A ciência é uma eterna busca por respostas para
fatos e fenômenos que não conseguimos entender direito. No campo da
astrofísica, parece que essas perguntas se multiplicam, bem, na velocidade da
luz. Para cada nova descoberta de um planeta, estrela ou galáxia, várias outras
questões surgem. No fim das contas, ainda sabemos muito pouco sobre esse vasto
universo que habitamos. Por isso, selecionamos sete fascinantes mistérios sobre
o espaço que os cientistas ainda não conseguiram explicar.
7. O exoplaneta que não deveria existir
O Kepler-78b é um exoplaneta, ou seja, um planeta
que orbita em torno de uma estrela que não é o Sol, que tem mais ou menos o
tamanho da Terra, e tem uma superfície rochosa e um núcleo de ferro. Porém, o
Kepler-78b orbita sua estrela a cada 8,5 horas. Isso mesmo, o ano nesse planeta
não dá nem minhas horas necessárias de sono. Isso também quer dizer que o
exoplaneta circula muito perto de sua estrela, numa distância de cerca de um
milhão de quilômetros – o que em termos espaciais quer dizer quase nada: a
distância da Terra ao Sol, por exemplo, é de cerca de 150 milhões de
quilômetros. Por causa disso, o Kepler-78b tem uma superfície 2000 graus mais
quente do que a Terra.
Cientistas do Centro de Astrofísica da
Harvard-Smithsonian dizem que a existência desse planeta é um completo mistério,
uma vez que eles não entendem como ele se formou, como ele consegue estar onde
está (tão perto de uma estrela sem ser engolido por ela) e ainda, quanto tempo
ele irá durar – sim, eles têm certeza de que o Kepler-78b não durará para
sempre. Mas no final das contas, nada dura, não é mesmo?
6. Buracos negros medianos?
Buracos negros se formam a partir da explosão de
estrelas e são uma região no espaço com massa tão densa que nada é capaz de
escapar do seu campo gravitacional, nem mesmo a luz. O tamanho desses buracos
pode variar entre os pequenos – com cerca de 100 massas solares - e os
grandes – com 1 milhão de massas solares. Mas não há nenhuma informação sobre
buracos negros de tamanhos intermediários. Para completar, também existem, nos
núcleos de galáxias, buracos negros supermassivos que atingem dezenas de
milhões a bilhões de massas solares. O problema todo é que os astrônomos
ainda não conseguiram entender como eles cresceram tanto. Soma-se a isso a
escassez de informações sobre os buracos de massa intermediária. Teriam os
buracos negros um mecanismo de crescimento completamente desconhecido? Ou as
ferramentas de observação atuais não conseguem captar as emissões dos objetos
médios?
5. A estrela com a fonte da juventude
Na constelação de Escorpião existe um aglomerado de
estrelas chamado Messier 4. Essas estrelas são muito antigas, com mais de 12,2
bilhões de anos, e estão localizadas cerca de 7.200 anos-luz da Terra. O grande
mistério do Messier 4 é que nesse aglomerado foi encontrada uma estrela
composta de lítio. Veja bem, o lítio é um elemento que é gradualmente destruído
nos primeiros bilhões de anos do ciclo de vida de uma estrela. Acontece que
essa estrela, em meio a milhares de outras, conseguiu manter o seu lítio
original ou encontrou uma forma de repor o elemento. Seja qual for a
explicação, ela conseguiu se manter eternamente jovem.
4. A estrela que contraria a teoria de formação
estelar
A estrela provavelmente mais velha já encontrada foi
descoberta em 2011 e tem o seguinte nome: SDSS J102915 +172927. Ela está
localizada na constelação de Leão e tem 13 bilhões de anos. Sabe quem também
tem mais ou menos essa idade? O sr. Universo. Se você não estiver impressionado
ainda, aqui vai outra informação incrível sobre a SDSS J102915 +172927: ela não
deveria existir. Pelo menos segundo a nossa teoria de formação estelar. O
problema é que ela é majoritariamente composta de Hélio e Hidrogênio e tem massa
e quantidade de metais extremamente baixas. Isso quer dizer que, teoricamente,
ela seria formada por dois elementos muito leves, que não se condensariam para
formarem uma estrela. Mas ela está lá, pequena e com baixa luminosidade,
quebrando a cabeça dos astrofísicos.
3. As estrelas híbridas que engolem outras estrelas
Em 1975, os cientistas Kip Thorne e Anna Zytkow
desenvolveram uma teoria sobre um tipo diferente de estrela. Chamada de Objeto
Thorne-Zytkow (TZOs), essa estrela seria uma híbrida entre uma gigante
vermelha – uma estrela com raio dezenas ou centenas de vezes maiores do que o
do Sol, numa fase avançada de evolução estelar – e uma estrela de nêutrons, que
se formam após uma explosão de supernova. Agora, 40 anos depois, a teoria saiu
do papel, com os cientistas detectando pela primeira vez alguns objetos
candidatos à classificação Thorne-Zytkow. Os pesquisadores não sabem ao certo
como funciona o mecanismo de criação dessas estrelas, mas basicamente o que se
suspeita é que a gigante vermelha engole a estrela de nêutron, que vai para o
núcleo da primeira, criando um modelo completamente novo de funcionamento do
núcleo de estrelas. Esse também poderia ser um novo mecanismo descoberto de
produzir elementos pesados no nosso universo. A descoberta é tão recente que os
cientistas ainda não podem confirmar se de fato trata-se de um TZO ou algo
completamente diferente.
2. A Estrela Polar
A Estrela Polar, chamada Polaris, é a estrela que
serve como referência para orientação do pessoal do Hemisfério Norte, tal como
o Cruzeiro do Sul é referência para a gente. Apesar de sua popularidade aqui na
Terra, ela está envolta em mistérios para os cientistas. Num artigo recente,
publicado no Boletim da Sociedade Americana de Astronomia, os pesquisadores declararam
que a estrela está ficando mais brilhante no último século. Hoje em dia, ela
emitiria 4,6 mais brilho do que antigamente, e as causas para o fenômeno são
desconhecidas. Outro mistério envolvendo a Polaris é a sua distância da Terra,
que vem sendo discutida sem consenso desde os anos 90. Além disso, em breve, a
Polaris não será mais a estrela que guia os navegadores no norte, já que um
movimento da Terra conhecido como a precessão dos equinócios fará com que outra
estrela, a Gamma Cephei, fique no lugar que a Polaris atualmente ocupa no nosso
céu. Isso deve ocorrer lá pelo ano 3000.
1. A Energia Escura
Se os astrofísicos tivessem que eleger o mistério
número um do universo, provavelmente esse seria a Energia Escura. Segundo
cálculos matemáticos, 74% do universo é constituído dessa coisa que ninguém
sabe ao certo o que é. O fato é que, pela lei da gravidade, objetos grandes, do
tamanho de galáxias, deveriam se atrair – porém, para a surpresa geral dos
estudiosos que perceberam isso pela primeira vez, os aglomerados de galáxias
estão é se afastando e num ritmo bem rápido. É que o universo está expandindo.
Todas essas informações que não tem explicação levaram à criação da teoria da
Energia Escura, que teria o efeito oposto da gravidade, ou seja, o de empurrar
as coisas. Mas não há provas, nem exemplos desse tipo de energia, criando-se
assim um dos maiores mistérios do espaço.