Um médico conta ao que prestar atenção para evitar
ou tratar direito as doenças cardiovasculares nos mais velhos
Diante da tendência global de crescimento do
contingente de idosos, é fundamental a atenção à saúde desses cidadãos. Segundo
projeções do IBGE, 30% dos brasileiros terão mais de 60 anos em 2050. Hoje, 12%
dos habitantes da cidade de São Paulo já pertencem à chamada terceira idade. É
uma amostragem relevante, considerando tratar-se da maior metrópole de nosso
país e uma das mais populosas do mundo.
O envelhecimento é um desafio para o sistema
médico-hospitalar, pois o aumento da expectativa de vida resulta em maior
número de usuários dos serviços. Por isso, uma das prioridades deveria ser
garantir bom atendimento aos idosos no setor público – até porque 75% deles
utilizam exclusivamente o SUS, conforme dados do Ministério da Saúde.
Nesse universo, as doenças cardiovasculares merecem
especial atenção. Elas são as mais letais e se incluem entre as que mais
limitam a qualidade da vida e/ou deixam sequelas nos pacientes. Não à toa,
aquelas típicas recomendações de saúde, válidas para indivíduos de todas as
faixas etárias, são ainda mais importantes na terceira idade.
Refiro-me a manter alimentação equilibrada, não
fumar, só beber álcool com muita moderação e fazer exercícios (sempre com
orientação médica e respeitando os limites físicos de cada um). Além disso, é
importantíssimo controlar a pressão arterial, o peso e, periodicamente, os
níveis sanguíneos de colesterol, triglicérides e açúcar.
Embora o aspecto relativo ao coração seja decisivo,
é cada vez mais relevante uma abordagem multidisciplinar da saúde dos idosos. E
isso vale para a prevenção e mesmo para o tratamento dos cardiopatas. O
atendimento a eles muitas vezes envolve cardiologistas, nutricionistas,
psicólogos, enfermeiros, fisioterapeutas e até médicos de outras
especialidades, principalmente quando o paciente apresenta mais de uma
enfermidade.
O ideal é proporcionar uma atenção ampla, que aborde
saúde mental, uso de medicamentos, alimentação, atividade física, reabilitação
cardiovascular, aspectos preventivos e saúde bucal. Os cuidados paliativos
também precisam ser considerados entre pacientes terminais.
Se o sistema médico-hospitalar, público ou privado,
pode e deve fazer muito pela saúde da terceira idade, também cabe ressaltar a
responsabilidade dos familiares. Isso, aliás, está previsto no Estatuto do
Idoso (Lei 10.741/2003), cujo artigo terceiro estabelece o seguinte: “É
obrigação da família, da comunidade, da sociedade e do poder público assegurar
ao idoso, com absoluta prioridade, a efetivação do direito à vida, à saúde, à
alimentação, à educação, à cultura, ao esporte, ao lazer, ao trabalho, à
cidadania, à liberdade, à dignidade, ao respeito e à convivência familiar e
comunitária”.
Acima de qualquer marco legal, a atenção e o carinho
com pais, avós e parentes mais velhos constituem um ato de puro amor. É um
compromisso com os mais nobres ideais humanitários, que abrange desde cuidados
simples (como mantê-los hidratados, principalmente no verão) até o
acompanhamento de sua rotina médica e de exames periódicos, passando por sua
integração familiar e social.
Tudo o que estiver ao nosso alcance deve ser feito
para que os idosos tenham a melhor qualidade de vida possível. Trata-se de uma
atitude responsável e solidária perante a vida, que, acreditem, faz muito bem
ao coração de todos nós!
Fonte: https://saude.abril.com.br/blog/guenta-coracao/cuidar-do-coracao-dos-mais-velhos-e-um-ato-de-amor-e-responsabilidade/
- Por João Fernando Monteiro Ferreira, cardiologista - Ilustração: Daniel
Almeida/SAÚDE é Vital
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