O perigo é maior do que quando há obesidade, veja se
o seu abdômen está no limite saudável
O peso normal, com IMC na medida, indica que está
tudo bem. Mas a barriga saliente, que incomoda mesmo na hora da praia ou de
fechar a calça jeans, dá o alerta: hora de procurar uma atividade física e
controlar a alimentação. Se esse é o seu caso, faça isso o quanto antes e evite
as complicações mapeadas pelos pesquisadores da famosa Clínica Mayo, nos
Estados Unidos.
Eles comprovaram, a partir de um estudo rigoroso e
muito abrangente, que pessoas com peso considerado normal, mas com acúmulo de
gordura na barriga, têm mais riscos de morrer por doenças cardiovasculares do
que pessoas com obesidade.
O estudo foi apresentado durante o Congresso da Sociedade Europeia de
Cardiologia.
Participaram da pesquisa 12.785 pessoas com 18 anos
ou mais, que forneceram seus dados para o Terceiro Levantamento Nacional de
Exame de Saúde e Nutrição, amostra representativa da população dos Estados
Unidos. Foram registradas medidas corporais como peso, altura, circunferência
da cintura e do quadril, assim como condição socioeconômica e doenças
relacionadas. A idade média dos participantes era de 44 anos e 47,4% eram homens.
O tempo médio de acompanhamento foi de 14,3 anos.
Os voluntários foram divididos em três categorias
de IMC:
normal (18,5-24,9), sobrepeso (25-29,9) e com obesidade (acima de 30); e em
duas categorias de circunferência de cintura-quadril: normal (abaixo de 0,85
para mulheres e de 0,9 para homens) e alta (acima ou igual a 0,85 para
mulheres, e acima de 0,9 para homens). As análises foram ajustadas por idade e
sexo e variantes como cigarro,hipertensão, diabetes e
IMC. Pessoas com doença pulmonar obstrutiva crônica ou câncer foram excluídas.
Durante o período estudado, foram registradas 2.562 mortes, das quais 1.138
estavam relacionadas com condições cardiovasculares.
Analisando os resultados, os cientistas descobriram
que indivíduos com IMC normal, mas com obesidade central (definida por um
índice de circunferência quadril-cintura elevado) tinham os riscos mais
elevados de morrer de todas as causas. O risco de morte cardiovascular era 2,75
vezes mais alto e o de morte por todas as causas era 2,08 vezes maior em
pessoas com IMC normal, mas com obesidade central, se comparadas com aquelas de
IMC e circunferência quadril-cintura normais.
Os autores afirmam que esse é o primeiro estudo que
relaciona estimativas de morte com obesidade central, mesmo na ausência de
obesidade por IMC. De acordo com eles, o alto risco de morte pode estar
relacionado com um maior acúmulo de gordura
visceral, que está associado com resistência à insulina e
outros fatores de risco.
Entenda os riscos de ter uma barriga saliente
Pegue a fita métrica e vamos às medições: se você é
homem, o ideal é que tenha a circunferência abdominal inferior a 94 cm. De 94
cm a 102 cm, você está na "zona de alerta" e, acima disso, precisa de
atenção. Segundo o nutrólogo Roberto Navarro, as mulheres ocidentais devem ter
essa circunferência abaixo de 88 cm, enquanto as orientais não podem passar de
80 cm. Confira se você sabe como lidar com esse acúmulo:
Abdominal seca a barriga?
Não. O exercício abdominal serve para fortalecer a
musculatura do abdômen, mas não fará a barriga sumir. Segundo a personal
trainer Cloe Celentano, esses músculos ficam abaixo da gordura e só aparecerão
quando ela sumir. Para que haja queima de gordura, o metabolismo pede oxigênio
abundante, o que acontece em exercícios aeróbicos, como a caminhada.
É possível eliminar a barriga com lipoaspiração e
abdominoplastia?
Segundo Ivani Manzzo, especialista em Fisiologia do
Exercício, a lipoaspiração e abdominoplastia podem sim cuidar da gordura
subcutânea (de baixo da pele), ajudando na parte estética, mas não chegam perto
da gordura visceral - que está próxima das vísceras, como o coração, e é a
grande vilã do risco cardíaco.
Qual a maneira ideal de queimar a barriga?
Não há discussão: o trio dieta balanceada,
exercícios aeróbios e séries localizadas, como a musculação, é a forma mais
eficaz de combater a gordura visceral. "Dieta é o princípio de tudo. Você
deve consumir menos do que gasta e ter balanço energético negativo pra perder
gordura", explica a personal trainer Cloe Celentano.
O que não pode faltar na dieta de quem quer diminuir
a gordura visceral?
"Algumas substâncias diminuem a produção de
citocinas pró-inflamatórias e, assim, diminuem a tendência de acumular gordura
na barriga", explica o nutrólogo Roberto Navarro. São elas: gorduras poliinsaturadas
- ômega 3 e 6, encontrados em peixes como salmão, atum e sardinha e oleaginosas
-, gorduras monoinsaturadas - ômega 9, presente em azeite extra virgem e
oleaginosas - e antioxidantes - selênio, vitamina E, vitamina C e betacaroteno
de oleaginosas, óleos vegetais, frutas e verduras coloridas.
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