Pelo contrário: eles foram associados a um maior
risco de morte por câncer
Muita gente usa os tão famosos suplementos de
vitaminas e minerais para suprir a falta de uma alimentação balanceada.
Contudo, um novo estudo publicado no Annals of Intern Medicine, no início de
maio deste ano, afirma que essa não é a melhor estratégia: as cápsulas não são
tão eficazes quanto os nutrientes vindos do prato. Isso porque além de não
aumentarem a longevidade de quem as ingere, elas não são absorvidas da mesma
forma pelo organismo em comparação com o método natural.
Na pesquisa, foram avaliados dados de 30 mil
voluntários que participaram do Levantamento Nacional de Saúde e Nutrição entre
1999 e 2010, nos Estados Unidos. As informações coletadas relacionavam o uso de
suplementos com os hábitos alimentares dos indivíduos.
Os resultados mostraram que a ingestão suficiente de
vitaminas A e K, além de magnésio, zinco e cobre, esteve relacionada com
menores riscos de morte, mas somente quando absorvidos pelo corpo por meio de
uma dieta equilibrada. Além disso, pacientes que suplementaram exageradamente
cálcio estavam mais propensos ao risco de morte por câncer em 53%. Não
aconteceu a mesma coisa quando o excesso de cálcio veio do cardápio dessas
pessoas.
Outra questão interessante foi que quem usou
vitamina D sem necessidade também tinha maior risco de morte durante o
experimento.
Suplementos na medida certa são importantes
Contudo, nem pensar em abandonar a suplementação prescrita
pelo médico por conta própria, viu? Quando há a deficiência de algum nutriente
mesmo com adoção de um estilo de vida saudável, é preciso lançar mão das
cápsulas sim. “Esses produtos servem para complementar aquilo que, por algum
motivo, não está sendo alcançado com a alimentação. Isso pode acontecer por uma
uma absorção deficiente do organismo ou uma demanda aumentada, como no caso
atletas que não conseguem repor tudo que precisam por meio da comida”, explica
o médico endocrinologista Francisco Tostes, membro da SBEM e sócio-diretor da
clínica Nutrindo Ideias, do Rio de Janeiro e São Paulo.
Segundo o médico, pacientes com gastrite, idosos e
quem passou pela cirurgia bariátrica podem desenvolver algumas mudanças no
ácido digestivo que dificultam a absorção de substâncias benéficas ao corpo, e
geralmente precisam de uma forcinha extra. “Além disso, mulheres com fluxo
menstrual mais intenso podem ter perdas maiores de ferro, enquanto veganos e
vegetarianos uma deficiência de vitamina B12. Já portadores de doenças renais e
hepáticas podem apresentar problemas com a vitamina K, e alcoolistas com o
ácido fólico”, complementa Francisco.
Mas, então, por que os alimentos continuam sendo as
melhores fontes?
“O processo de mastigação estimula a liberação de
outras enzimas necessárias para a digestão e absorção eficientes. Alguns
alimentos também são ricos em fibras e quase nunca contém somente um
nutriente”, afirma a nutróloga Nívea Bordin Chacur, da Clínica Leger, em São
Paulo. Em uma cenoura, por exemplo, encontramos 300 carotenoides diferentes, o
que é impossível obter em uma única cápsula.
E se abandonar os suplementos sem o aval médico não
é recomendado, começar a tomá-los sem necessidade traz conseq. uências ainda
piores. “Acaba alterando o funcionamento das vias metabólicas. O paciente pode
apresentar taquicardia, cálculos renais, aumento de peso e queda de cabelo”,
explica Nívea Chacur.
Sem contar que quando há excesso de um, pode haver
falta de outro, “Um exemplo é o do cobre e zinco, que são absorvidos pelo mesmo
local do intestino. Quando há zinco demais, o cobre não consegue ser
absorvido”, diz Francisco Tostes.
Fonte: https://boaforma.abril.com.br/nutricao/suplementos-nao-substituem-boa-alimentacao-aponta-estudo/
- Por Amanda Panteri - marilyna/Thinkstock/Getty Images
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