inclusive para quem sofre de doenças respiratórias.

“Na maioria dos casos, as atividades físicas são indicadas como parte do tratamento para melhorar o condicionamento físico e a capacidade respiratória. A prática de exercícios físicos pode ser uma grande aliada para diminuir os riscos de complicações, crises e internações de pacientes com doenças respiratórias”, afirma Soares.

O que é ASMA?
A asma caracteriza-se pela inflamação crônica dos brônquios de causa alérgica e leva à falta de ar e chiado no peito. É uma doença crônica, comumente diagnosticada na infância, mas que pode afetar pessoas de todas as idades. Quando tratada adequadamente, seus sintomas podem ser controlados e não ocasionam impactos na rotina do paciente. Porém, é comum que os asmáticos considerem que a doença está sob controle, ainda que sintam limitações ao realizar atividades no dia a dia.

Mas como saber se asma está controlada? Veja abaixo quando ela a asma não está controlada:
Sintomas diurnos mais de duas vezes por semana;
Qualquer despertar noturno causado pela doença;
Uso de medicamentos para alívio da falta de ar mais de duas vezes por semana;
Se a asma estiver limitando as suas atividades cotidianas.

O que é DPOC? (Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica)

Causada principalmente pelo tabagismo, a Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica, ou DPOC, é o termo usado para denominar o conjunto de duas doenças que causam a obstrução crônica das vias aéreas dentro dos pulmões: a bronquite crônica e o enfisema pulmonar.

Segundo o programa mundial Gold, existem cinco características básicas que ajudam o profissional de saúde a identificar pacientes que podem ter a doença:

Ter mais de 40 anos;
Ser fumante ou ex-fumante;
Tosses frequentes;
Expectoração ou “catarro” constante;
Cansaço ou dificuldade para respirar (ao subir escadas ou caminhar).

Agora, veja as dicas do especialista para quem tem doenças respiratórias ter uma boa experiência com as atividades físicas!

Doenças respiratórias e esportes: cuidados

CENTROS URBANOS: não é recomendado realizar exercícios em avenidas movimentadas onde há grandes índices de poluição.

PARQUES: evite se expor a altas temperaturas, principalmente nos meses de verão e em horários entre 10 h e 14h.

ACADEMIA: atente-se para o ar condicionado com temperaturas muito baixas, que diminuem a umidade.


Fonte: https://sportlife.com.br/doencas-respiratorias-melhorar-esporte/ - Brenda Prestes -    Foto: Reprodução/Pexels - Dr. Clystenes Odyr Soares, pneumologista e professor da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo).

quarta-feira, 31 de janeiro de 2018

É seguro (e recomendável) correr

Há uma alta taxa de lesões entre quem sai dando passadas por aí. Mas dá pra baixar muito esse risco. Até porque o perigoso mesmo é ficar parado

A cada toque do pé com o chão, o corpo de um corredor recebe um impacto que varia de duas a quase cinco vezes o peso dele. Agora considere que, em uma única semana, ele dá milhares de passos acelerados durante seus treinamentos. É desgaste do joelho na certa… Só que não. “Correr de forma recreativa na verdade protege essa e outras articulações. O que faz mal para elas é o sedentarismo“, garante o ortopedista Eduard Alentorn-Geli, da Federação Espanhola de Futebol.

Apesar de vinculado a uma instituição focada na nossa paixão nacional, esse médico liderou um levantamento sobre o suposto elo entre a corrida e a artrose – chamada de osteoartrite pelos especialistas. Ele e seus colegas revisaram 17 estudos, que totalizaram dados de 114 829 indivíduos. Entre esse pessoal, alguns apertavam o passo por diversão, outros eram profissionais (ou quase) e ainda havia aqueles que gostavam mesmo é de pôr as pernas pro alto. Saiba mais: Correr não causa artrose nos joelhos e no quadril

Pois vamos ao que interessa: enquanto 10,2% dos amantes do sofá reclamaram de dores nos joelhos ou quadris ao longo dos anos, somente 3,5% dos corredores amadores manifestaram o problema. Contudo, o pior resultado foi o dos atletas. Não menos do que 13,3% ficaram com as juntas rangendo. “O recado é permanecer ativo sem se exceder”, conclui Alentorn-Geli.

Antes de falarmos em limites, cabe reconhecer os préstimos da corrida. “Ela promove adaptações positivas na cartilagem, nos ligamentos, nos tendões e nos ossos”, afirma a educadora física Carina Helena Wasem Fraga, professora de biomecânica da Universidade Federal do Maranhão. “É como se essas estruturas precisassem de movimento para se manter saudáveis”, traduz.

Dar umas voltas no quarteirão também fortalece os músculos dos membros inferiores, nossos amortecedores naturais. “Se um tênis esportivo absorve 3% do impacto de uma passada, o quadríceps, um músculo da coxa, segura 66%”, compara Carina. E, claro, suar a camisa queima calorias, o que afasta a obesidade, uma das principais causas da artrose. Mas então por que vemos tantos corredores arrebentados mundo afora?

Não vamos tapar o sol com a peneira. Estatísticas dão conta de que dois terços dos corredores se contundem em um ano. “Mas, se esse esporte é benéfico para várias estruturas do corpo, o que explica o paradoxo?”, questiona Carina. Ela mesma responde: “A completa falta de planejamento. Boa parte dos praticantes nem sequer pensa sobre frequência, intensidade e evolução dos treinos”.

De um jeito simplista, tem muito amador correndo que nem profissional. E, quando você queima a largada, seu organismo vai protestar – não importa a modalidade. “Os movimentos da corrida não são especialmente danosos, ao contrário do que se imagina. As lesões costumam vir de uma sobrecarga inadequada”, reforça o ortopedista Moisés Cohen, diretor do Instituto Cohen de Ortopedia, Reabilitação e Medicina do Esporte, em São Paulo. “É a pessoa que quer emagrecer para o verão ou se preparar para uma maratona da noite para o dia”, exemplifica.

Na maioria dos casos, portanto, não estamos falando de males irreversíveis e que aparecem após décadas de abuso, como a artrose. São as tendinites, os estiramentos musculares, os desgastes iniciais na cartilagem… Enfim, chateações contornáveis com um mínimo de cuidado.

Como já dissemos, o primeiro passo é começar com calma, manter a regularidade e não pular etapas. Se possível, trace seus treinamentos com um profissional de educação física para que ele ajuste a dose de esforço segundo suas características e metas. “Sugiro ainda complementar a modalidade com exercícios de força, principalmente para fortalecer as pernas e os quadris”, propõe Carina.

Outra coisa: valorize o repouso. “O descanso é o treino silencioso. Nesse período, o corpo repara seus tecidos e se adapta às demandas da atividade física”, destaca Tony Meireles, profissional de educação física da Universidade Federal de Pernambuco. E, quanto mais suor, mais sossego será necessário depois. Que fique claro, não se trata de proibir o indivíduo de correr uma maratona, até porque esses eventos motivam determinadas pessoas. “Basta entender que provas assim cansam demais e não devem ser feitas a todo momento, nem por praticantes condicionados”, arremata Meireles.

E como fica o coração?
Por mais que os exercícios físicos sejam aliados sacramentados do peito, o medo de sofrer um piripaque durante a corrida aterroriza muitos brasileiros. E lá vamos nós de novo prezar pela sinceridade: o Colégio Americano de Medicina do Esporte atesta que sujeitos ativos têm um risco duas vezes maior de infartar durante um treino intenso. Mas… a probabilidade de esse chabu grave acontecer em qualquer hora do dia é 50 vezes menor em comparação com os sedentários. Cinquenta vezes!

Entretanto, aqui também devemos discutir a quantidade e a intensidade das passadas. Em uma clássica pesquisa inglesa com 5 159 homens entre 40 e 59 anos que foram acompanhados por quase duas décadas, primeiro constatou-se o óbvio: os inativos possuíam o maior risco de sofrer uma pane cardíaca. Acontece que os mais resguardados contra essa encrenca eram os participantes que adotaram um ritmo moderado – quem apertou demais o passo até viu os benefícios se esvaírem um pouco.

“A corrida reduz a pressão, baixa o colesterol, controla a glicemia… São inúmeras vantagens para o sistema cardiovascular”, diz o médico Iran Castro, um dos autores da Diretriz de Cardiologia do Esporte e do Exercício da Sociedade Brasileira de Cardiologia. “Só é bom evitar extremos e consultar um médico para ver se há alguma condição que exija cuidados especiais”, pondera. Atenção: cuidados especiais não significam proibição, até porque, hoje em dia, a sala de ginástica integra o tratamento de várias doenças. Portador ou não de um problema de saúde, tenha certeza de uma coisa: seu sofá é bem menos confortável para o corpo do que parece.

Eu me machuquei. E agora?
“Uma lesão, mesmo se não tão grave, faz certas pessoas largarem o esporte. Daí porque é crucial preveni-la”, constata o educador físico Tony Meireles. Ainda assim, nunca dá para se blindar 100%. Se passar por um infortúnio, respeite o tempo de reabilitação e volte a malhar aos poucos – por mais que queira, no começo você não vai ter o condicionamento de antes.

Sinais amarelos
Se eles surgirem, pare e busque apoio médico
Dor súbita e persistente
Limitação de movimento
Cansaço desproporcional
Tontura ou desmaio
Dor no peito
Palpitação cardíaca
Extrema falta de ar
O coração pede agito

Estudo mostra, em homens acima dos 40 anos, o efeito protetor do esforço físico


Fonte: https://saude.abril.com.br/fitness/e-seguro-e-recomendavel-correr/ - Por Theo Ruprecht - Foto: Vasakna/iStock - Infográfico: Ana Cossermelli/SAÚDE é Vital

terça-feira, 30 de janeiro de 2018

Cuidados no carnaval: evite cãibras e dores nas pernas

Curta a folia com muita diversão, sem dores e cuidando da saúde das suas pernas

Chegou a hora de sambar, pular e se divertir muito: é carnaval! Com muitos bloquinhos, festas e escolas de samba para curtir, a saúde não pode ficar de lado. Você precisa de alguns cuidados no carnaval, principalmente com as suas pernas, as que te aguentam o dia inteiro. Se você já possui alguma pré-disposição a ter varizes, saiba que essa atenção precisa ser maior ainda.

Veja abaixo os cuidados necessários no carnaval listados por Breno Caiafa, presidente da Sociedade Brasileira de Angiologia e de Cirurgia Vascular do Rio de Janeiro (SBACV-RJ):

Utilize um sapato adequado
A recomendação é que se use um tênis para curtir a folia. Mesmo não sendo o calçado preferido das mulheres, o uso de palmilhas é capaz de aumentar o conforto e prevenir dores e inchaço nas pernas e nos pés.

Cuidado com o salto alto
Esse tipo de sandália pode contribuir para o aparecimento de dores nas pernas, além de varizes, se usado constantemente. Se for usar salto alto, prefira opções que não sejam de bico fino. Evite passar longos períodos com o salto alto para manter suas pernas sem dores.

E se der cãibra?
Se você começar a sentir cãibras ou dores fortes durante o carnaval, dê uma pausa e faça exercícios de alongamento no músculo afetado. Se o problema for com seus pés, posicione-os em uma parede para pressioná-los. Já para as panturrilhas, apoie as mãos nas paredes e deixe uma perna à frente da outra, de modo com que os dois pés fiquem apontados para a parede. Flexione a perna da frente deixando o joelho de trás esticado e o pé inteiro no chão.

Acabou a folia, mas os cuidados com a saúde continuam
Depois de curtir o carnaval, fique em repouso com as pernas elevadas. Faça massagens e compressas geladas no local e, se a dor persistir, procure seu médico de confiança. Durma bem e recupere suas energias!

Entre os cuidados no carnaval, hidrate-se
Beba muita água e tenha uma alimentação balanceada. Esses hábitos irão te ajudar a evitar dores e cãibras. Cuidado também com o excesso de bebidas alcoólicas, tudo que é em excesso faz mal a saúde.


segunda-feira, 29 de janeiro de 2018

6 bons motivos para praticar esporte ao ar livre

Que tal aproveitar o verão e trocar a academia pela areia da praia ou pelo parque? E sem descuidar da beleza ou detonar o cabelo, é claro!

Admita: as manhãs ensolaradas e com um belo céu são um convite e tanto para pular mais cedo da cama e mexer o corpo, não é? Há muitas opções de esportes ao ar livre: caminhada, corrida, natação, vôlei, andar de bicicleta…

Quem mora em cidades litorâneas ou pretende passar uma parte das férias de verão na praia ainda pode praticar surf, frescobol, stand up paddle e kitesurf, entre outras modalidades.

Para a turma que ainda tem dúvidas – ou um pouquinho de preguiça –, listamos 6 razões que vão levar à mudança de ideia:

1. A rotina muda – para melhor!
Você deu um duro danado o ano inteiro, se multiplicando por mil para dar conta do trabalho, faculdade, tarefas domésticas… Então, que tal desestressar e mudar um pouco de ares? Praticar esportes outdoors promovem uma bela quebrada na rotina. Mesmo para quem frequenta a academia, a mudança de ambiente e um local motivador podem gerar um gás novo. Experimente!

2. Maior interação social
Novos esportes e cenários oferecem a oportunidade de conhecer gente diferente e ampliar seu círculo social. Ao se relacionar com outros praticantes, você só tem a ganhar com a troca de experiências e com as amizades diferentes que podem surgir.

3. Saúde física e mental em dia
Qualquer atividade física traz diversos benefícios à saúde. O sabor da novidade, no entanto, vai trabalhar mais a sua cabeça. E ambientes como praias e parques ajudam a promover um equilíbrio mais que bem-vindo entre corpo e mente, fazendo você se desligar (mesmo que temporariamente) do cansaço e do estresse da rotina do dia a dia.

4. Maior contato com a natureza
Esse, talvez, seja um dos benefícios mais importantes das atividades ao ar livre. Poder observar uma bela paisagem litorânea ou sentir a areia entre os dedos dos pés alivia o cansaço acumulado, põe a sobrecarga mental em perspectiva, relaxa o corpo e a mente e contribui para a concentração e o foco.

5. Melhora o astral consideravelmente
Vários estudos já comprovaram que fazer esportes ao ar livre auxilia no combate à depressão: melhoram não só o humor, como elevam a autoestima. O contato com a natureza, associado aos benefícios de uma atividade física, libera hormônios do bem-estar, como as endorfinas. Há um alívio do estresse, diminuição da ansiedade e uma visão mais positiva do cotidiano.

6. Disposição para alimentar-se melhor
Praias e parques têm tudo a ver com água de coco, sucos naturais de frutas, vitaminas, açaí, comida leve… Ao se mexer ao ar livre, você sente mais vontade de investir em pratos e bebidas saudáveis, sempre à mão nesses locais. E, ainda, dá-lhe goles e mais goles de água geladinha para refrescar!


domingo, 28 de janeiro de 2018

Menos sexo, memória e vigor: três mitos do envelhecimento

Não é propaganda de produto milagroso, não. Saiba o que a ciência tem a dizer sobre questões que nos intrigam assim que os cabelos brancos aparecem

Outro ano ficou para trás e muitos de nós nutrimos a impressão de que o tempo passa cada vez mais rápido e nossos corpos se parecem cada vez mais com um templo: antigo, prestes a desmoronar e provavelmente mal-assombrado.

A memória piora, os músculos já não são mais os mesmos e parece que não vale a pena começar a fazer exercícios físicos nessa altura da vida. Bate aquela sensação de que deveríamos ter iniciado uma rotina mais ativa muitos, mas muitos anos antes. Tarde demais. Olha quem espreita lá na frente: ela, a velhice.

Ora, esses são alguns dos receios, sintomas ou preconceitos que vêm à tona quando se fala em envelhecimento. Mas será que estamos mesmo condenados a uma velhice nada atrativa? Será que é realmente tarde demais para abdicar de um dia a dia monótono e desequilibrado? Será que os prazeres têm prazo de validade, assim como a nossa capacidade cognitiva?

Vamos ver o que a ciência tem a dizer sobre três questões inevitavelmente associadas ao avançar da idade. Há — ainda bem! — muito mito difundido por aí.

Mito 1: é inútil mudar o estilo de vida após certa idade
É comum ouvir comentários do tipo “agora não adianta mais se matricular na academia” ou “exercício é coisa para jovem”.
Eles não passam de desculpa daquelas pessoas que não se cuidaram quando jovens e acreditam que já não há nada que possa ser feito hoje para afastar ou enfrentar problemas de saúde. Desculpa sem fundamento.
É claro que, quanto antes cuidarmos da alimentação e praticarmos atividade física, mais benefícios desfrutaremos. No entanto, acredite na máxima do “antes tarde do que nunca”. Tem ciência por trás dela.
Que o digam pesquisadores da Universidade da Carolina do Sul, nos Estados Unidos, que fizeram um estudo com mais de 15 mil pessoas entre 45 e 64 anos, todos sedentários. Esse monte de gente foi dividido em dois grupos: os que mudaram o estilo de vida e os que permaneceram com a rotina à base de sofá, TV e guloseimas.
Após quatro anos de acompanhamento, os estudiosos observaram que os indivíduos que adotaram hábitos saudáveis — exercícios regulares, alimentação balanceada, controle do peso corporal e não fumar — tiveram menores taxas de mortalidade e um risco reduzido de doença cardiovascular. Tudo em comparação com o grupo que continuou sedentário.
Os cientistas constataram que uma das principais razões para que muitos adultos mais velhos fujam do estilo de vida equilibrado é justamente o fato de pensarem que é tarde demais para mudar. Não caia nesse conto. O exercício, mesmo em idade avançada, traz inúmeros benefícios, entre eles aumento da força muscular, redução das dores da artrite e melhor mobilidade — em uma palavra, agregam mais autonomia. Mesmo que você nunca tenha feito atividade física antes, começar agora pode melhorar sua saúde.

Mito 2: o deterioramento mental é inevitável
Esse mito é parcialmente verdadeiro, pois, à medida que envelhecemos, as células-tronco — das quais todo tecido corporal se desenvolve, inclusive o cerebral — se reproduzem mais devagar. Porém, assim como a musculação ajuda a conservar a massa magra, exercitar o cérebro colabora na manutenção das habilidades cognitivas. Exercitar de que jeito? Lendo livros, escrevendo um diário ou poesias, jogando Paciência… Quando algumas habilidades diminuem, outras podem ser aprimoradas para compensar.
Imagine o cenário hipotético: você está em uma festa e conhece uma pessoa nova. O nome dela é Luiz. Há muita gente na festa e, enquanto papeia com o Luiz, você também está escutando cochichos de outra conversa nas proximidades. O assunto da discussão paralela é futebol — e não tem relação alguma com o que você está abordando com o Luiz. Bom, a conversa ao lado termina, após um tempinho você se despede do Luiz e, em seguida, vai embora para casa.
Na semana seguinte, eis que você encontra novamente o Luiz e inexplicavelmente acaba lembrando de um jogo de futebol que acontecerá domingo que vem. O que uma coisa tem a ver com a outra? Por que isso aconteceu?
A conversa paralela parecia irrelevante no momento da festa, mas sua mente, distraída e interessada pelo assunto, se conectou a esse ruído sem importância e à memória recém-formada sobre o Luiz.
Cientistas da Universidade de Toronto, no Canadá, adaptaram essa historinha para um experimento de laboratório a fim de testar se tal fenômeno só acontecia pra valer em idosos — e quais as suas repercussões.
Os pesquisadores recrutaram dois grupos de voluntários, o primeiro com jovens de 19 anos e o segundo com adultos de 60 anos, em média. Eles mostraram a todos os participantes uma sequência de imagens no computador que continham palavras aparentemente irrelevantes sobrepostas. Isso é como conhecer o Luiz e ouvir conversas paralelas ao mesmo tempo. Os voluntários foram informados para ignorar as palavras e focar apenas nas imagens.
Em seguida, ocorreram dois testes de memória. No primeiro, os participantes tinham que apertar uma tecla assim que a mesma imagem aparecesse duas vezes seguidas. Foi no segundo que rolou a surpresa. As pessoas tinham que tentar recordar qual palavra estava associada a cada desenho. E o intuito era comparar depois o desempenho nessa tarefa entre as mentes mais jovens e as mais experientes.
Os resultados foram incríveis. Os voluntários mais velhos foram claramente incapazes de ignorar as palavras de distração mesmo quando sendo instruídos para isso. Eles guardaram as palavras irrelevantes ligando-as com suas imagens correspondentes. O que isso sugere é que a turma acima dos 60 possui uma regulação mental mais fraca e uma “visão do todo” mais ampla, armazenando informações importantes e sem importância indiscriminadamente.

Elas guardam esse novo conhecimento para uso posterior e o fazem sem sequer ter consciência disso. Mas essa distração não seria um obstáculo terrível? Não iria apenas confundir ainda mais a mente com muita informação “desnecessária”? Não foi isso que os cientistas concluíram.
Na verdade, pode ser uma vantagem e tanto. O envelhecimento geralmente traz consigo alguns declínios cognitivos leves — de fato, os idosos foram mais lentos e menos precisos em algumas partes dessas experiências de memória. Mas a consciência de como os eventos se conectam no cotidiano — mesmo acontecimentos aparentemente bobinhos — pode desempenhar um papel crítico em certos tipos de raciocínio e julgamento, favorecendo diversas resoluções no dia a dia.

Mito 3: você vai parar de fazer sexo
Pode até ser que a frequência de relações sexuais diminua com a idade, mas parar de fazer sexo pode ser muito mais uma questão de escolha (ou de uma barreira psicológica) do que de biologia.
A maior parte das pesquisas nesse campo busca saber como as mudanças físicas típicas do envelhecimento afetam a experiência do sexo.
Como era de se esperar, os resultados desses trabalhos são parecidos: conforme envelhecemos, a probabilidade de desenvolver condições de saúde crônicas aumenta e isso, por sua vez, afeta negativamente a frequência e a qualidade da atividade sexual.
Mas e as mudanças psicológicas que acompanham o avançar dos anos? Independentemente do estado de saúde, a “sensação” ou “peso” da idade também tem implicações em nossa vida sexual? Um estudo recente, publicado no Journal of Sex Research, sugere que sim.
Nele, os pesquisadores analisaram dados de um questionário respondido por 1 170 adultos com 40 anos ou mais. Os voluntários completaram duas pesquisas com cerca de dez anos de intervalo entre elas. Responderam, nas duas vezes, perguntas sobre a vida sexual, a frequência das relações, quão gratificantes elas eram e quanto tinham de desejo sexual.
Por fim, os participantes foram convidados a relatar sua idade subjetiva, ou seja, com quantos anos se sentiam a maior parte do tempo. Sem muita surpresa, o estudo concluiu que a frequência, a qualidade e o interesse por sexo diminuíram ao longo do período de dez anos — e que as pessoas em um melhor estado de saúde apresentavam vidas sexuais mais ativas e satisfatórias.
Mas o que essa investigação descobriu de novo? Notou-se que os indivíduos que se diziam sentir-se mais velhos mostravam menos interesse por sexo ao longo do tempo avaliado, além de menores níveis de satisfação sexual. A importância dessa pesquisa está em apontar para a necessidade de olharmos além da biologia quando o assunto é sexo. Estereótipos negativos e outros fatores psicológicos podem influenciar muito esse lado bom da vida.
As pessoas que se sentem mais jovens, a despeito da idade no RG, tendem a manter a satisfação sexual à medida que envelhecem ou pelo menos experimentam uma mudança nesse quesito muito menos perceptível. Mais uma prova de que o cérebro é o principal órgão sexual. Não importa quantos anos você tem, da adolescência à maturidade a maneira como você se vê e se sente molda muito sua experiência sexual.

Dúvidas, angústias e buscas da ciência
É curioso, mas ainda conhecemos muito pouco sobre o processo de envelhecimento. A partir do momento que as pessoas vivem mais do que nunca, a ciência vai obtendo novos dados sobre o que é ser realmente velho — e as consequências disso na saúde física e mental. Estamos à caça de respostas. Como os hábitos alimentares de alguém com 40 anos afetará sua vida aos 80? Se retardarmos o desenvolvimento do Alzheimer numa “criança” de 70, o que ela lucrará chegando aos 95?
Em um post futuro voltaremos a falar desse tema tão fascinante para indagar por que envelhecemos, por que existem animais que aparentemente não envelhecem, se chegaremos um dia aos 300 anos…


Fonte: https://saude.abril.com.br/blog/cientistas-explicam/menos-sexo-memoria-e-vigor-tres-mitos-do-envelhecimento/ - Por Luiz Gustavo de Almeida -      Foto: Jay Freis/SAÚDE é Vital